âdisposições para crer, disposições para agirâ: jovens de ... - Uece
âdisposições para crer, disposições para agirâ: jovens de ... - Uece
âdisposições para crer, disposições para agirâ: jovens de ... - Uece
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
127<br />
<strong>de</strong> transporte. Na Região III, área on<strong>de</strong> está inserida a escola municipal pesquisada, há<br />
duas escolas EEEP nos bairros Parquelândia e Dom Lustosa. Nenhum dos entrevistados <strong>de</strong><br />
EJA fez referência a essas escolas, o que po<strong>de</strong> ser explicado pelo fato <strong>de</strong>ssas unida<strong>de</strong>s não<br />
se localizarem próximas ao bairro <strong>de</strong> residência <strong>de</strong>sses <strong>jovens</strong>.<br />
Se consi<strong>de</strong>rarmos o número total <strong>de</strong> 119 bairros em Fortaleza, po<strong>de</strong>mos<br />
perceber que ainda é reduzida a oferta <strong>de</strong> matrícula <strong>para</strong> a Educação Profissional na Re<strong>de</strong><br />
Pública, limitando as oportunida<strong>de</strong>s daqueles que têm interesse e condição <strong>de</strong> se <strong>de</strong>dicar<br />
integralmente a esse tipo <strong>de</strong> escola. O processo seletivo constitui um dos indicativos <strong>de</strong>ssa<br />
limitação. O fato <strong>de</strong> não serem criadas oportunida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> todos, resulta na exclusão <strong>de</strong><br />
muitos que <strong>de</strong>sejam profissionalizar-se ainda no Ensino Médio. Mais do que “burocracia”<br />
<strong>para</strong> entrar nessas escolas, o problema está na inexistência <strong>de</strong> oferta <strong>de</strong> vagas que<br />
responda à real <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> matrícula colocada pelos estudantes a essas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
ensino.<br />
6.3 Adolescente e Jovem Aprendiz – “Vida Profissional começando direito”: Para<br />
quem?<br />
O incentivo ao trabalho entre os mais <strong>jovens</strong> é uma marca da cultura brasileira,<br />
herança histórica <strong>de</strong> uma Nação que se construiu com bases no trabalho escravo. Tolerado<br />
durante décadas pela própria legislação brasileira, o trabalho entre crianças e adolescentes<br />
ainda se reproduz como prática cotidiana comum entre os mais pobres, como observamos<br />
nos <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> vários dos nossos entrevistados. Prática que <strong>para</strong> muitos brasileiros<br />
ainda é consi<strong>de</strong>rada uma boa alternativa <strong>para</strong> que crianças e adolescentes pobres possam<br />
aproveitar bem o tempo livre e não se envolver em situações consi<strong>de</strong>radas <strong>de</strong>lituosas. Para<br />
o MTE (2012),<br />
Até a década <strong>de</strong> 1980, havia praticamente um consenso na socieda<strong>de</strong><br />
brasileira em torno do entendimento do trabalho como um fator positivo <strong>para</strong><br />
crianças que, dada sua situação econômica e social, viviam em condições<br />
<strong>de</strong> pobreza, <strong>de</strong> exclusão e <strong>de</strong> risco social. Tanto a elite como as classes<br />
mais pobres compartilhavam plenamente essa forma <strong>de</strong> justificar o trabalho<br />
infantil. (MTE, 2012, p.10)<br />
Consi<strong>de</strong>ramos que esse modo <strong>de</strong> pensar subjaz nos fundamentos <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>terminadas políticas públicas direcionadas aos adolescentes e <strong>jovens</strong> pobres os quais são<br />
chamados a formações complementares que geralmente se encontram articuladas ao<br />
mercado <strong>de</strong> trabalho. Os projetos sociais comunitários, bem como os programas<br />
governamentais citados por nossos entrevistados do Ensino Médio constituem exemplos<br />
<strong>de</strong>ssa tendência <strong>de</strong> ações que se fundam numa lógica que associa o processo <strong>de</strong> formação<br />
dos <strong>jovens</strong> a certa “utilida<strong>de</strong> econômica”.