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“disposições para crer, disposições para agir”: jovens de ... - Uece

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27<br />

O pensamento <strong>de</strong> Weber (2004) acerca do conceito <strong>de</strong> ação, tomada como um<br />

tipo <strong>de</strong> comportamento humano em que os agentes o relacionam com um sentido subjetivo,<br />

ajudará na busca <strong>de</strong> interpretação dos sentidos atribuídos pelos sujeitos investigados neste<br />

estudo, no que se refere à formação escolar e ao futuro. Mas, é preciso <strong>de</strong>stacar que, <strong>para</strong> o<br />

autor, os sujeitos, no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> suas ações “reais”, agem mesmo sem ter<br />

consciência do sentido visado que possa estar presente nessas ações.<br />

Toda interpretação preten<strong>de</strong> alcançar evidência. Mas nenhuma<br />

interpretação por mais evi<strong>de</strong>nte que seja quanto ao sentido, po<strong>de</strong> preten<strong>de</strong>r,<br />

como tal e em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse caráter <strong>de</strong> evidência, ser também a<br />

interpretação causal válida. Em si, nada mais é do que uma hipótese causal<br />

<strong>de</strong> evidência particular. a) Em muitos casos, supostos “motivos” e<br />

“repressões” [...] ocultam ao próprio agente o nexo real da orientação <strong>de</strong><br />

sua ação, <strong>de</strong> modo que também seus próprios testemunhos subjetivamente<br />

sinceros, têm valor apenas relativo. (WEBER, 2004, p.7).<br />

A interpretação elaborada por meio <strong>de</strong>ste processo investigativo, junto aos<br />

<strong>jovens</strong> das escolas pesquisadas, apresenta-se como uma possibilida<strong>de</strong> interpretativa dos<br />

casos estudados, uma construção <strong>de</strong> significados produzidos pela professora que, agora,<br />

observa o campo a partir <strong>de</strong> um outro lugar. Desse modo, como interpretação, não<br />

expressa, necessariamente, um sentido objetivamente válido ou correto presente nas ações<br />

<strong>de</strong>sses sujeitos. Apesar do “caráter hipotético” ou relativo dos resultados obtidos através<br />

<strong>de</strong>ssa interpretação, buscamos i<strong>de</strong>ntificar conexões <strong>de</strong> sentido nas ações ou posições<br />

expressas por esses diferentes <strong>jovens</strong> frente ao problema investigado.<br />

De acordo com Spink (2010), “[...] o sentido é uma construção social, um<br />

empreendimento coletivo [...] interativo, por meio do qual as pessoas na dinâmica das<br />

relações sociais, [...] constroem os termos a partir dos quais compreen<strong>de</strong>m e lidam com as<br />

situações e fenômenos a sua volta”. (p. 34). Se as pessoas ocupam diferentes posições no<br />

interior da socieda<strong>de</strong>, o repertório linguístico 24<br />

acessado nessas interações po<strong>de</strong>rá<br />

apresentar especificida<strong>de</strong>s próprias <strong>de</strong> seus contextos <strong>de</strong> vivência. Em suas práticas<br />

discursivas, através da linguagem utilizada em seu cotidiano, os <strong>jovens</strong> ao estabelecerem<br />

relações na família, na comunida<strong>de</strong>, na escola ou em outros espaços <strong>de</strong> socialização<br />

produzem sentidos e se posicionam em relação a essas experiências vividas. Spink<br />

conceitua esse momento como o tempo vivido. Segundo a autora,<br />

Usamos o tempo vivido basicamente <strong>para</strong> falar do tempo <strong>de</strong> socialização.<br />

Apren<strong>de</strong>mos a usar repertórios a partir das nossas posições <strong>de</strong> pessoas: a<br />

família em que fomos criados; a escola que frequentamos. Esses diferentes<br />

contextos <strong>de</strong> socialização <strong>de</strong>finem as oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> contatos com<br />

repertórios, Gêneros <strong>de</strong> Fala e linguagens sociais. (SPINK, 2010, p. 33).<br />

24 O repertório linguístico é constituído pelos termos, conceitos, os lugares comuns e figuras <strong>de</strong> linguagens que<br />

fazem parte do rol <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s que po<strong>de</strong>m ser acessadas no processo <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> sentidos.(SPINK,<br />

2010).

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