14.10.2014 Views

“disposições para crer, disposições para agir”: jovens de ... - Uece

“disposições para crer, disposições para agir”: jovens de ... - Uece

“disposições para crer, disposições para agir”: jovens de ... - Uece

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

40<br />

fato <strong>de</strong> pertencer a um bairro, quando corroborado pela pertença a um meio social<br />

específico, vem a ser uma marca que reforça o processo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> um grupo<br />

<strong>de</strong>terminado.” (CERTEAU, 2011, p.84).<br />

No caso específico dos <strong>jovens</strong> que constituem interesse nesta pesquisa, sua<br />

origem está associada a uma condição <strong>de</strong> existência em que predominam baixos volumes<br />

<strong>de</strong> capital econômico, cultural e social e essa condição, em certa medida, ten<strong>de</strong> a aproximálos<br />

através <strong>de</strong> seus modos <strong>de</strong> vida, comportamentos, práticas, gostos e interesses. O capital<br />

econômico está aqui associado à disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos financeiros e posse <strong>de</strong> bens<br />

materiais. O Capital Cultural, conceito utilizado por Bourdieu e, como já mencionado na<br />

Introdução <strong>de</strong>ste estudo, pensado em analogia ao capital econômico, está relacionado ao<br />

domínio, por parte <strong>de</strong>sses agentes e <strong>de</strong> seus familiares, dos códigos da cultura que se faz<br />

dominante <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado contexto (Capital Cultural Incorporado), bem como à<br />

posse <strong>de</strong> bens culturais materiais (Capital Cultural Objetivado) e diplomas (Capital Cultural<br />

Institucionalizado).<br />

Em nosso estudo buscamos compreen<strong>de</strong>r, particularmente, a posição <strong>de</strong> nossos<br />

investigados e <strong>de</strong> seus familiares nessas relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que envolvem o saber<br />

escolarizado, consi<strong>de</strong>rado saber legítimo e que funciona como uma cre<strong>de</strong>ncial <strong>para</strong> o<br />

acesso a certas posições no mundo social e no mundo do trabalho. Como afirma Almeida<br />

(2011, p.47),<br />

O conceito <strong>de</strong> capital cultural é uma ferramenta <strong>para</strong> se apreen<strong>de</strong>r a<br />

dimensão simbólica da luta entre os diferentes grupos sociais, <strong>para</strong><br />

<strong>de</strong>screvê-la, <strong>para</strong> <strong>de</strong>finir diferenciais <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r. [...] permite que seja<br />

contabilizado um outro tipo <strong>de</strong> patrimônio, simbólico, que, a partir daí, po<strong>de</strong><br />

ser pensado como recurso passível <strong>de</strong> ser investido na obtenção <strong>de</strong> outros<br />

recursos.<br />

Foi nessa perspectiva que buscamos investigar a relação <strong>de</strong> nossos sujeitos<br />

pesquisados e <strong>de</strong> seus familiares e amigos com esse patrimônio simbólico representado<br />

pela cultura escolar e outros saberes capazes <strong>de</strong> funcionar como um recurso gerador <strong>de</strong><br />

novos recursos aos seus <strong>de</strong>tentores.<br />

O Capital Social é compreendido por Bourdieu como a extensão da re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

relações sociais estabelecidas pelos agentes que estão próximos, <strong>de</strong>vido à posse <strong>de</strong><br />

proprieda<strong>de</strong>s comuns e que po<strong>de</strong> ser mobilizada no sentido <strong>de</strong> proporcionar ganhos aos<br />

seus integrantes. O volume <strong>de</strong> Capital Social <strong>de</strong> um agente manteria relação com o volume<br />

<strong>de</strong> Capital Econômico e Cultural. Assim, procuramos também consi<strong>de</strong>rar em nossas<br />

análises a extensão e composição <strong>de</strong>ssa re<strong>de</strong> <strong>de</strong> relacionamentos mantidas por esses<br />

<strong>jovens</strong> e a influência <strong>de</strong>ssa re<strong>de</strong> sobre a trajetória escolar <strong>de</strong>sses sujeitos.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!