âdisposições para crer, disposições para agirâ: jovens de ... - Uece
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O trabalho, ele não atrapalha, ele ajuda, ele é benéfico. (Garota do 2º Ano, Manhã,<br />
Grupo Focal).<br />
É bem melhor começar a trabalhar antes <strong>de</strong> terminar os estudos do que esperar<br />
terminar os estudos todinho porque ... já começa com uma noção do que é o<br />
trabalho, assim, é melhor. (2º Ano, Manhã, Grupo Focal).<br />
Para esses pesquisados, maioria não trabalhadora, os <strong>jovens</strong> parecem <strong>de</strong>sejar<br />
ter uma renda que lhes permita o acesso aos bens ou espaços sociais que a condição<br />
econômica da família não favorece. Para Corti et al (2011), o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> consumo po<strong>de</strong><br />
constituir um imperativo <strong>para</strong> a inserção no mundo do trabalho.<br />
É necessário pensar que a garantia do direito à educação <strong>para</strong> esses <strong>jovens</strong><br />
exige o acesso a uma renda mínima que lhes permita permanecerem<br />
inseridos em processos educativos. Só assim po<strong>de</strong>r-se-á fazer frente às<br />
seduções do trabalho ou das aparentes facilida<strong>de</strong>s ofertadas pela<br />
criminalida<strong>de</strong>. Manter esses <strong>jovens</strong> na escola exige dos gestores públicos<br />
outros compromissos que associem à escolarida<strong>de</strong> outras políticas sociais<br />
<strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> uma maior equida<strong>de</strong> <strong>para</strong> todos e todas. (CORTI et al,<br />
2011, p.56).<br />
Na visão <strong>de</strong>sses autores, a permanência dos <strong>jovens</strong> nos processos educativos<br />
exige uma ação articulada entre as políticas <strong>de</strong> educação e <strong>de</strong>mais políticas sociais que<br />
possam promover a equida<strong>de</strong> entre os <strong>jovens</strong>, evitando que muitos <strong>de</strong>les acabem seduzidos<br />
pelo dinheiro proporcionado pelo trabalho como foi também apontado em uma das<br />
narrativas: “É por causa que a pessoa começa a trabalhar e se encanta com pouco dinheiro.<br />
Aí pensa que aquele dinheiro vai ser a maior coisa da vida”.<br />
Mas, o trabalho é também consi<strong>de</strong>rado pelos pesquisados como espaço <strong>de</strong><br />
formação, <strong>de</strong> experiência e <strong>de</strong> aprendizagem <strong>para</strong> a responsabilida<strong>de</strong> como foi expresso<br />
pelas suas falas. Segundo Leite (2003), em nossas socieda<strong>de</strong>s há uma visão positiva da<br />
imagem do trabalhador que estaria associada à condição <strong>de</strong> ser um cidadão em oposição<br />
ao não trabalhador que em <strong>de</strong>terminadas situações é consi<strong>de</strong>rado “marginal”. Para esse<br />
autor,<br />
Essa visão do trabalho é fundamental <strong>para</strong> enten<strong>de</strong>r seu significado <strong>para</strong> os<br />
<strong>jovens</strong> em qualquer situação econômica; mas em especial <strong>para</strong> os setores<br />
populares, que constituem a maioria da população. O trabalho po<strong>de</strong> ser<br />
nesse contexto, espaço vital <strong>de</strong> aprendizado, <strong>de</strong> socialização, <strong>de</strong> afirmação<br />
da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> do jovem, inclusive <strong>de</strong> práticas sociais potencialmente<br />
libertadoras. (LEITE, 2003, p.156).<br />
O trabalho, além da família e da escola, constitui mais uma instância <strong>de</strong><br />
socialização e <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recondução das disposições construídas por esses<br />
sujeitos em suas trajetórias sociais, pois “Os atores são o que as suas múltiplas<br />
experiências sociais fazem <strong>de</strong>les. São chamados a ter comportamentos, atitu<strong>de</strong>s variadas<br />
segundo os contextos em que são levados a evoluir”. (LAHIRE, 2002, p.198). Entretanto, é