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“disposições para crer, disposições para agir”: jovens de ... - Uece

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perceptivas, sensório-motoras, apreciativas...) não se realiza <strong>de</strong> uma só vez [...] são fruto <strong>de</strong><br />

uma repetição sistemática, cotidiana e <strong>de</strong> longa duração”. (LAHIRE, 2004, p. 28).<br />

Assim, as disposições apresentadas pelos sujeitos interlocutores neste estudo,<br />

expressas mediante seus modos <strong>de</strong> pensar e <strong>de</strong> se comportar diante do mundo escolar e do<br />

futuro profissional, resultaram <strong>de</strong> experiências e práticas que não se limitam àquelas<br />

realizadas no campo da escola, uma vez que são anteriores às vivências realizadas nesse<br />

espaço e o extrapolam, consi<strong>de</strong>rando que a escola, como um campo <strong>de</strong> inserção <strong>de</strong>sses<br />

<strong>jovens</strong>, constitui apenas um entre os diversos contextos on<strong>de</strong> realizam suas práticas sociais.<br />

A noção <strong>de</strong> campo se refere, aqui, a espaços sociais <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s, com<br />

instituições, leis e finalida<strong>de</strong>s próprias, on<strong>de</strong> os sujeitos ou agentes sociais encontram-se<br />

envolvidos e movidos por certos interesses comuns, uma vez que “[...] cada campo confina<br />

assim os agentes a seus próprios móveis <strong>de</strong> interesse [...]” (BOURDIEU, 2004, p.121).<br />

Esses agentes po<strong>de</strong>m se situar em posições diferenciadas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um campo,<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do domínio que exerçam sobre as regras consi<strong>de</strong>radas legítimas nesse campo<br />

e que comandam as relações que se estabelecem em seu interior. Os agentes que<br />

apresentam maior familiarida<strong>de</strong> com essas regras ou leis <strong>de</strong> funcionamento po<strong>de</strong>rão obter<br />

maiores vantagens em seu <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse campo.<br />

Partimos da compreensão <strong>de</strong> que a formação das disposições dos <strong>jovens</strong>, <strong>de</strong><br />

suas atitu<strong>de</strong>s em relação ao campo da educação e ao campo do trabalho mantêm<br />

articulação com sua origem social, uma vez que “[...] a posição ocupada no espaço social,<br />

isto é, na estrutura <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> diferentes tipos <strong>de</strong> capital, que também são armas,<br />

comanda as representações <strong>de</strong>sse espaço e as tomadas <strong>de</strong> posição nas lutas <strong>para</strong><br />

conservá-lo ou transformá-lo”. (BOURDIEU, 2011, p.27). A posição ocupada pelos agentes<br />

no interior <strong>de</strong>sses campos, como a escola e o trabalho, por exemplo, está associada ao<br />

volume <strong>de</strong> capitais possuídos ou que po<strong>de</strong>m ser mobilizados por esses sujeitos, o que<br />

significa que a origem social é um fator que interfere nas posições ocupadas pelos sujeitos<br />

nos diversos campos, mas não é o único. Desse modo, outros elementos po<strong>de</strong>m contribuir<br />

<strong>para</strong> as mudanças <strong>de</strong> posição dos agentes <strong>de</strong>ntro do campo, compreendido com um espaço<br />

em que se relacionam pessoas com interesses comuns, diferentes daqueles partilhados em<br />

outros espaços, e que são conhecedoras das regras ou leis próprias do funcionamento do<br />

seu campo <strong>de</strong> interesse e que estão dispostas a jogar o tipo <strong>de</strong> jogo imposto por esse<br />

espaço <strong>de</strong> relações.<br />

Em Bourdieu (2011a), a noção <strong>de</strong> capital constitui um elemento que ajuda a<br />

compreen<strong>de</strong>r o lugar ocupado pelos agentes sociais <strong>de</strong>ntro do mundo. Essa noção <strong>de</strong><br />

capital foi elaborada pelo autor em analogia ao capital econômico (NOGUEIRA E

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