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“disposições para crer, disposições para agir”: jovens de ... - Uece

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Um colega meu foi preso hoje ... menor ... com assalto . Foi, mas só que ... não<br />

colega meu...não falava com ele... É que eu conhecia, mas eu não falo com eles<br />

não. É que eu conheço ... Foi hoje ... <strong>de</strong> manhã. (Garota <strong>de</strong> 16 anos, EJA IV).<br />

Lá não é perigoso não, porque tem os vagabundo conhecido... Eles dizem assim<br />

... quando acontece alguma coisa, eles mandam a gente entrar pra <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa<br />

... porque eles gostam da minha mãe ... Só que a gente quer sair <strong>de</strong> lá porque<br />

acontece muita morte, muita coisa. (Garoto <strong>de</strong> 17 anos, EJA V).<br />

Aqui não tem nada... tem muito é lixo e favela. E ladrão por aí. (Garoto <strong>de</strong> 16<br />

anos, EJA V).<br />

Gosto do bairro... De vez em quando tem um problema, mas é tranquilo... (Garoto<br />

<strong>de</strong> 17 anos, EJA V).<br />

Tem muita bala. Mataram um amigo meu há um mês. (Garota <strong>de</strong> 16 anos, EJA<br />

IV).<br />

Gosto. Mas, não é muito bom. Tem muita violência perto. (Garota <strong>de</strong> 15 anos, EJA<br />

V).<br />

Gosto. É perigoso que só... É porque eu conheço os vagabundo tudinho. Meu exnamorado<br />

... (Garota <strong>de</strong> 17 anos, EJA V).<br />

Através das conversas com os <strong>jovens</strong> verificamos que muitos <strong>de</strong>les residiam em<br />

uma área mais afastada da escola, situada nas proximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uma das pontes que passa<br />

sobre um canal que corta o bairro. Essa área, referida nas falas <strong>de</strong> alguns pesquisados com<br />

a expressão “lá <strong>de</strong> baixo” ou “lá”, seria consi<strong>de</strong>rada como um lugar do bairro com maior<br />

ocorrência <strong>de</strong> tráfico, assaltos e mortes. De acordo com informações dos entrevistados,<br />

algumas famílias resi<strong>de</strong>ntes nesse lugar seriam removidas em <strong>de</strong>corrência do processo <strong>de</strong><br />

urbanização realizado pelo Governo Estadual naquela região da cida<strong>de</strong>. Entre os<br />

pesquisados, três afirmaram que suas famílias seriam <strong>de</strong>slocadas do local <strong>de</strong> moradia.<br />

As impressões dos <strong>jovens</strong> sobre o bairro tomaram como referência a área “lá <strong>de</strong><br />

baixo”. A expressão foi utilizada tanto por estudantes moradores da referida área quanto por<br />

moradores <strong>de</strong> ruas consi<strong>de</strong>radas mais tranquilas. Um estudante, morador recente, se<br />

com<strong>para</strong>do àqueles que nasceram ou estão naquela área da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância,<br />

apresentou o seguinte <strong>de</strong>poimento sobre o bairro:<br />

Um dia <strong>de</strong>sse eu ia morrendo ali, mas, ... eu gosto. Eu tava na rua, aí dois cara<br />

veio na moto e papocou bala... Foi. Queria pegar os menino lá <strong>de</strong> baixo. Eu tava<br />

passando na rua, aí tinha uns menino aqui na esquina, aí eles viram e começaram<br />

a papocar bala.<br />

As ocorrências <strong>de</strong> conflitos no bairro parecem ser associadas aos moradores “lá<br />

<strong>de</strong> baixo” e a aproximação com esses moradores, na percepção <strong>de</strong> alguns, po<strong>de</strong>ria trazer<br />

vantagens:<br />

Por um lado é até bom ter amiza<strong>de</strong> (na “favela”). Se você vai ser roubado, eles<br />

conhecem. Po<strong>de</strong> tá lá. Eles vão buscar. Se for amigo <strong>de</strong>le, né? Aí, vai... Porque<br />

um é mais doido do que outro... bota moral no outro.

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