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“disposições para crer, disposições para agir”: jovens de ... - Uece

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vi que a aprendizagem era melhor”; “Porque tem ensino <strong>de</strong> mais qualida<strong>de</strong>, mais na linha”;<br />

“Ouvi falar bem da escola”; “É uma das melhores”; “Minha avó achava boa”.<br />

Alguns dos <strong>jovens</strong> entrevistados po<strong>de</strong>m ter construído suas análises acerca da<br />

escola a partir <strong>de</strong> com<strong>para</strong>ções com a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino na qual alguns haviam estudado<br />

anteriormente e que classificaram como uma escola <strong>de</strong>sorganizada, como afirmou um dos<br />

estudantes: “A outra escola era bagunçada”. Segundo informações coletadas acerca da<br />

escola <strong>de</strong>squalificada pelos estudantes, refere-se a uma unida<strong>de</strong> escolar da Re<strong>de</strong> Pública<br />

Estadual e apresenta problemas <strong>de</strong> infraestrutura cuja solução é dificultada por tratar-se <strong>de</strong><br />

um prédio alugado pelo governo do Estado, situação que po<strong>de</strong> inviabilizar a realização <strong>de</strong><br />

reformas estruturais da unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino com recursos públicos.<br />

4.2 Jovens <strong>de</strong> 8º e 9º Anos: Distanciamentos e aproximações com os estudantes <strong>de</strong><br />

EJA<br />

As turmas <strong>de</strong> 8º e 9º Anos do Parque São José, por serem turmas diurnas,<br />

apresentavam apenas onze <strong>jovens</strong> em situação <strong>de</strong> distorção ida<strong>de</strong>-série. Entre os seis<br />

entrevistados, três <strong>de</strong>les procuraram, em suas narrativas, discorrer sobre os motivos <strong>para</strong><br />

não terem concluído o Ensino Fundamental na ida<strong>de</strong> recomendada.<br />

Porque eu sempre, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> pequena, fui acostumada a estudar à tar<strong>de</strong>... Acordava<br />

meio dia, que minha mãe não trabalhava. Acordava meio dia, tomava banho e ia<br />

pro colégio. Aí, eu comecei a estudar lá no São José. Aí, fiz o 6º ano, aí passei pro<br />

7º ano. Ai, no 7º eu fui reprovada por causa <strong>de</strong> falta, porque minha mãe começou<br />

a trabalhar e eu tinha que acordar cedo, fazer o almoço da minha irmã, ter que<br />

<strong>de</strong>ixar ela na escola. Aí eu voltava. Só que eu peguei... Fiquei faltando, me<br />

atrasava... Acabei ficando reprovada por falta. O que me prejudicou nos meus<br />

estudos foi ter que tomar conta da casa antes do tempo... né? Eu comecei a<br />

cozinhar e a arrumar a casa, cuidar da minha irmã, 13 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>... Agora eu<br />

tô mais livre, porque na casa da minha avó é ela que faz as coisas, mas eu ainda<br />

arrumo a casa. De manhã eu não tenho muito tempo. Eu estudo quando eu chego<br />

do colégio... (Garota <strong>de</strong> 14 anos, 8º Ano, Tar<strong>de</strong>).<br />

A jovem justificou a reprovação em séries anteriores porque “faltava muito” e<br />

ressaltando que as faltas à escola <strong>de</strong>corriam do fato <strong>de</strong> precisar tomar conta da casa e dos<br />

irmãos porque a mãe trabalhava como empregada doméstica. O relato apresentado po<strong>de</strong>ria<br />

estar en<strong>de</strong>reçado à própria mãe<br />

Os relatos da jovem fizeram-me lembrar uma afirmação <strong>de</strong> Spink (2010) on<strong>de</strong> a<br />

autora ressalta que, em uma entrevista, a fala po<strong>de</strong> estar sendo en<strong>de</strong>reçada a outras<br />

pessoas. De acordo com Spink (2010),<br />

Os processos <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> sentidos implicam existência <strong>de</strong> interlocutores<br />

variados cujas vozes se fazem presentes. As práticas discursivas estão<br />

sempre atravessadas por vozes; são en<strong>de</strong>reçadas e, portanto, supõem<br />

interlocutores. Obviamente isso gera dificulda<strong>de</strong>s consi<strong>de</strong>ráveis quando

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