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“disposições para crer, disposições para agir”: jovens de ... - Uece

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discutimos no Segundo Capítulo as condições <strong>de</strong> acesso à renda, à educação, à cultura, ao<br />

trabalho, bem como a extensão das re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> relacionamentos sociais observadas entre os<br />

estudantes <strong>de</strong> EJA das escolas municipais pesquisadas nos bairros Mondubim e<br />

Bonsucesso.<br />

No Terceiro Capítulo, direcionamos nosso olhar <strong>para</strong> as experiências sociais,<br />

escolares e <strong>de</strong> trabalho entre os estudantes <strong>de</strong> Escola Estadual do Parque São José.<br />

Buscamos refletir sobre as situações que os aproximam ou que os distanciam das<br />

experiências vividas pelos estudantes <strong>de</strong> EJA do Mondubim e do Bonsucesso. Procuramos<br />

compreen<strong>de</strong>r os sentidos que esses agentes sociais atribuem à escola, à profissionalização,<br />

ao trabalho, ao futuro e às relações com a família e com seus pares.<br />

As reflexões do Segundo e Terceiro Capítulos tomam como referencial teórico<br />

<strong>de</strong> análise o conceito <strong>de</strong> habitus e disposições utilizados por Pierre Bourdieu, bem como os<br />

conceitos <strong>de</strong> capital econômico, capital cultural e capital social já mencionados no início<br />

<strong>de</strong>sta Introdução.<br />

É importante ressaltar que consi<strong>de</strong>ramos a existência <strong>de</strong> críticas lançadas ao<br />

pensamento <strong>de</strong> Pierre Bourdieu, cuja teoria foi associada por alguns <strong>de</strong> seus comentadores,<br />

como <strong>de</strong>terminista. Em relação a essas críticas, pensamos que o próprio Bourdieu, ao<br />

<strong>de</strong>stacar a função da noção <strong>de</strong> habitus, procura <strong>de</strong>svencilhar-se <strong>de</strong> uma perspectiva<br />

<strong>de</strong>terminista ao afirmar que<br />

Uma das funções principais da noção <strong>de</strong> habitus consiste em <strong>de</strong>scartar dois<br />

erros complementares cujo princípio é a visão escolástica: <strong>de</strong> um lado, o<br />

mecanismo segundo o qual a ação constitui o efeito mecânico da coerção<br />

<strong>de</strong> causas externas; <strong>de</strong> outro, o finalismo segundo qual, sobretudo da teoria<br />

da ação racional, o agente atua <strong>de</strong> maneira livre, consciente, e como [....]<br />

sendo a ação o produto <strong>de</strong> um cálculo das chances e dos ganhos.<br />

(BOURDIEU, 2001 p. 169).<br />

Para Bourdieu, as ações realizadas pelos agentes não resultariam <strong>de</strong> um<br />

<strong>de</strong>terminismo externo das condições objetivas por eles vivenciadas, nem tampouco<br />

constituiriam um ato completamente livre e programado ou planejado por esses agentes,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> seus contextos <strong>de</strong> vivência. O habitus, estruturas incorporadas pelos<br />

agentes sociais através <strong>de</strong> seus processos <strong>de</strong> socialização, estaria presente nas práticas<br />

<strong>de</strong>senvolvidas por esses agentes e, em certa medida, influenciariam suas tomadas <strong>de</strong><br />

posição. Desse modo, tais tomadas <strong>de</strong> posição diante das várias situações vivenciadas por<br />

esses agentes, seja na família, na rua, na escola ou no trabalho, não seriam comandadas<br />

apenas por <strong>de</strong>cisões racionais, livres das influências <strong>de</strong>sse habitus, ou seja, <strong>de</strong>sse passado<br />

incorporado, uma vez que “[...] nossas ações possuem mais frequentemente por princípio o

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