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“disposições para crer, disposições para agir”: jovens de ... - Uece

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Elias (1994) afirma que na socieda<strong>de</strong> há espaço <strong>para</strong> as <strong>de</strong>cisões individuais e<br />

que os indivíduos dispõem <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s que po<strong>de</strong>m ser aproveitadas ou perdidas. Mas,<br />

<strong>de</strong>staca que<br />

[...] as oportunida<strong>de</strong>s entre as quais a pessoa assim se vê forçada a optar<br />

não são, em si mesmas, criadas por essa pessoa. São prescritas e limitadas<br />

pela estrutura específica <strong>de</strong> sua socieda<strong>de</strong> e pela natureza das funções que<br />

as pessoas exercem <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>la. E, seja qual for a oportunida<strong>de</strong> que ela<br />

aproveite, seu ato se entremeará com os <strong>de</strong> outras pessoas; <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ará<br />

outras sequências <strong>de</strong> ações, cuja direção e resultado provisório não<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>sse indivíduo, mas da distribuição do po<strong>de</strong>r e da estrutura das<br />

tensões em toda essa re<strong>de</strong> humana móvel. (ELIAS, 1994, p.48).<br />

O autor nos conduz à i<strong>de</strong>ia da existência <strong>de</strong> um espaço <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão <strong>para</strong> os<br />

atores sociais. No entanto, esclarece que esse espaço <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão é limitado pela estrutura<br />

da socieda<strong>de</strong>. As ações dos indivíduos não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m exclusivamente <strong>de</strong>les, uma vez que<br />

se encontram associadas às formas <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r da socieda<strong>de</strong> na qual eles<br />

vivem e convivem com outros indivíduos.<br />

Desse modo, enten<strong>de</strong>mos que as narrativas <strong>de</strong>sses entrevistados acenam <strong>para</strong><br />

uma responsabilização exclusiva dos <strong>jovens</strong> sobre seus <strong>de</strong>stinos tem relação com essa<br />

limitação social que, nas tramas sociais e culturais da vida, po<strong>de</strong>m constituir essa i<strong>de</strong>ia<br />

individualizante sobre os sujeitos, fazendo-os <strong>crer</strong> que são os únicos responsáveis pelas<br />

tramas pessoais nas quais se envolvem. Assim, consi<strong>de</strong>ram apenas um aspecto da<br />

questão: que há possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão por parte <strong>de</strong>sses <strong>jovens</strong> diante das<br />

oportunida<strong>de</strong>s que lhes são socialmente apresentadas, como continuarem ou não<br />

estudando diante da oferta <strong>de</strong> vagas nas Re<strong>de</strong>s Públicas <strong>de</strong> Ensino. Porém, os outros<br />

aspectos relacionados à estrutura da socieda<strong>de</strong> e <strong>de</strong> suas instituições não foram<br />

consi<strong>de</strong>rados por esses sujeitos em suas análises sobre as situações vividas por seus<br />

pares.<br />

Mas, encontramos nas narrativas <strong>de</strong> outros entrevistados a percepção que se<br />

afasta <strong>de</strong>ssa visão unilateral da responsabilida<strong>de</strong> do indivíduo sobre o seu <strong>de</strong>stino. Quando<br />

discutimos sobre as políticas públicas <strong>para</strong> os <strong>jovens</strong>, esses estudantes <strong>de</strong>stacaram a falta<br />

<strong>de</strong> incentivo, <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> conscientização e <strong>de</strong> informações sobre ações<br />

governamentais direcionadas a esse grupo juvenil. Também <strong>de</strong>stacaram que, mesmo<br />

quando surgem oportunida<strong>de</strong>s, a socieda<strong>de</strong> e a própria família po<strong>de</strong>m funcionar como<br />

empecilhos <strong>para</strong> que esses sujeitos aproveitem tais oportunida<strong>de</strong>s. Esses <strong>jovens</strong> afirmaram:<br />

Eu acho interessante o CUCA, né? Eu acho muito interessante porque oferece<br />

vários cursos pra pessoas mais carentes. Eu acho que isso estimula muito. Agora,<br />

eu acho que <strong>de</strong>veria ter mais, né? ... Porque tem um CUCA que tão ajeitando<br />

ainda, tão em construção e parece que já não tem mais vaga pra ninguém...

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