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“disposições para crer, disposições para agir”: jovens de ... - Uece

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16<br />

NOGUEIRA, 2004), uma vez que seria capaz <strong>de</strong> proporcionar lucros aos seus <strong>de</strong>tentores.<br />

Para Bourdieu, os vários tipos <strong>de</strong> capitais funcionam como instrumentos capazes <strong>de</strong><br />

propiciar ganhos aos seus <strong>de</strong>tentores, sejam ganhos materiais e/ou simbólicos e também<br />

expressariam formas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r.<br />

A posse do tipo <strong>de</strong> cultura legitimado pela socieda<strong>de</strong> como a cultura escolar,<br />

socialmente valorizada, bem como o acesso a uma ampla re<strong>de</strong> <strong>de</strong> relações sociais mantidas<br />

pelos agentes, capazes <strong>de</strong> proporcionar vantagens no mundo do trabalho, no mundo<br />

acadêmico, no mundo social ou em outros espaços, representam formas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<br />

consi<strong>de</strong>radas pelo autor como capital. Bourdieu consi<strong>de</strong>ra que qualquer tipo <strong>de</strong> capital, seja<br />

físico, econômico, cultural ou social apresenta a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser também capital<br />

simbólico. Segundo o autor, o capital simbólico é uma proprieda<strong>de</strong> qualquer [...] percebida<br />

pelos agentes sociais cujas categorias <strong>de</strong> percepção são tais que eles po<strong>de</strong>m entendê-las<br />

(percebê-las e reconhecê-las, atribuindo-lhes valor [...]). (BOURDIEU, 2011b, p.107)<br />

Neste estudo abordaremos, particularmente, os tipos <strong>de</strong> capitais classificados<br />

pelo autor como capital econômico, capital social e capital cultural, procurando relacioná-los<br />

aos processos <strong>de</strong> constituição das disposições dos agentes sociais investigados, às<br />

posições ocupadas por esses agentes e às suas tomadas <strong>de</strong> posição no interior do campo<br />

escolar e do campo do trabalho.<br />

Discutimos sobre as relações entre a condição econômica, social e cultural<br />

<strong>de</strong>sses <strong>jovens</strong> e as diferentes tomadas <strong>de</strong> posição em relação à educação, problematizando<br />

a sentença <strong>de</strong> “[...] um ethos <strong>de</strong> ascensão social e <strong>de</strong> aspiração ao êxito na escola e pela<br />

escola [...]” (BOURDIEU, 2011, p.48). Como se visualiza nas práticas sociais dos <strong>jovens</strong> a<br />

existência e/ou distanciamento <strong>de</strong>sta máxima na experiência escolar, no trabalho e em suas<br />

disposições <strong>para</strong> o futuro?<br />

A relevância <strong>de</strong>ste estudo apresenta-se associada à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> colocar em<br />

discussão um problema que afeta cerca <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> 6 dos <strong>jovens</strong> brasileiros entre 15 e 17<br />

anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> que ainda não alcançaram o Ensino Médio. O Brasil apresenta um<br />

contingente <strong>de</strong> 10.326.872 7 <strong>jovens</strong> nessa faixa-etária entre os quais cerca <strong>de</strong> 50% po<strong>de</strong><br />

ainda estar retido no Ensino Fundamental ou já ter abandonado a escola.<br />

[...] são essas frações dos <strong>jovens</strong> que entram mais cedo no mercado <strong>de</strong><br />

trabalho e largam mais cedo a escola, antes mesmo do tempo mínimo<br />

obrigatório <strong>de</strong> escolarização e <strong>de</strong> proteção ao trabalho. São eles que<br />

eva<strong>de</strong>m, abandonam, repetem anos na escola por não conseguirem<br />

acompanhar os ritmos <strong>de</strong>finidos pela cultura escolar. São eles que buscam<br />

6 Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e Estatística – IBGE – Síntese dos Indicadores Sociais (IBGE, SIS 2010, p. 46).<br />

7 Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e Estatística – IBGE – Censo Demográfico 2010.

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