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“disposições para crer, disposições para agir”: jovens de ... - Uece

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44<br />

Sim, porque eu aprendo mais. (Auxiliar em Ciclo Peça, EJA IV, 15 anos).<br />

Sim, porque eu gosto <strong>de</strong> criança. (Empregada Doméstica/Babá, EJA IV, 16 anos).<br />

Não, porque é muito quente e outras coisas. (Garçom/Churrascaria, EJA V, 17<br />

anos).<br />

Não, porque é muito cansativo e a carga horária é muito alta. (Empregada<br />

Doméstica, EJA V, 15 anos).<br />

Sim. Adoro criança. Isso é <strong>de</strong> mim mesma. (Babá, EJA V, 16 anos).<br />

Sim, porque é uma arte. (“Ratanseiro” 31 , EJA IV, 16 anos).<br />

Po<strong>de</strong>mos observar que apenas parte dos estudantes, que respon<strong>de</strong>u a esse<br />

item do questionário, expressou insatisfação em relação às suas condições <strong>de</strong> trabalho,<br />

situações que representam uma infração ao Art.67 do ECA por parte daqueles que<br />

empregam esses <strong>jovens</strong>, consi<strong>de</strong>rando que o referido artigo afirma em seus incisos II e III<br />

ser vedado o emprego <strong>de</strong> adolescentes em trabalho perigoso, insalubre ou penoso e<br />

realizado em locais que possam prejudicar o <strong>de</strong>senvolvimento físico, psíquico, moral e social<br />

<strong>de</strong>sses adolescentes.<br />

Como se tratava <strong>de</strong> turmas <strong>de</strong> EJA, observamos ainda uma situação em que o<br />

patrão também era estudante na turma <strong>de</strong> seus funcionários menores <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Em algumas<br />

situações em que foram discutidos em sala <strong>de</strong> aula temas relacionados ao ECA, como o<br />

direito à profissionalização e à proteção no trabalho, foi possível verificar as brinca<strong>de</strong>iras<br />

lançadas pelos <strong>jovens</strong> a esse senhor, no sentido <strong>de</strong> alertá-lo sobre os direitos daqueles<br />

trabalhadores menores que não estariam sendo respeitados na pequena “fábrica” <strong>de</strong> sua<br />

proprieda<strong>de</strong>. Para esse senhor, a oferta <strong>de</strong> trabalho <strong>para</strong> os <strong>jovens</strong> da comunida<strong>de</strong>, ainda<br />

que fora das exigências legais, constituiria do seu ponto <strong>de</strong> vista uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lhes<br />

garantir renda e ocupação durante o tempo livre fora da escola.<br />

Mesmo conscientes da situação <strong>de</strong> ilegalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas condições <strong>de</strong> trabalho<br />

perante o ECA, como a ausência <strong>de</strong> garantia dos direitos trabalhistas e previ<strong>de</strong>nciários, bem<br />

como o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s que não constituíam aprendizagem <strong>para</strong> formação<br />

técnico-profissional, como previsto na referida Lei e, ainda, realizados em ambientes<br />

prejudiciais à saú<strong>de</strong>, muitos <strong>jovens</strong> se submetem a essas condições <strong>para</strong> garantir algum<br />

salário.<br />

31 Trabalha na fabricação <strong>de</strong> móveis <strong>de</strong> Ratam.

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