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Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

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<strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>: a <strong>poesia</strong> <strong>da</strong> <strong>inquietação</strong>No texto, o amor é forma diviniza<strong>da</strong> de “oferen<strong>da</strong>”, de desejo de partilhacom os outros. A linguagem do poema é extremamente metafórica,caracterizando-se pela rigorosa disciplina e pela concisão, visíveis na <strong>br</strong>evi<strong>da</strong>de<strong>da</strong>s composições, quase sem<strong>pr</strong>e apoia<strong>da</strong>s no esquema recorrente <strong>da</strong>s rimas. Nopoema, a palavra "estrelas" pode significar a metáfora de bon<strong>da</strong>de e de amor, poisa solícita mão que as espalha às outras vi<strong>da</strong>s, também tira "o espinho" que mágoa.A palavra "espinho" é a metáfora de "sofrimento".Nas palavras de Octavio Paz (1982), a palavra poética e a palavrareligiosa se confundem ao longo <strong>da</strong> história. Porém, a revelação religiosa nãoconstitui – pelo menos na medi<strong>da</strong> em que é palavra – o ato original, e sim a suainter<strong>pr</strong>etação. Em contraparti<strong>da</strong>, a <strong>poesia</strong> é revelação <strong>da</strong> condição humana e, poressa razão, criação do homem pela imagem. A linguagem poética instaura acondição paradoxal do homem: sua “outri<strong>da</strong>de”. Desse modo, o leva aconcretizar aquilo que é. Para Paz,Não são as sagra<strong>da</strong>s escrituras <strong>da</strong>s religiões que constroem ohomem, pois se apóiam na palavra poética. O ato pelo qual ohomem se fun<strong>da</strong> e se revela a si mesmo é a <strong>poesia</strong>. Em suma,a experiência religiosa e a poética têm uma origem comum,suas ex<strong>pr</strong>essões históricas – poemas, mitos, orações,exorcismo, hinos, re<strong>pr</strong>esentações teatrais, ritos, etc. – são àsvezes indistinguíveis; as duas, enfim, são experiências denossa 'outri<strong>da</strong>de' constitutiva. (1982, p. 189).Religião e <strong>poesia</strong>, conforme Paz, tendem a concretizar de uma vez parasem<strong>pr</strong>e a possibili<strong>da</strong>de de ser que somos e que constitui nossa maneira de ser.Tanto a experiência religiosa como a experiência poética ocorre como “um saltomortal: um mu<strong>da</strong>r de natureza que é também um regressar à nossa naturezaoriginal. Encoberto pela vi<strong>da</strong> <strong>pr</strong>ofana ou <strong>pr</strong>osaica, nosso ser de repente serecor<strong>da</strong> de sua identi<strong>da</strong>de perdi<strong>da</strong>; e então, aparece, emerge, esse 'outro' quesomos” (PAZ, 1982, p. 166).São palavras que mostram o poder <strong>da</strong> linguagem e a maneira de o Euestar no mundo. O poder <strong>da</strong>s palavras aponta para o sentido de partilha. Nessesentido, a palavra poética pode ser um refúgio do homem contra as desilusões,frustrações e limitações, ou seja, ela é força capaz de impulsioná-lo a atingir seussonhos e realizações.A temática do amor idealizado e não correspondido constata-se nopoema “Miragem” (PI, p. 82), em que o sujeito lírico declara:99

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