10.07.2015 Views

Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Em “Inquietação”, o sujeito lírico sente-se o<strong>pr</strong>imido por não conseguiratingir a plenitude do amor, juntamente por ter-se esquivado. Associa-se a isso, o"destino de ser só", pois o poema mostra um sujeito lírico que aos poucos vai sedesco<strong>br</strong>indo, através de aparentes contradições. O "ritmo fe<strong>br</strong>il de um sanguemoço" que lateja em suas fontes é uma maneira de sentir to<strong>da</strong> uma agitação doser que se volta para dentro de si, para o seu interior, de modo consciente. Mas,acima de tudo, o sujeito lírico se "gasta em árdua luta" e se vê <strong>pr</strong>eso às amarras <strong>da</strong>vi<strong>da</strong>, pois, seu espírito, desorientado, "deixa-se vagar ao sabor <strong>da</strong> corrente"(p.198), por não querer aportar.“Identificação” (PI – VE, p. 181) é um poema marcado pelo <strong>pr</strong>osaísmo,pela denotação, além do tom alegórico <strong>pr</strong>edominante nos versos livres quea<strong>pr</strong>esentam imagens dos desdo<strong>br</strong>amentos do eu interliga<strong>da</strong>s aos elementos <strong>da</strong>natureza.IDENTIFICAÇÃO<strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>: a <strong>poesia</strong> <strong>da</strong> <strong>inquietação</strong>Eu me diluí na alma im<strong>pr</strong>ecisa <strong>da</strong>s coisas.Rolei com a Terra pela órbita do infinito,Jorrei <strong>da</strong>s nuvens com a torrente <strong>da</strong>s chuvasE percorri o espaço no so<strong>pr</strong>o do vento;Marulhei na corrente inquietadora dos rios,Penetrei a mudez milionária <strong>da</strong>s montanhas;Desci ao vácuo silencioso dos abismos;Circulei na seiva <strong>da</strong>s plantas,Ardi no olhar <strong>da</strong>s feras,Palpitei nas asas <strong>da</strong>s pombas;Fui sublime n'alma do homem bomE des<strong>pr</strong>ezível no coração do mesquinho;Ine<strong>br</strong>iei-me <strong>da</strong> alegria do venturoso;E deslizei dolorosamente na lágrima do infeliz.Na<strong>da</strong> encontrei mais doloroso,Mais eloqüente,Mais grandiosoDo que a tragédia cotidianaEscrita em ca<strong>da</strong> vi<strong>da</strong> humana.A desilusão do eu lírico por ter encontrado, nessa busca, somente “atragédia cotidiana”, relaciona<strong>da</strong> a dor de viver, evidenciam-se no texto. Já osparalelismos sintáticos, sonoros e semânticos se destacam: “Circulei na seiva <strong>da</strong>splantas,/ Ardi no olhar <strong>da</strong>s feras,/ Palpitei nas asas <strong>da</strong>s pombas”. Ritmo,musicali<strong>da</strong>de e lirismo dão uma sensação de liber<strong>da</strong>de ao fazer poético. A73

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!