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Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

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O poema enquanto <strong>pr</strong>esente original e comunicativo do poeta a seu leitoré “uma o<strong>br</strong>a sem<strong>pr</strong>e inacaba<strong>da</strong>, sem<strong>pr</strong>e disposta a ser contempla<strong>da</strong> e vivi<strong>da</strong> porum novo leitor” (PAZ, 1982, p. 234). Se ao poeta é confia<strong>da</strong> a missão de criar ummundo novo, através de sua linguagem poética, essa missão torna-se mais difícilain<strong>da</strong>, sem a humil<strong>da</strong>de <strong>da</strong> interrogação e sem o risco <strong>da</strong> busca. Interrogar alinguagem é "interrogar-nos a nós mesmos" (PAZ, 1991, p. 40).O poema “outra dimensão” (SP, p. 41) <strong>pr</strong>opõe questões para as quais nãohá respostas fáceis ou imediatas. A quali<strong>da</strong>de oscilante no ritmo e asinterrogações inexoráveis transmitem a <strong>inquietação</strong> do sujeito lírico, em face deum dilema não resolvido: a do questionamento de sua linguagem:OUTRA DIMENSÃOQuem pintaráa voz e a canção?Quem <strong>pr</strong>enderáno cárcere do versoa miragem e o sonho,o vôo e o pensamento?<strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>: a <strong>poesia</strong> <strong>da</strong> <strong>inquietação</strong>Em relação ao fazer poético, Octavio Paz distingue dois momentos no<strong>pr</strong>ocesso poético: a elaboração do poema e sua recepção por um leitor ou umouvinte. São momentos de um <strong>pr</strong>ocesso, de um fazer poético, porque o poemajamais se a<strong>pr</strong>esenta como reali<strong>da</strong>de independente. Nenhum texto poético temexistência per se: o leitor confere reali<strong>da</strong>de ao poema. Nesse sentido, o poeta é o<strong>pr</strong>imeiro leitor de seu poema, o <strong>pr</strong>imeiro autor (PAZ, 1991, p. 101). Para <strong>Helena</strong><strong>Kolody</strong>, o <strong>pr</strong>ocesso criativo, o fazer poético é "muito pessoal". A esse respeito,<strong>Helena</strong> declara:Às vezes meus poemas vêm por inteiro, são os poemasvivíparos. Eles são os melhores e geralmente dormirammuito tempo dentro de mim. Outras vezes é só um núcleo depoemas, os ovíparos, que têm que ser chocados. Eles seestruturam devagar. E, de repente, nasce a ave, porque háum longo <strong>pr</strong>ocesso de cele<strong>br</strong>ação inconsciente (SERUR,1988, p. 8).Seus poemas parecem surgir de uma <strong>inquietação</strong> interior, de uma lutacom as palavras. <strong>Helena</strong> salienta:89

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