Antonio Donizeti <strong>da</strong> Cruzsendo muito comum confundir o elemento ucraniano com o polonês e o russo.Para a autora, a ex<strong>pr</strong>essão coreográfica, de mais fácil comunicação, como as<strong>da</strong>nças e as canções folclóricas, acolhi<strong>da</strong>s com entusiasmo pela receptiva alma<strong>br</strong>asileira, vieram revelar a alma heróica do ucraniano, seu humor malicioso, seuterno lirismo.Referindo-se à <strong>poesia</strong> do céle<strong>br</strong>e poeta Tarás Chevtchenko, <strong>Helena</strong><strong>Kolody</strong> tece a seguinte declaração:Seu livro – Kobsar – passa de pais a filhos, como herançasagra<strong>da</strong>; a tradição oral transmite seus poemas de geraçãoem geração, como se fossem orações. Repassados deacendrado amor, seus versos mantém vivo no coraçãoucraniano o sentimento <strong>da</strong> pátria, o anseio de liber<strong>da</strong>de, alem<strong>br</strong>ança do passado heróico. Poder-se-ia dizer que seuspoemas fazem ecoar na alma dos ucranianos, dispersos portodos os quadrantes do mundo, as palavras do HinoNacional: 'A Ucrânia ain<strong>da</strong> não morreu' (KOLODY, 1962,p. 2. Grifos <strong>da</strong> autora).Em relação às artes e tradições, a Ucrânia ocupa um dos lugares dedestaque no cenário artístico europeu, pois é um país que mantêm costumespeculiares. No Brasil, eles conservam, na medi<strong>da</strong> do possível, suas tradições. A<strong>da</strong>nça popular é uma <strong>da</strong>s ex<strong>pr</strong>essões mais antigas <strong>da</strong> cultura ucraniana,conforme se observa:As <strong>da</strong>nças ucranianas revelam tendências para o espaço,<strong>pr</strong>ó<strong>pr</strong>io às planícies <strong>da</strong> Ucrânia, e movimentosarredon<strong>da</strong>dos, com formação de várias figuras, comfreqüência de linhas geométricas. Caracterizam-se pelo seuritmo cheio de vi<strong>da</strong>, de coragem e confiança, assim comopela alegria exuberante (BORUSZENKO, 1981, p. 23).As <strong>da</strong>nças dividem-se em três categorias: <strong>da</strong>nças em grupos são osremanescentes dos festejos e <strong>da</strong>s cerimônias antigas; <strong>da</strong>nças aos pares sãoex<strong>pr</strong>essões dos sentimentos e ocorrências <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> humana; e <strong>da</strong>nças individuais,reminiscências <strong>da</strong>s antigas competições e desafios.Os imigrantes ucranianos trouxeram para o Brasil aspectos culturaisque, apesar <strong>da</strong> assimilação <strong>pr</strong>ogressiva, são <strong>pr</strong>eservados como tradição milenar.Na opinião de Miguel Wouk, o apego por parte dos imigrantes a sua herançasocial não quer dizer que eles sejam incapazes de assimilar a cultura do país parao qual imigraram. Pelo contrário, esses grupos humanos colaboram para o30
desenvolvimento <strong>da</strong> cultura <strong>br</strong>asileira, ain<strong>da</strong> "des<strong>pr</strong>ovi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s características desedimentação <strong>da</strong>s tradições que só o tempo lhes pode <strong>pr</strong>oporcionar" (1981, p.35).1.2 Ambiente do Paraná e a imigração ucraniana<strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>: a <strong>poesia</strong> <strong>da</strong> <strong>inquietação</strong>Em meados do século XIX, o território paranaense ain<strong>da</strong> era uma regiãopouco povoa<strong>da</strong>, com sertões <strong>br</strong>avios e desabitados, inclusive em áreas <strong>pr</strong>óximasa Curitiba. A população existente vivia em núcleos raros, pequenos e dispersos,localizados no interior, como Palmas, Rio Negro, Guarapuava e outras pequenaslocali<strong>da</strong>des. As pessoas eram constantemente molesta<strong>da</strong>s por índios que asamedrontavam "com suas correrias". O mesmo acontecia em relação aostropeiros que faziam a ligação entre São Paulo e o Rio Grande do Sul,especialmente no trecho ao Sul do Rio Negro, na chama<strong>da</strong> Estra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Mata(WACHOWICZ, 1988, p. 145).A população fun<strong>da</strong>mental de início era composta de portugueses,espanhóis, índios e africanos, "apenas 407 colonos agricultores de diversasetnias foram constatados antes <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> Província do Paraná"(MARTINS, 1939, p. 406).Em 1853, ocorre a emancipação política do Paraná. O <strong>pr</strong>imeiro<strong>pr</strong>esidente <strong>da</strong> Província foi Zacarias de Góis e Vasconcelos. A população <strong>da</strong><strong>pr</strong>ovíncia perfazia um total de 60.626 habitantes, para os 200.000 Km2, ou seja,três pessoas por quilômetro quadrado. Desse total, havia respectivamente 40%de negros e mulatos, sendo 16% de escravos. Essas populações apoiavam suaeconomia na extração, beneficiamento e comercialização <strong>da</strong> erva-mate(HORBATIUK, 1989, p. 34-35).Os <strong>gov</strong>ernos de Zacarias de Góis e Vasconcelos e de seus sucessores,como medi<strong>da</strong> <strong>pr</strong>ioritária, facilitaram o povoamento do território paranaense.Dessa forma, o <strong>pr</strong>esidente Vasconcelos autoriza, a 21 de março de 1855, aimigração de estrangeiros ao Paraná.O Paraná reivindica, na época, junto ao <strong>gov</strong>erno imperial, a criação decolônias de imigrantes europeus em seu território. Em 1859, ocorreu a criação <strong>da</strong>colônia Assungui, organiza<strong>da</strong> em regime de pequena <strong>pr</strong>o<strong>pr</strong>ie<strong>da</strong>de. Elalocalizava-se a 109 quilômetros ao norte de Curitiba, no vale do rio Ribeira,distante dos <strong>pr</strong>incipais caminhos de tropas, a fim de que a sua população nãofosse tenta<strong>da</strong> pela ativi<strong>da</strong>de do tropeirismo (WACHOWICZ, 1988, p. 144).31
- Page 2 and 3: ANTONIO DONIZETI DA CRUZé professo
- Page 4 and 5: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO P
- Page 6 and 7: © 2010, Antonio Donizeti da CruzRe
- Page 9: AGRADECIMENTOS SEMPREAgradeço ao p
- Page 15: A alegria maior da vida é colher o
- Page 19: SIGLAS DOS LIVROS DE HELENA KOLODYP
- Page 23 and 24: PALAVRAS PRIMEIRASHelena Kolody: a
- Page 25 and 26: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 27 and 28: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 29 and 30: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 31: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 35 and 36: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 37 and 38: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 39 and 40: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 41 and 42: Feita de tortura e fel.Helena Kolod
- Page 43 and 44: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 45 and 46: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 47 and 48: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 49 and 50: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 51 and 52: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 53 and 54: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 55: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 58 and 59: Antonio Donizeti da CruzA única ju
- Page 60 and 61: Antonio Donizeti da Cruzpois, dessa
- Page 62 and 63: Antonio Donizeti da CruzJakobson co
- Page 64 and 65: Antonio Donizeti da Cruz"encantamen
- Page 66 and 67: Antonio Donizeti da Cruzmais difere
- Page 68 and 69: Antonio Donizeti da Cruza imagem co
- Page 71 and 72: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 73 and 74: A comunicabilidade na poesia kolody
- Page 75 and 76: Em “Inquietação”, o sujeito l
- Page 77 and 78: “Exílio” (SR, p. 12) é um exe
- Page 79 and 80: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 81 and 82: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 83 and 84:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 85 and 86:
Chego a pensar, às vezes, comovida
- Page 87 and 88:
significado das palavras, além do
- Page 89 and 90:
A poesia de Helena Kolody funda-se
- Page 91 and 92:
O poema enquanto presente original
- Page 93 and 94:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 95 and 96:
poético. Percebe-se que a linguage
- Page 97 and 98:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 99 and 100:
A tanka “Sabedoria” (RE, p. 60)
- Page 101 and 102:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 103 and 104:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 105 and 106:
O haicai intitulado “Depois” (R
- Page 107 and 108:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 109 and 110:
Pode-se dizer que a "semente" é me
- Page 111 and 112:
A longa mão feita de sombraE tira
- Page 113 and 114:
Ao calor do interrogar-senuvens ocu
- Page 115 and 116:
dando um tom de irregularidade às
- Page 117 and 118:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 119 and 120:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 121 and 122:
Lembra, sem o querer, numa impress
- Page 123 and 124:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 125 and 126:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 127 and 128:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 129 and 130:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 131 and 132:
CONSIDERAÇÕES FINAISHelena Kolody
- Page 133 and 134:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 135 and 136:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASHelena
- Page 137 and 138:
ATEM, Reinoldo. Panorama da poesia
- Page 139 and 140:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 141 and 142:
JAKOBSON, Roman; POMORSKA, Kristyna
- Page 143:
ANEXOS
- Page 147:
145
- Page 151:
149
- Page 155:
153
- Page 159:
157
- Page 163:
161
- Page 167 and 168:
2PRAÇA RUI BARBOSAQuando a conheci
- Page 169:
3A PRAÇAQuando a conheci, chamava-
- Page 173:
HAIGO171
- Page 177:
175
- Page 181:
179
- Page 185 and 186:
MANEIRAS DE SERHelena KolodyOs que