Antonio Donizeti <strong>da</strong> Cruzse, então, no recém-fun<strong>da</strong>do núcleo colonial <strong>da</strong> Cruz Machado, no sertão sulparanaense.<strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>, em entrevista a Telma Serur, em 1988, para o jornalNicolau, de Curitiba, diz como seus pais se conheceram:A família de mamãe se estabeleceu em Cruz Machado, ondemeu pai construía a estra<strong>da</strong> de ro<strong>da</strong>gem que ligava a ci<strong>da</strong>de.Ele começou a freqüentar a casa dos patrícios e, logo queviu minha mãe, é lógico, se apaixonou por ela. Eles casaramno dia 13 de janeiro de 1912 (SERUR, 1988, p. 6).Miguel <strong>Kolody</strong> foi comerciante, agrimensor e também funcionário <strong>da</strong>Lamber. Victória dedicou-se ao lar. Conforme <strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>, sua mãeconsiderava-se <strong>br</strong>asileira. "Amou tanto o Brasil que nunca desejou rever suapátria. Sem<strong>pr</strong>e nos disse: 'a terra de meus filhos é a minha pátria'" (KOLODY,1989, p. 6).Ao referir-se à Independência <strong>da</strong> Ucrânia, <strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>, emdepoimento à Natália Nunes, em O Estado do Paraná, a 21 de novem<strong>br</strong>o de1991, afirma que "o ucraniano sem<strong>pr</strong>e teve o sonho de liber<strong>da</strong>de. Seria a maiorfelici<strong>da</strong>de para meus pais que sem<strong>pr</strong>e choravam a escravidão de seu país"(NUNES, 1991, p. 1).36
<strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>: a <strong>poesia</strong> <strong>da</strong> <strong>inquietação</strong>2 HELENA KOLODY:CONTEXTO SOCIAL E OBRA POÉTICAA influência <strong>da</strong> imigração ucraniana está diretamente relaciona<strong>da</strong> à<strong>poesia</strong> de <strong>Kolody</strong>, sendo interessante verificar os efeitos sociais e históricos queemanaram do país de origem (Ucrânia) em confronto com os efeitos <strong>br</strong>asileiros,mais <strong>pr</strong>ecisamente em Curitiba.<strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong> nasceu a 12 de outu<strong>br</strong>o de 1912, no recém-fun<strong>da</strong>donúcleo colonial de Cruz Machado, no sertão sul-paranaense. Faleceu no dia 14de fevereiro de 2004. Filha <strong>pr</strong>imogênita de Miguel e Victória <strong>Kolody</strong>, néeSzandrowska. A autora revela <strong>da</strong>dos so<strong>br</strong>e sua infância:Nasci num ranchinho de chão batido, feito de tábuas toscas,mora<strong>da</strong> <strong>pr</strong>ovisória de meus pais. Embora de sangue eslavo,nasci como uma índia e orgulho-me disso. Antes doalvorecer, milhares de pássaros se punham a gorjear: eu meacor<strong>da</strong>va e ficava ouvindo aquele canto (KOLODY, 1989,p. 5).<strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong> foi uma criança bilíngüe, <strong>da</strong>do cultural marcante entre osfilhos de imigrantes. Sua mãe, Victória, ain<strong>da</strong> não sabia falar o português quandosua filha nasceu, mas <strong>Helena</strong>, com a i<strong>da</strong>de de 1 ano e 6 meses, já falava a línguapátria.A infância de <strong>Helena</strong> foi vivi<strong>da</strong> boa parte em Três Barras (SantaCatarina) e também em Rio Negro (Paraná). So<strong>br</strong>e as reminiscências de suainfância, a poeta declara:Lem<strong>br</strong>o de Três Barras, onde passei grande parte <strong>da</strong>infância. Meus pais viviam lendo. Mamãe era uma leitoraapaixona<strong>da</strong> <strong>da</strong> <strong>poesia</strong> de Tarás [Chevtchenko]. Desdecriança, ouvi os versos desse poeta. Na adolescência,cheguei a ler seus versos no original. E comecei a traduziralguns poemas (KOLODY, 1986, p. 19).A herança eslava manifesta-se em sua <strong>poesia</strong>. A esse respeito <strong>Helena</strong><strong>Kolody</strong> escreve: "creio que há uma 'certa eslavi<strong>da</strong>de' em minha maneira de ser. Éa minha marca de origem, embora eu seja apaixona<strong>da</strong>mente <strong>br</strong>asileira".Sua vi<strong>da</strong> <strong>pr</strong>ofissional foi dedica<strong>da</strong> ao magistério e à educação de seusalunos. Atuou sem<strong>pr</strong>e com dinamismo, contribuindo, assim, de forma37
- Page 2 and 3: ANTONIO DONIZETI DA CRUZé professo
- Page 4 and 5: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO P
- Page 6 and 7: © 2010, Antonio Donizeti da CruzRe
- Page 9: AGRADECIMENTOS SEMPREAgradeço ao p
- Page 15: A alegria maior da vida é colher o
- Page 19: SIGLAS DOS LIVROS DE HELENA KOLODYP
- Page 23 and 24: PALAVRAS PRIMEIRASHelena Kolody: a
- Page 25 and 26: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 27 and 28: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 29 and 30: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 31 and 32: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 33 and 34: desenvolvimento da cultura brasilei
- Page 35 and 36: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 37: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 41 and 42: Feita de tortura e fel.Helena Kolod
- Page 43 and 44: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 45 and 46: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 47 and 48: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 49 and 50: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 51 and 52: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 53 and 54: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 55: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 58 and 59: Antonio Donizeti da CruzA única ju
- Page 60 and 61: Antonio Donizeti da Cruzpois, dessa
- Page 62 and 63: Antonio Donizeti da CruzJakobson co
- Page 64 and 65: Antonio Donizeti da Cruz"encantamen
- Page 66 and 67: Antonio Donizeti da Cruzmais difere
- Page 68 and 69: Antonio Donizeti da Cruza imagem co
- Page 71 and 72: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 73 and 74: A comunicabilidade na poesia kolody
- Page 75 and 76: Em “Inquietação”, o sujeito l
- Page 77 and 78: “Exílio” (SR, p. 12) é um exe
- Page 79 and 80: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 81 and 82: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 83 and 84: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 85 and 86: Chego a pensar, às vezes, comovida
- Page 87 and 88: significado das palavras, além do
- Page 89 and 90:
A poesia de Helena Kolody funda-se
- Page 91 and 92:
O poema enquanto presente original
- Page 93 and 94:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 95 and 96:
poético. Percebe-se que a linguage
- Page 97 and 98:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 99 and 100:
A tanka “Sabedoria” (RE, p. 60)
- Page 101 and 102:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 103 and 104:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 105 and 106:
O haicai intitulado “Depois” (R
- Page 107 and 108:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 109 and 110:
Pode-se dizer que a "semente" é me
- Page 111 and 112:
A longa mão feita de sombraE tira
- Page 113 and 114:
Ao calor do interrogar-senuvens ocu
- Page 115 and 116:
dando um tom de irregularidade às
- Page 117 and 118:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 119 and 120:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 121 and 122:
Lembra, sem o querer, numa impress
- Page 123 and 124:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 125 and 126:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 127 and 128:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 129 and 130:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 131 and 132:
CONSIDERAÇÕES FINAISHelena Kolody
- Page 133 and 134:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 135 and 136:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASHelena
- Page 137 and 138:
ATEM, Reinoldo. Panorama da poesia
- Page 139 and 140:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 141 and 142:
JAKOBSON, Roman; POMORSKA, Kristyna
- Page 143:
ANEXOS
- Page 147:
145
- Page 151:
149
- Page 155:
153
- Page 159:
157
- Page 163:
161
- Page 167 and 168:
2PRAÇA RUI BARBOSAQuando a conheci
- Page 169:
3A PRAÇAQuando a conheci, chamava-
- Page 173:
HAIGO171
- Page 177:
175
- Page 181:
179
- Page 185 and 186:
MANEIRAS DE SERHelena KolodyOs que