10.07.2015 Views

Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Antonio Donizeti <strong>da</strong> CruzSegundo Rosa Osaki e Chiyoe Osaki, o nome (Reika) sugere na línguajaponesa, algo como um perfume que vai se espalhando pelo ar, cujo cheiro é a<strong>poesia</strong>. “A tradução é difícil de se fazer, porque, não se refere ao perfume em si,mas sim ao contágio ou vi<strong>br</strong>ação que vai envolvendo as pessoas pelo encanto,que a <strong>poesia</strong> dessa pessoa emite” (OSAKI, Rosa; OSAKI Chiyoe, 1993, p. 2).A concentração verbal dos haicais e tankas <strong>da</strong> o<strong>br</strong>a Reika operam numaeconomia de recursos que consegue o máximo efeito estético, numa linguagemsintética, cujo lirismo é uma forma peculiar de "arranjo <strong>da</strong> linguagem" e de"recorte do mundo". Seus versos a<strong>pr</strong>esentam uma sonori<strong>da</strong>de rítmica e rímicamarca<strong>da</strong>s pelo <strong>pr</strong>ocesso de elaboração criativo e lúdico.Os poemas de Reika exploram basicamente uma <strong>da</strong>s vertentes temáticas<strong>pr</strong>eferi<strong>da</strong>s <strong>da</strong> <strong>poesia</strong> de <strong>Helena</strong>: o poeta diante de si mesmo e <strong>da</strong> <strong>poesia</strong>. Ela époeta vigorosa que concilia perfeitamente a experiência <strong>da</strong> subjetivi<strong>da</strong>de com aobjetivi<strong>da</strong>de, ou seja, emoção e razão, atualizando-se pelo nítido espírito demoderni<strong>da</strong>de. Sua linguagem é densa de significação. Seus versos são repletosde significados, sugestões e imaginação, que resultam numa <strong>poesia</strong> intelectual eemotiva, marca<strong>da</strong> pela síntese e pela moderna <strong>pr</strong>ocura de uma semânticainventiva, instauradora de múltiplos sentidos, <strong>pr</strong>eocupa<strong>da</strong> com a estética. Poressas razões, a <strong>poesia</strong> kolodyana se legitima, à definição de Octavio Paz:"Operação capaz de transformar o mundo, a ativi<strong>da</strong>de poética é revolucionáriapor natureza" (1982:15).Por ocasião dos 300 anos de Curitiba, <strong>Kolody</strong> escreveu a crônica, “A<strong>pr</strong>aça”, publica<strong>da</strong> na Gazeta do povo, "Cultura G", a 21 de março de 1993 [emanexo, as variações do texto, em <strong>pr</strong>osa e verso]. No texto, a poeta rememora opassado e vive o momento <strong>pr</strong>esente, olhando "a vi<strong>da</strong> acontecer", numa <strong>pr</strong>osasingular, de pura <strong>poesia</strong>:O cansaço anoitece nas solidões aglomera<strong>da</strong>s. Um rumor demar de ressaca ressoa no tráfego intenso [...]. Tudo seconfunde numa alucinação sonora. Luz e som<strong>br</strong>a na ci<strong>da</strong>degrande. Na <strong>pr</strong>aça Rui Barbosa, a vi<strong>da</strong> escreve uma páginavi<strong>br</strong>ante <strong>da</strong> História curitibana [...]. De minha janela, vejo avi<strong>da</strong> acontecer (KOLODY, 1993, p. 1).A partir <strong>da</strong> <strong>pr</strong>osa, percebe-se a coerência <strong>da</strong> autora, já registra<strong>da</strong> em1988: “Sou uma espectadora igual a uma camponesa, que se senta no fim <strong>da</strong> tardee vê a vi<strong>da</strong> acontecer. E vi<strong>br</strong>o com isto. Meu coração curitibano, paranaense, ficafeliz de ver isto” (KOLODY. In: SERUR, 1988, p. 8).50

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!