10.07.2015 Views

Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Antonio Donizeti <strong>da</strong> Cruzentonação <strong>da</strong> frase que se repete forma um jogo reiterativo na <strong>pr</strong>ó<strong>pr</strong>ia base doverso. Nas reiterações <strong>da</strong>s sílabas, dos acentos, <strong>da</strong>s entonações, as palavras secorrespondem pela posição, formando assim equivalências, o que se com<strong>pr</strong>ovana seguinte passagem: “Na<strong>da</strong> encontrei mais doloroso,/ Mais eloqüente,/ Maisgrandioso/ Do que a tragédia cotidiana/ Escrita em ca<strong>da</strong> vi<strong>da</strong> humana”. Sãoversos que a<strong>pr</strong>esentam de maneira dolorosa a "tragédia humana", sinônimo dedor e sentimento de fragili<strong>da</strong>de do sujeito lírico mergulhado e diluído frente aoreveses <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cotidiana. Mas se há o mundo onde impera a dor, a desilusão, etristeza, há também o espaço de uma intensa exaltação <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, em seuspormenores.Nos versos do poema “Gênesis” (PI), o sujeito lírico diz que: "A vi<strong>da</strong>, a<strong>inquietação</strong> su<strong>pr</strong>ema de viver/ Encadea<strong>da</strong> à su<strong>pr</strong>ema angústia de pensar" (p. 7).No caso, o signo <strong>inquietação</strong> remete ao <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, pois o sujeito lírico no afã deatingir e transpor "o limite ignorado <strong>da</strong> morte" anseia por uma vi<strong>da</strong> plena derealizações.Em “Inalienável” (TE), aparece de maneira clara a <strong>inquietação</strong> dosujeito lírico que se sente tomado por uma "incansável ansie<strong>da</strong>de", que oimpulsiona à busca de refúgio:INALIENÁVELIncansável ansie<strong>da</strong>deme impulsiona a <strong>pr</strong>ocurarrefúgio nalgum lugar(é sem<strong>pr</strong>e onde não estou).O fardo inquieto, a alijar,levo comigo aonde vou.Nos versos, o sujeito lírico explicita as causas de sua "agitação" interior,em relação à reali<strong>da</strong>de externa que o envolve, vendo-se quase impossibilitado detransformar as circunstâncias <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Ao refletir a respeito de sua situaçãoexistencial, o sujeito lírico demonstra sentir o peso dos sofrimentos e a ansie<strong>da</strong>deque o impulsiona a buscar o sentido <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. O enjambement – recurso queaparece com freqüência na <strong>poesia</strong> kolodyana – <strong>pr</strong>oduz uma dinamização quereforça o ritmo do poema, cuja construção sintática liga um verso ao seguinte,como se pode ver nos três <strong>pr</strong>imeiros versos: "Incansável ansie<strong>da</strong>de/ meimpulsiona a <strong>pr</strong>ocurar/ refúgio nalgum lugar" (p. 39).74

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!