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Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

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CONSIDERAÇÕES FINAIS<strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>: a <strong>poesia</strong> <strong>da</strong> <strong>inquietação</strong>Na <strong>poesia</strong> de <strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>, a <strong>inquietação</strong> é um signo, um elementoconstante, pois tematiza os aspectos mais inquietantes <strong>da</strong> condição humana, emque o eu lírico <strong>pr</strong>ojeta todo um questionamento frente à reali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>.Observa-se em sua <strong>poesia</strong> uma contínua e insistente in<strong>da</strong>gação a respeito <strong>da</strong>existência humana.A <strong>poesia</strong> kolodyana parte <strong>da</strong> experiência cotidiana e a transcendemediante a imagem poética a uma dimensão maior, que cria no leitor umaconsciência de plenitude fora do espaço e do tempo. Na travessia de uma vi<strong>da</strong>, aspulsões vitais, mente lúci<strong>da</strong> e sensível, que ordena as palavras e a linguagem,numa <strong>poesia</strong> que é experiência elabora<strong>da</strong>, purifica<strong>da</strong> pelo intelecto. Uma formade auto-revelação, num constante recriar-se e recriar-nos, pois, conformeOctavio Paz, a <strong>poesia</strong> "é um tecido de conotações, feita de ecos, reflexos ecorrespondências entre som e sentido" (1991, p. 151).A <strong>poesia</strong> sem<strong>pr</strong>e esteve além do tempo e <strong>da</strong>s definições. A <strong>poesia</strong> de<strong>Kolody</strong> a<strong>pr</strong>esenta-se enquanto ato de amor à palavra, pois a “artista <strong>da</strong> palavra”faz <strong>da</strong> linguagem poética e <strong>da</strong> <strong>poesia</strong> um “encantamento”. A autora opera emexercício de afetivi<strong>da</strong>de de quem sabe extrair o sentido afetivo pleno de suasexperiências poéticas. Ao voltar-se a sua <strong>pr</strong>ó<strong>pr</strong>ia contingência, questiona-se,pois em sua <strong>poesia</strong> a <strong>inquietação</strong> aparece no nível temático enquanto signo, fazerpoético, busca de sentido existencial e nostalgia inquietante. Sua <strong>poesia</strong> consisteem um esforço de situar as rememorações para arrastá-las desde às origens,situando-a no lugar <strong>da</strong> palavra, no <strong>pr</strong>incípio, gênese e memória.A <strong>inquietação</strong> enquanto signo é uma constante na o<strong>br</strong>a kolodyana. Elatraduz o desejo de um pensamento que quer "reinventar" as relações entre o eu e omundo. A <strong>inquietação</strong> na <strong>poesia</strong> de <strong>Helena</strong> parece surgir como uma instabili<strong>da</strong>de<strong>da</strong>s coisas e acontecimentos exteriores, <strong>pr</strong>ovocando uma agitação no eu lírico,que se reveste de "filtro do mundo". É uma <strong>inquietação</strong> que é busca de sentido erevelação <strong>da</strong> condição do eu que sabe de sua condição humana, e que sente suafinitude, desejando o infinito.Os poemas kolodyanos a<strong>pr</strong>esentam-se como uma ação <strong>da</strong> linguagem,momento <strong>da</strong> linguagem nascente e advento do mundo, que se ordena e unifica.Na palavra recria<strong>da</strong> na raiz <strong>da</strong> linguagem, a poeta <strong>Helena</strong> faz a história e estáinseri<strong>da</strong> na história, porque sua <strong>poesia</strong> enquanto <strong>inquietação</strong>, interroga, a um sótempo, os meandros <strong>da</strong> existência humana. Sua o<strong>br</strong>a é significativa de uma129

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