10.07.2015 Views

Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>: a <strong>poesia</strong> <strong>da</strong> <strong>inquietação</strong>Dessa forma, a inspiração parece ser uma agitação interior e <strong>inquietação</strong>do Eu do poeta. Para Staiger, o gênero lírico é subjetivo e a <strong>poesia</strong> lírica,subjetiva; uma vez que o autor lírico a<strong>pr</strong>esenta seu mundo interior, pois a criaçãolírica é íntima, devendo mostrar o reflexo <strong>da</strong>s coisas e dos acontecimentos naconsciência individual.Roman Jakobson, em seu artigo, “O que fazem os poetas com aspalavras”, afirma que "a <strong>poesia</strong> é um fato inelutável" (1973 p. 5-6). A questãofun<strong>da</strong>mental na <strong>poesia</strong>, segundo a opinião do lingüista e teórico <strong>da</strong> literatura,reside nas relações entre som e sentido, sendo que, no verso, a repetiçãodesempenha um papel fun<strong>da</strong>mental, por <strong>pr</strong>ojetar-se na linguagem poética o<strong>pr</strong>incípio de equivalência na seqüência. Assim, as sílabas, os acentos, tornam-seuni<strong>da</strong>des equivalentes (JAKOBSON, 1973, p. 5-6).A <strong>poesia</strong>, segundo Jakobson, é a intensificação <strong>da</strong>s possibili<strong>da</strong>des <strong>da</strong>língua, pois é nesta área que se evidencia mais a função linguística. Para o autor, afunção poética não é a única função a orientar a o<strong>br</strong>a literária; trata-se <strong>da</strong> funçãodominante, determinante <strong>da</strong>s outras funções que porventura apareçam. A funçãopoética está centra<strong>da</strong> na <strong>pr</strong>ó<strong>pr</strong>ia mensagem, pois esta manifesta-se no momentoem que a palavra é senti<strong>da</strong> como palavra. O que dá valor a um poema é a relaçãoentre sons e sentidos, é a estrutura dos significados - <strong>pr</strong>oblema semântico,<strong>pr</strong>oblema linguístico no sentido mais amplo do termo.Em O que é <strong>poesia</strong>?, Roman Jakobson salienta que é <strong>poesia</strong> que <strong>pr</strong>otegeo homem contra a "automatização", contra a "ferrugem" que põe em perigo anossa fórmula do amor e do ódio, <strong>da</strong> fé e <strong>da</strong> negação, <strong>da</strong> revolta e <strong>da</strong> reconciliação(1978, p. 177).Na <strong>pr</strong>oposta de Roman Jakobson, a noção de <strong>poesia</strong> e instável, variandode acordo com as épocas, enquanto que a função poética ou a poetici<strong>da</strong>de é umelemento irredutível a outros elementos. Na <strong>poesia</strong>, to<strong>da</strong> reiteração perceptível<strong>da</strong> mesma classe ou conceito gramatical dentro de um texto torna-se um<strong>pr</strong>ocedimento poético. Ao contrário <strong>da</strong>s outras manifestações linguísticas, na<strong>poesia</strong> o <strong>pr</strong>incípio de equivalência se <strong>pr</strong>ojeta so<strong>br</strong>e o eixo de combinação <strong>da</strong>spalavras, tornando-se, assim equivalente e, por isso, paralelístico, onde acombinação inclui todos os elementos linguísticos <strong>da</strong>s palavras. Jakobsonmostra que, junto à figura <strong>da</strong> gramática, soma-se, na <strong>poesia</strong>, a figura do som.Ambas constituem os <strong>pr</strong>incipais elementos formadores do verso. A rima, como overso, também é uma "figura de som" recorrente. Mas, segundo Jakobson, seriapor demais simplista tratá-la somente do ponto de vista do som. A rima tambémimplica uma relação semântica. Ela ou é gramatical ou é antigramatical, mas nãoagramatical.59

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!