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Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

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“Exílio” (SR, p. 12) é um exemplo concreto do lirismo kolodyano, comsua temática volta<strong>da</strong> à <strong>inquietação</strong>, à religiosi<strong>da</strong>de e à natureza:EXÍLIOQue sau<strong>da</strong>de, meu Deus, que implacável sau<strong>da</strong>deDe integrar-me, outra vez, em Tua eterni<strong>da</strong>de!Inquieta, a alma cintila,Qual pássaro de fogoEm cárcere de argila.<strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>: a <strong>poesia</strong> <strong>da</strong> <strong>inquietação</strong>Quer ser, de novo, um ponto imponderávelEm teu perfeito círculo de Luz.O poema é ex<strong>pr</strong>esso numa linguagem simples, mas estritamentemetafórica, instaurando uma perfeita identificação com as características domodernismo, destacando-se a a<strong>pr</strong>oximação com a linguagem <strong>da</strong> <strong>pr</strong>osa, oabandono de regras e modelos. Nos versos, pode-se constatar to<strong>da</strong> umaorganização inédita de imagens e associações criativas, de puro engenho e arte.São versos que ex<strong>pr</strong>imem o desejo de eterni<strong>da</strong>de, de busca e encontro do serhumano com Deus. A eterni<strong>da</strong>de, nos versos, simboliza aquilo que é <strong>pr</strong>ivado delimite na duração. Ela é a ausência ou solução de conflitos, o ultrapassar de to<strong>da</strong>sas contradições tanto no plano espiritual quanto no plano cósmico. Para ohomem, a sua luta incessante contra o tempo reflete o desejo de eterni<strong>da</strong>de, que,no caso, seria o triunfo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> so<strong>br</strong>e a morte (CHEVALIER; GHEERBRANT,1991, p. 408).Tal desejo do sujeito lírico, em “Exílio”, é associado à sua <strong>pr</strong>ó<strong>pr</strong>ia<strong>inquietação</strong>, que parece estar ligado à ideia de que só em Deus o coração humanopode encontrar refúgio e calma, ou como diria Santo Agostinho: "o nossocoração está inquieto até que descanse em Deus" (AGUSTIN, 1974, p. 73). Nasegun<strong>da</strong> estrofe o sujeito lírico argumenta: “Inquieta, a alma cintila, / Qualpássaro de fogo / Em cárcere de argila” (p. 12). Salientam-se as imagens "pássarode fogo" e "cárcere de argila". O pássaro é símbolo <strong>da</strong> alma, e tem um papel deintermediação entre o céu e a terra. Na <strong>poesia</strong>, o pássaro simboliza, também, aimortali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> alma. Nos versos do poema, nota-se uma níti<strong>da</strong> dicotomia entrealma "inquieta" e o corpo, que podem ser re<strong>pr</strong>esentados pela metáfora "cárcerede argila", salientando, assim, a eterna <strong>inquietação</strong> do homem em busca detranscendência.75

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