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Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

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<strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>: a <strong>poesia</strong> <strong>da</strong> <strong>inquietação</strong>O jogo modeliza a contingência, a determinaçãoincompleta, a <strong>pr</strong>obabili<strong>da</strong>de dos <strong>pr</strong>ocessos e dosfenómenos. É por essa razão que o modelo lógico-cognitivoé mais cómodo para a re<strong>pr</strong>odução <strong>da</strong> linguagem de umfenómeno conhecido, <strong>da</strong> sua natureza abstracta, e o modelolúdico é-o para o discurso, encarnação de um materialcontingente em relação à linguagem. [...] O jogo é umare<strong>pr</strong>odução particular de combinações de elementosnecessários e contingentes. Graças à repetição acentua<strong>da</strong> (anecessi<strong>da</strong>de) <strong>da</strong>s situações (regras do jogo), um desviotorna-se particularmente significativo. (LOTMAN, 1978,p. 124-125. Grifos do autor.)No dizer de Lotman, o jogo é uma <strong>da</strong>s vias de transformação de idéiaabstrata num comportamento, numa ativi<strong>da</strong>de. Re<strong>pr</strong>esenta ain<strong>da</strong> a aquisição deuma habili<strong>da</strong>de, a <strong>pr</strong>eparação numa situação convencional. A arte é a aquisiçãode um mundo (uma modelização do mundo) numa situação convencional. Ojogo é como uma ativi<strong>da</strong>de e a arte é como a vi<strong>da</strong> (1978, p. 123).Ao discorrer so<strong>br</strong>e o fazer poético, Iuri Lotman salienta que are<strong>pr</strong>esentação <strong>da</strong> criação poética tem como base os modelos cibernéticos do<strong>pr</strong>ocesso criador, ou seja, a escolha <strong>da</strong>s variantes possíveis <strong>da</strong> formulação de umdeterminado conteúdo <strong>pr</strong>ecisa levar em conta as regras formais restritas. Sendoassim, “a simples repetição de uma palavra torna-a desigual a ela <strong>pr</strong>ó<strong>pr</strong>ia. Assim,a flexibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> linguagem [...] passa a uma carga significativa complementar,elaborando uma entropia particular do conteúdo poético” (LOTMAN, 1978, p.66-67. Grifo do autor).O poeta e ensaísta Octavio Paz, em O arco e a lira, registra que a <strong>poesia</strong> éconhecimento, poder, abandono, operação capaz de transformar o mundo. Aativi<strong>da</strong>de poética é revolucionária por natureza. Como exercício espiritual, a<strong>poesia</strong> é um método de libertação interior, isto é, “metamorfose, mu<strong>da</strong>nça,operação alquímica" e, por essa razão, ela a<strong>pr</strong>oxima-se <strong>da</strong> magia e <strong>da</strong> religião,tentando transformar o ser humano e "fazer 'deste' ou '<strong>da</strong>quele' esse 'outro' que éele mesmo". A <strong>poesia</strong> é consagração de uma experiência concreta e revelação <strong>da</strong>condição existencial do homem (PAZ, 1982, p. 15-137).Octavio Paz salienta que a palavra em si mesma é uma plurali<strong>da</strong>de desentidos. To<strong>da</strong> palavra é vertiginosa, tão grande é sua luminosi<strong>da</strong>de. Para o autor,a <strong>poesia</strong> faz parte de to<strong>da</strong>s as épocas, pois ela é a forma natural de ex<strong>pr</strong>essão doshomens.Em Os filhos do barro, Octavio Paz diz que o poema é um objeto feito <strong>da</strong>linguagem, <strong>da</strong>s crenças, dos ritmos e <strong>da</strong>s obsessões pertinentes aos poetas, <strong>da</strong>s63

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