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Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

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A <strong>poesia</strong> de <strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong> fun<strong>da</strong>-se so<strong>br</strong>e um vazio essencial,<strong>pr</strong>opondo quase que um recuo até o tempo longínquo <strong>da</strong> harmonia perfeita entreo homem e a natureza que o envolve. Ca<strong>da</strong> poema é construção de um espaçoharmonioso rumo à essência <strong>pr</strong>imordial <strong>da</strong>s coisas e dos seres. Sua <strong>poesia</strong> não éuma opinião, nem uma inter<strong>pr</strong>etação <strong>da</strong> existência humana, mas "uma revelaçãode nossa condição original, qualquer que seja o sentido imediato e concreto <strong>da</strong>spalavras do poema" (PAZ, 1982, p. 180).No poema dístico “Essência” (IP, 36), o sujeito poético tece a seguintedeclaração:ESSÊNCIAOculta na roupagem metafórica,palpita a reali<strong>da</strong>de essencial.A palavra "essência" pode significar a metáfora de "<strong>poesia</strong>", em que,revesti<strong>da</strong> de múltiplas significações, mostra a condição do ser humano, pois "aocriar a linguagem, o homem é um ser que se criou. Pela palavra, o homem é umametáfora de si mesmo" (PAZ, 1982, p. 42).“Código” (PM, p. 10) é mais um texto a afirmar o poder <strong>da</strong>s palavras.Composto por quatro versos similares, em que se destacam as rimas <strong>da</strong>s palavras"particular" e "singular":CÓDIGOAs palavras têm sentidonum código particular.Ca<strong>da</strong> qual é singularem sua maneira de ler.<strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>: a <strong>poesia</strong> <strong>da</strong> <strong>inquietação</strong>Pode-se dizer que para o sujeito poético, a <strong>poesia</strong> é um meio decomunicação, isto é, o poema é um objeto verbal, em que as palavras, dentro deum "código particular", são singulares. Os versos do poema transmitem umacarga de sentidos estritamente peculiar, tendo em vista que as palavras enquantosignos revelam que a linguagem é uma condição <strong>da</strong> existência do homem e nãoum objeto, um organismo ou um sistema convencional de signos que se podeaceitar ou rejeitar: a palavra é o <strong>pr</strong>ó<strong>pr</strong>io homem, que é feito de palavras,constituindo-se a única reali<strong>da</strong>de ou, pelo menos, "o único testemunho <strong>da</strong>reali<strong>da</strong>de" (PAZ, 1982, p. 37-38).87

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