10.07.2015 Views

Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>: a <strong>poesia</strong> <strong>da</strong> <strong>inquietação</strong>poema é "a metáfora do que o poeta sentiu e pensou; é a ressurreição <strong>da</strong>experiência e sua transmutação" (PAZ, 1991, p. 19).Em relação ao <strong>pr</strong>ocesso de composição poética a que se refere <strong>Helena</strong><strong>Kolody</strong>, assemelha-se ao que Octavio Paz (1991) afirma a respeito <strong>da</strong>experiência do poeta. Suas experiências cotidianas não se compõem de ideias oude sensações, mas de ideias-sensações que se manifestam no interior do poeta esão, por natureza, evanescentes. A linguagem, num <strong>pr</strong>imeiro momento, a<strong>pr</strong>eendeàquelas sensações, depois as fixa, mu<strong>da</strong>-as, transforma-as. O poeta repete aoperação do que viu e sentiu de maneira infinitamente mais complexa eelabora<strong>da</strong>. Dessa forma, “o poeta, ao nomear o que sentiu e pensou, não transmiteas ideias e sensações originais: a<strong>pr</strong>esenta formas e figuras que são combinaçõesrítmicas nas quais o som é inseparável do sentido” (1991, p, 19). Tais<strong>pr</strong>ocedimentos de formas e sentidos geram sensações e ideias-sensaçõessemelhantes, mas não iguais às <strong>da</strong> experiência <strong>pr</strong>imordial que o poeta vivenciou.Assim, “o poema é a metáfora do que o poeta sentiu e pensou. Essa metáfora é aressurreição <strong>da</strong> experiência e sua transmutação” (1991, p. 19).A lírica de <strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong> <strong>pr</strong>ojeta uma construção poética enquanto“ofício cantante” e, ao mesmo tempo, “inquietante”. O constate ato de burilar opoema – até achar a forma mais deseja<strong>da</strong> para a<strong>pr</strong>esentá-lo ao leitor – acentua sua<strong>pr</strong>eocupação com o “ofício do verso”, isto é, sua <strong>poesia</strong> denomina-se trabalho,uma constante luta com as palavras e com um fazer poético que <strong>pr</strong>ivilegia apalavra poética, concretizando uma <strong>poesia</strong> altamente elabora<strong>da</strong>, marca<strong>da</strong> pelasimplici<strong>da</strong>de, ao aliar clareza e técnica à arte poética. Assim, <strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>realiza uma escrita em constante <strong>pr</strong>ocesso, que ex<strong>pr</strong>ime sua maneira deinter<strong>pr</strong>etar o mundo através <strong>da</strong> “magia <strong>da</strong>s palavras”.4.3 Busca de sentido existencial: questionamento do serQuem é essaque me olhade tão longe,com olhos que foram meus?<strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong> (“Retrato antigo”, AO, p. 35)A <strong>poesia</strong> é busca de sentido. Tanto o poeta quanto o leitor mantêm, naatuali<strong>da</strong>de, uma atitude interrogativa, senão especulativa perante a <strong>poesia</strong>. Em se95

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!