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Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

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<strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>: a <strong>poesia</strong> <strong>da</strong> <strong>inquietação</strong>Entre a sau<strong>da</strong>de e o tempo <strong>pr</strong>esentes, o sujeito lírico salienta que atravésdo canto e <strong>da</strong> <strong>poesia</strong> é possível sonhar, recor<strong>da</strong>r. Nos versos do poema, oslexemas "sau<strong>da</strong>de" e "recor<strong>da</strong>r" se equivalem.No tocante à recor<strong>da</strong>ção, Staiger salienta que o poeta lírico não tem aintenção de tornar <strong>pr</strong>esente algo que aconteceu e vivenciou no passado, muitomenos recor<strong>da</strong>r o momento <strong>pr</strong>esente, isto é, a “'recor<strong>da</strong>ção' não significa o'ingresso do mundo no sujeito', mas sim, sem<strong>pr</strong>e, o um-no-outro, de modo que sepoderia dizer indiferentemente: o poeta recor<strong>da</strong> a natureza, ou a natureza recor<strong>da</strong>o poeta (1975, p. 59-60. Grifos do autor). Assim, o ato de “'Recor<strong>da</strong>r' deve ser otermo para a falta de distância entre sujeito e objeto, para um-no-outro lírico.Fatos <strong>pr</strong>esentes, passados e até futuros podem ser recor<strong>da</strong>dos na criação lírica,observa Staiger (1975, p. 59-60. Grifos do autor).A memória atua como um mecanismo de defesa, no dizer do eu-lírico,pois ela é capaz de “enco<strong>br</strong>ir” a reali<strong>da</strong>de, ou seja, funciona como uma válvula deescape para suavizar as coisas e acontecimentos que ficaram <strong>pr</strong>esos na “retina”do tempo passado.Em “País do <strong>pr</strong>esente” (PM), salienta-se o tema <strong>da</strong> sau<strong>da</strong>de, em que osujeito lírico manifesta sua inquietude e sentido de busca: “Entre a sau<strong>da</strong>de e aesperança,/ fica o país do <strong>pr</strong>esente.// Urge desco<strong>br</strong>ir/ e cultivar/ sua riquezaimanente” (p. 24).Em “longe” (SP, p. 40), o eu lírico declara que às vezes sente uma espéciede nostalgia inquietante, pois seu viver parece ser uma história já vivencia<strong>da</strong> poralguém em algum país distante.LONGEÀs vezes,tudo é tão longe em mim...Meu viver parece uma históriaque alguém sonhouhá muito tempo,num país distante.“Lição” (AO, p. 73) mostra o poema como um momento <strong>br</strong>eve de“cintilação" e "luminosi<strong>da</strong>de" <strong>da</strong>s palavras, numa linguagem extremamenteorganiza<strong>da</strong>. A poeta alicerça a construção poética, com palavras capazes derevelar a vi<strong>da</strong> e seus instantes. Os temas <strong>da</strong> religiosi<strong>da</strong>de, do diálogo entre a avóimigrante e sua neta, e a infância, cruzam-se numa rede de sentidos:125

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