Antonio Donizeti <strong>da</strong> Cruzde vi<strong>da</strong>. Foram os camponeses, so<strong>br</strong>etudo, <strong>da</strong>s <strong>pr</strong>ovíncias ocidentais <strong>da</strong> Ucrânia,então incorpora<strong>da</strong>s ao Império Austro-Húngaro, a tomarem essa decisão.Imigraram para os Estados Unidos, Canadá, Argentina e Brasil, em busca demelhores condições de vi<strong>da</strong> (BURKO, 1963, p. 39).A segun<strong>da</strong> etapa <strong>da</strong> emigração ucraniana efetuou-se após a PrimeiraGuerra Mundial, ocasiona<strong>da</strong> por motivos exclusivamente políticos, pois aUcrânia não ficou alheia aos movimentos liberais do século XIX, quecaracterizaram a Europa. Movimentos revolucionários agitavam o país.A terceira e última etapa de emigração ucraniana ocorreu após a Segun<strong>da</strong>Guerra Mundial. Foi o maior êxodo do povo ucraniano. Eram mais de 200 mil,entre operários, refugiados políticos, <strong>pr</strong>isioneiros de guerra, sol<strong>da</strong>dos <strong>da</strong><strong>pr</strong>imeira divisão ucraniana e de outras formações militares, que lutaram contraos russos. Quanto aos operários, estes haviam sido trazidos de várias <strong>pr</strong>ovíncias<strong>da</strong> Ucrânia pela administração alemã para trabalharem durante a Guerra. Com otérmino desta, os ucranianos tiveram que resistir ain<strong>da</strong> à forte o<strong>pr</strong>essão dosaliados ocidentais que se com<strong>pr</strong>ometeram em Yalta a repatriar todos os ci<strong>da</strong>dãossoviéticos. To<strong>da</strong>via, nos fins de 1945, foi aboli<strong>da</strong> a cláusula de repatriaçãoo<strong>br</strong>igatória. Sob a <strong>pr</strong>oteção <strong>da</strong> ONU, que sustentou materialmente todos osrefugiados, os ucranianos conseguiram a sua imigração para o continenteamericano (BURKO, 1963, p. 40-41).A respeito do destino dos imigrantes ucranianos, o total de indivíduos nomundo livre, incluindo os descendentes nascidos nos respectivos países deimigração, perfaz hoje uma média de 2 milhões de pessoas, sendo que cerca deum milhão de imigrantes vive nos Estados Unidos; 500 mil no Canadá; 150mil na Argentina; 120 mil no Brasil e os restantes em outros países latinoamericanos.No Brasil, fixaram-se, so<strong>br</strong>etudo, nos Estados do Paraná, SantaCatarina, Rio Grande do Sul e São Paulo, formando numerosos núcleoscoloniais. Dedicaram-se <strong>pr</strong>incipalmente à agricultura, à pecuária, à indústria e aoutros ofícios (BURKO, 1963, p. 41-42).Quanto à imigração dos ucranianos,chega a 8 milhões o número de ucranianos que vivem fora<strong>da</strong>s fronteiras de seu país, sendo que a maioria vive nospaíses componentes <strong>da</strong> Rússia, e os demais, nos paíseslivres do Ocidente (BORUSZENKO, 1969, p. 427).Assim, a emigração ucraniana, para o Brasil, não foi um fato isolado.Milhares de imigrantes <strong>pr</strong>ocedentes de vários países europeus, como a Itália,28
<strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>: a <strong>poesia</strong> <strong>da</strong> <strong>inquietação</strong>França, Polônia, Rússia, Alemanha, também se dispersaram, <strong>pr</strong>incipalmentepelas Américas.A religiosi<strong>da</strong>de é uma <strong>da</strong>s características básicas do povo ucraniano. Porto<strong>da</strong> a parte que imigraram, os ucranianos conservaram intactos seus rituais(seguem o rito oriental), bem aceitos pela Igreja Católica. No Brasil, elesconstruíram inúmeras igrejas. (BURKO, 1963, p. 59).Oksana Boruszenko também salienta a religiosi<strong>da</strong>de como umacaracterística peculiar do povo ucraniano. Para a autora, setenta e oito por centodos imigrantes ucranianos são católicos do rito oriental, sendo que quatro porcento são ortodoxos, e os doze por cento restantes encontram-se dispersos entrevárias igrejas <strong>pr</strong>otestantes. A respeito <strong>da</strong> liturgia bizantina, é importanteobservar-se que:A liturgia bizantina, <strong>da</strong> qual a ucraniana é um ramo, temorigem na de Jerusalém, de São Tiago, reforma<strong>da</strong> por SãoBasílio Magno a<strong>br</strong>evia<strong>da</strong> por São João Crisóstomo, noséculo IV. Foi logo a<strong>pr</strong>ova<strong>da</strong> pela Igreja, sendo segui<strong>da</strong> atéhoje por grande número de cristãos do Oriente e pelos fiéisdo rito ucraniano, o qual é todo cele<strong>br</strong>ado em línguaucraniana (BORUSZENKO, 1981, p. 16).Como se observa, os imigrantes ucranianos transplantaram o ritooriental para os locais de imigração, conservando-o em to<strong>da</strong>s as suasparticulari<strong>da</strong>des. Os ucranianos receberam a fé cristã por meio dos missionáriosoriundos de Bizâncio, que os evangelizaram e foram os seus <strong>pr</strong>imeiros guiasespirituais. No século X, Volodomyr Magno, um dos céle<strong>br</strong>es <strong>pr</strong>íncipes de Kiev,"<strong>pr</strong>omoveu o batismo em massa dos seus súditos e oficializou a religião cristã emseu reino" (WOUK, 1981, p. 36).A literatura ucraniana iniciou-se com as antigas "crônicas", sendo a maiscéle<strong>br</strong>e a do Monge Nestor. No século XII, elevou-se às alturas incomuns com opoema épico O canto so<strong>br</strong>e a corte de Igor. Mas o seu período novo começou nofinal do século XVIII com o escritor Ivan Kotlarevsky. No século XIX, aliteratura ucraniana alcança níveis imponentes com Tarás Chevtchenko, IvanFrancó, Lessia Ucrainca, e outros. As artes, a música, a pintura, a escultura e aarquitetura ucranianas criaram o seu estilo <strong>pr</strong>ó<strong>pr</strong>io, mas o folclore é uma <strong>da</strong>sex<strong>pr</strong>essões mais peculiares <strong>da</strong> cultura ucraniana (KOBYLANSKY, 1962, p. 5).Segundo <strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>, a etnia ucraniana é uma <strong>da</strong>s mais antigas enumerosas do Paraná. Por suas características de língua e de cultura, tãodiferentes <strong>da</strong>s <strong>br</strong>asileiras, manteve-se distante de uma com<strong>pr</strong>eensão <strong>pr</strong>ofun<strong>da</strong>,29
- Page 2 and 3: ANTONIO DONIZETI DA CRUZé professo
- Page 4 and 5: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO P
- Page 6 and 7: © 2010, Antonio Donizeti da CruzRe
- Page 9: AGRADECIMENTOS SEMPREAgradeço ao p
- Page 15: A alegria maior da vida é colher o
- Page 19: SIGLAS DOS LIVROS DE HELENA KOLODYP
- Page 23 and 24: PALAVRAS PRIMEIRASHelena Kolody: a
- Page 25 and 26: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 27 and 28: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 29: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 33 and 34: desenvolvimento da cultura brasilei
- Page 35 and 36: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 37 and 38: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 39 and 40: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 41 and 42: Feita de tortura e fel.Helena Kolod
- Page 43 and 44: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 45 and 46: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 47 and 48: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 49 and 50: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 51 and 52: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 53 and 54: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 55: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 58 and 59: Antonio Donizeti da CruzA única ju
- Page 60 and 61: Antonio Donizeti da Cruzpois, dessa
- Page 62 and 63: Antonio Donizeti da CruzJakobson co
- Page 64 and 65: Antonio Donizeti da Cruz"encantamen
- Page 66 and 67: Antonio Donizeti da Cruzmais difere
- Page 68 and 69: Antonio Donizeti da Cruza imagem co
- Page 71 and 72: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 73 and 74: A comunicabilidade na poesia kolody
- Page 75 and 76: Em “Inquietação”, o sujeito l
- Page 77 and 78: “Exílio” (SR, p. 12) é um exe
- Page 79 and 80: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 81 and 82:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 83 and 84:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 85 and 86:
Chego a pensar, às vezes, comovida
- Page 87 and 88:
significado das palavras, além do
- Page 89 and 90:
A poesia de Helena Kolody funda-se
- Page 91 and 92:
O poema enquanto presente original
- Page 93 and 94:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 95 and 96:
poético. Percebe-se que a linguage
- Page 97 and 98:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 99 and 100:
A tanka “Sabedoria” (RE, p. 60)
- Page 101 and 102:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 103 and 104:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 105 and 106:
O haicai intitulado “Depois” (R
- Page 107 and 108:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 109 and 110:
Pode-se dizer que a "semente" é me
- Page 111 and 112:
A longa mão feita de sombraE tira
- Page 113 and 114:
Ao calor do interrogar-senuvens ocu
- Page 115 and 116:
dando um tom de irregularidade às
- Page 117 and 118:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 119 and 120:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 121 and 122:
Lembra, sem o querer, numa impress
- Page 123 and 124:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 125 and 126:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 127 and 128:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 129 and 130:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 131 and 132:
CONSIDERAÇÕES FINAISHelena Kolody
- Page 133 and 134:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 135 and 136:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASHelena
- Page 137 and 138:
ATEM, Reinoldo. Panorama da poesia
- Page 139 and 140:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 141 and 142:
JAKOBSON, Roman; POMORSKA, Kristyna
- Page 143:
ANEXOS
- Page 147:
145
- Page 151:
149
- Page 155:
153
- Page 159:
157
- Page 163:
161
- Page 167 and 168:
2PRAÇA RUI BARBOSAQuando a conheci
- Page 169:
3A PRAÇAQuando a conheci, chamava-
- Page 173:
HAIGO171
- Page 177:
175
- Page 181:
179
- Page 185 and 186:
MANEIRAS DE SERHelena KolodyOs que