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Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

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A tanka “Sabedoria” (RE, p. 60) mostra a temática do efêmero, <strong>da</strong><strong>br</strong>evi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, do tempo e <strong>da</strong> sau<strong>da</strong>de. No poema salientam-se o exercíciolúdico, as pausas dos versos, os acentos poéticos, as ligações dos segmentosfrasais e o conteúdo <strong>da</strong>s recor<strong>da</strong>ções do sujeito lírico, que inquieta-se perante avi<strong>da</strong>:SABEDORIATudo o tempo leva.A <strong>pr</strong>ó<strong>pr</strong>ia vi<strong>da</strong> não dura.Com sabedoria,colhe a alegria de agorapara a sau<strong>da</strong>de futura.Há uma perfeita relação semântica entre os versos do poema, mostrandoque a vi<strong>da</strong> é finita como as coisas que passam. O texto aponta para uma questãofun<strong>da</strong>mental: o ser humano, como to<strong>da</strong>s as formas de vi<strong>da</strong>, tem um <strong>pr</strong>azo acum<strong>pr</strong>ir na existência terrena. Daí a necessi<strong>da</strong>de de buscar com sabedoria "aalegria de agora", ou seja, urge cultivá-la, de maneira "plena", tendo em vista "asau<strong>da</strong>de futura".Em “Vitória íntima” (PI – VE), o eu lírico feminino sente-se fragilizado eimpotente perante a agitação <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, ao afirmar: "Meu coração fechou as pétalasso<strong>br</strong>e os meus sentimentos" (p. 211). E "Sozinha entre a multidão humana,/Silenciosa no mar ululante <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>./ Submergi como um peso morto/ Na fluidezespiritual do transcendente" (p. 211). O estar só em meio à multidão humana levao eu lírico a in<strong>da</strong>gar-se de sua <strong>pr</strong>ó<strong>pr</strong>ia condição existencial, terrena, em virtude deuma busca transcendente.“Queixa” (MS, p. 10) é um poema sintético de três versos, <strong>pr</strong>ojetando oinconformismo em relação ao sofrimento, à angústia e à tristeza, por parte dosujeito lírico que se questiona:QUEIXATu, Senhor, que repartes os destinos:Por que me deste o árido quinhãoDe sonho, de tristeza e solidão?<strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>: a <strong>poesia</strong> <strong>da</strong> <strong>inquietação</strong>Os versos são marcados por um lirismo pungente. No último verso dopoema, os três signos: "sonho", "tristeza" e "solidão", denotam a introspecção do97

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