Antonio Donizeti <strong>da</strong> CruzA Babel <strong>da</strong> luz foi um dos grandes vencedores do 25º Festival de Brasíliado Cinema Brasileiro, realizado em dezem<strong>br</strong>o de 1992. Premiado como melhorcurta metragem do festival, obteve, também, o <strong>pr</strong>êmio de melhor montagem. Nofilme, <strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong> dá depoimentos, canta e declama. O cineasta define ofilme:A Babel <strong>da</strong> Luz é o tráfico metafórico entre o falado e ocalado, entre o escrito e o traduzido, entre o filmado e ogravado. A revelação do ser humano e de suascircunstâncias lastrea<strong>da</strong>s no fa<strong>br</strong>o lírico, gráfico esemântico do poema. Que o poema, afinal, continua a vi<strong>da</strong>[...]. <strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong> falando em versos, pelos seus versos -como se falasse de (a) ca<strong>da</strong> um de nós, e à posteriori<strong>da</strong>de[...]. <strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong> incorpora e verbaliza aqui a vocaçãoinata do cinema, o poema deslocado do real para renascersob o signo <strong>da</strong> aura tecnológica (BACK, 1992a, p. 1).Para Sylvio Back, a o<strong>br</strong>a de <strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong> é de uma "indiscutíveloriginali<strong>da</strong>de e permanência" (BACK, 1992a, p. 1).Para o poeta Hamilton Faria, em o Almanaque, de O Estado do Paraná,do dia 11 de outu<strong>br</strong>o de 1992, por ocasião dos 80 anos de <strong>Helena</strong>, escreve que"to<strong>da</strong> <strong>poesia</strong> de <strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong> é um diálogo com o absoluto, com Deus, com atranscendência. <strong>Helena</strong> articula o triângulo simbólico essencial homemnatureza-Deus".Os poemas de <strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong> são "pequenos relâmpagos, quasehaikais, que vão se depurando no decorrer do tempo. Manifestam buscas eencontros essenciais do ser" (FARIA, 1992, p. 1).No dizer de Olga Savary, "a <strong>poesia</strong> solar de <strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong> nos mostra aver<strong>da</strong>de, a beleza e a digni<strong>da</strong>de do ser humano e, em última instância <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>".To<strong>da</strong> uma existência dedica<strong>da</strong> à <strong>poesia</strong> e déca<strong>da</strong>s de fazer poético, só tinhaque <strong>da</strong>r em tais frutos, pois <strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>, é "a alta voz <strong>da</strong> <strong>poesia</strong> <strong>br</strong>asileira"(SAVARY, 1992, p. 3).Na opinião do editor Massao Ohno, "<strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong> é um dos maiorespatrimônios <strong>da</strong> <strong>poesia</strong> <strong>br</strong>asileira contemporânea" (1992, p. 3).O jornalista Zeca Corrêa Leite organizou e selecionou depoimentos arespeito <strong>da</strong> poeta <strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong> em "80 anos de <strong>poesia</strong>", para o "Cadernodois", <strong>da</strong> Folha de Londrina, do dia 11 de outu<strong>br</strong>o de 1992. Ele argumenta que "apoeta <strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong> desperta paixões. A pessoa e a poeta se fundem numa sóimagem e personali<strong>da</strong>de". <strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong> compara sua existência como umabarco se afastando do cais, indo ao alto mar. A esse respeito, <strong>Helena</strong> tece aseguinte declaração:46
<strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>: a <strong>poesia</strong> <strong>da</strong> <strong>inquietação</strong>A gente vai indo. Às vezes se assusta, mas por outro lado omar fascina, ele é fascinante. E tem aquela coisa: vocêsegura na mão de Deus. Entrego tudo a Ele e tenho umacalma <strong>pr</strong>ofun<strong>da</strong>. A vi<strong>da</strong> é desconheci<strong>da</strong>, você não sabe o diade amanhã (LEITE, 1992, p. 1).Ain<strong>da</strong> nesse artigo, Zeca Corrêa Leite seleciona alguns depoimentosso<strong>br</strong>e <strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>: Regina Benitez, que foi aluna de <strong>Helena</strong> no Instituto deEducação e criadora do "Concurso de Poesia <strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>", a respeito de suamestra diz: "sem<strong>pr</strong>e tive comigo que <strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong> é fazendeira de ren<strong>da</strong>. Sua<strong>poesia</strong> é como aquela ren<strong>da</strong> que os galhos <strong>pr</strong>ojetam no caminho cheio de sol, uma<strong>poesia</strong> sutil"; Wilson Bueno, editor do jornal Nicolau, registra que, com <strong>Helena</strong><strong>Kolody</strong>, "surge uma <strong>da</strong>s mais límpi<strong>da</strong>s <strong>poesia</strong>s do Brasil de hoje. Poesiaextremamente com<strong>pr</strong>ometi<strong>da</strong> com a vi<strong>da</strong>, porque a poeta é a vanguar<strong>da</strong> <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>";Ligia Vieira César, coordenadora de Editoração <strong>da</strong> Secretaria de Estado <strong>da</strong>Cultura do Paraná, diz que <strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong> é "a pioneira paranaense <strong>da</strong> <strong>poesia</strong><strong>br</strong>eve". Ligia salienta que, "'antes a nossa <strong>poesia</strong> era anacrônica'. Os frutos dessainovação chamam-se Paulo Leminski, Alice Ruiz, Eduardo Hoffman. Umaespécie de Emily Dickinson <strong>da</strong>s araucárias, com sua temática ingênua, volta<strong>da</strong> àvi<strong>da</strong> e à natureza" (LEITE, 1992, p. 1).<strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong> pertence a inúmeras associações literárias e culturais.Entre elas, a Academia de Letras "José de Alencar", de Curitiba; a Liga AfetivaPortugal, de Lisboa; o Instituto Brasileiro de Cultura, de Curitiba; Centro deLetras do Paraná, de Curitiba; Casa del Artista, de Montevidéo; Academia RioGrandense Feminina de Letras, de Porto Alegre; Casa do Poeta, de São Paulo;entre outras.A o<strong>br</strong>a de <strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong> já foi objeto de estudos acadêmicos. Em 1984,Maria de Lourdes Martins escreve sua Dissertação de Mestrado, intitula<strong>da</strong> Oinfinito como motivo poético em <strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong> – <strong>pr</strong>imeira dissertação demestrado so<strong>br</strong>e <strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong> –, analisando o<strong>br</strong>as <strong>da</strong> autora no período de 1941a 1980. O motivo poético "infinito", na o<strong>br</strong>a de <strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>, estabelece doisplanos na cosmovisão <strong>da</strong> pesquisadora. A sua sensibili<strong>da</strong>de diante <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>,<strong>pr</strong>eocupa<strong>da</strong>, fun<strong>da</strong>mentalmente, com a <strong>pr</strong>oblemática <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de – ascarências do Homem, a fome, a tristeza, a solidão e a natureza, inserem-se planodenominado "plano de ideal comum e potencial". Visto que o sofrimento purificae eno<strong>br</strong>ece o ser humano, a poetisa vence este plano, e a fé cristã apodera-se deseu coração e estabelece a religiosi<strong>da</strong>de em sua vi<strong>da</strong>, fazendo com que seusanseios se voltem para o outro lado <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, o <strong>da</strong> eterni<strong>da</strong>de, num plano47
- Page 2 and 3: ANTONIO DONIZETI DA CRUZé professo
- Page 4 and 5: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO P
- Page 6 and 7: © 2010, Antonio Donizeti da CruzRe
- Page 9: AGRADECIMENTOS SEMPREAgradeço ao p
- Page 15: A alegria maior da vida é colher o
- Page 19: SIGLAS DOS LIVROS DE HELENA KOLODYP
- Page 23 and 24: PALAVRAS PRIMEIRASHelena Kolody: a
- Page 25 and 26: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 27 and 28: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 29 and 30: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 31 and 32: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 33 and 34: desenvolvimento da cultura brasilei
- Page 35 and 36: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 37 and 38: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 39 and 40: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 41 and 42: Feita de tortura e fel.Helena Kolod
- Page 43 and 44: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 45 and 46: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 47: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 51 and 52: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 53 and 54: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 55: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 58 and 59: Antonio Donizeti da CruzA única ju
- Page 60 and 61: Antonio Donizeti da Cruzpois, dessa
- Page 62 and 63: Antonio Donizeti da CruzJakobson co
- Page 64 and 65: Antonio Donizeti da Cruz"encantamen
- Page 66 and 67: Antonio Donizeti da Cruzmais difere
- Page 68 and 69: Antonio Donizeti da Cruza imagem co
- Page 71 and 72: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 73 and 74: A comunicabilidade na poesia kolody
- Page 75 and 76: Em “Inquietação”, o sujeito l
- Page 77 and 78: “Exílio” (SR, p. 12) é um exe
- Page 79 and 80: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 81 and 82: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 83 and 84: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 85 and 86: Chego a pensar, às vezes, comovida
- Page 87 and 88: significado das palavras, além do
- Page 89 and 90: A poesia de Helena Kolody funda-se
- Page 91 and 92: O poema enquanto presente original
- Page 93 and 94: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 95 and 96: poético. Percebe-se que a linguage
- Page 97 and 98: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 99 and 100:
A tanka “Sabedoria” (RE, p. 60)
- Page 101 and 102:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 103 and 104:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 105 and 106:
O haicai intitulado “Depois” (R
- Page 107 and 108:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 109 and 110:
Pode-se dizer que a "semente" é me
- Page 111 and 112:
A longa mão feita de sombraE tira
- Page 113 and 114:
Ao calor do interrogar-senuvens ocu
- Page 115 and 116:
dando um tom de irregularidade às
- Page 117 and 118:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 119 and 120:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 121 and 122:
Lembra, sem o querer, numa impress
- Page 123 and 124:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 125 and 126:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 127 and 128:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 129 and 130:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 131 and 132:
CONSIDERAÇÕES FINAISHelena Kolody
- Page 133 and 134:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 135 and 136:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASHelena
- Page 137 and 138:
ATEM, Reinoldo. Panorama da poesia
- Page 139 and 140:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 141 and 142:
JAKOBSON, Roman; POMORSKA, Kristyna
- Page 143:
ANEXOS
- Page 147:
145
- Page 151:
149
- Page 155:
153
- Page 159:
157
- Page 163:
161
- Page 167 and 168:
2PRAÇA RUI BARBOSAQuando a conheci
- Page 169:
3A PRAÇAQuando a conheci, chamava-
- Page 173:
HAIGO171
- Page 177:
175
- Page 181:
179
- Page 185 and 186:
MANEIRAS DE SERHelena KolodyOs que