Antonio Donizeti <strong>da</strong> Cruzchuva de amanhã?Hoje o sol inun<strong>da</strong> o meu dia.A consciência <strong>da</strong> <strong>br</strong>evi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e o futuro incerto faz com que osujeito lírico valorize o momento <strong>pr</strong>esente. A morte é vista como um <strong>pr</strong>ocessonatural, surgindo como uma perspectiva certa <strong>da</strong> finitude do homem. Aconsciência de que a morte pode chegar a qualquer momento, não é obstáculopara que o sujeito lírico viva a ca<strong>da</strong> instante, em<strong>br</strong>iagando-se de alegria. A vi<strong>da</strong> épara eu lírico um "mistério". E só o fato de existir, leva-o a sentir-se fascinado eamante <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. No texto parece haver uma “intertextuali<strong>da</strong>de” com o poema“Carpe Diem” (In: RAMOS, 1966, p. 185), do poeta latino Horácio (65 a 8 aC.),com o sentido de “a<strong>pr</strong>oveite o momento”:CARPE DIEMNão in<strong>da</strong>gues, Leucónoe,ímpio é saber, a duração <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>que os deuses decidiram conceder-nosnem consultes os astros babilônios:melhor é suportartudo o que acontecerQue Júpiter te dê muitos invernos,quer seja o derradeiroeste que vem fazendo o mar Tirrenocansar-se contras as rochas,mostra-te sábia, clarifica os vinhos,corta a longa esperança,que é <strong>br</strong>eve o nosso <strong>pr</strong>azo de vi<strong>da</strong>.Enquanto conversamos,foge o tempo invejoso.Desfruta o dia de hoje, acreditandoo mínimo possível no amanhã.(In: RAMOS, 1966, p. 185)São versos que a<strong>pr</strong>esentam a idéia central de que é <strong>pr</strong>eciso a<strong>pr</strong>oveitar odia, isto é, o momento, pois é <strong>br</strong>eve o <strong>pr</strong>azo <strong>da</strong> existência, <strong>pr</strong>esentes nainterlocução do poeta com Leucónoe, seu interlocutor.“Aquarela” (RE, p. 55) é uma tanka que a<strong>pr</strong>esenta um grau máximo decomunicabili<strong>da</strong>de e lirismo. A poeta trabalha a linguagem de maneira sintética,enfatizando paralelismos em oposição. Sua <strong>poesia</strong> busca o instantâneo e aintegração <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e <strong>da</strong> natureza:114
<strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>: a <strong>poesia</strong> <strong>da</strong> <strong>inquietação</strong>A linguagem do poema é marca<strong>da</strong> pela sur<strong>pr</strong>eendente força lírica em quea poeta conjuga a relação do sentimento vital integra<strong>da</strong> à constante renovaçãocíclica <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Essa tanka é um hino de graça e louvor à vi<strong>da</strong>. Os elementos <strong>da</strong>natureza se relacionam de maneira harmoniosa. No "coração do poema" destacaseo verso "riso de criança", que simboliza a simplici<strong>da</strong>de natural, aespontanei<strong>da</strong>de.Em “Dom” (PM, p. 23), verifica-se o poder <strong>da</strong>s palavras, em umalinguagem lúdica, revesti<strong>da</strong> de uma im<strong>pr</strong>essionante riqueza conotativa eassociações de ideias, símbolos e metáforas. Em três versos, a poeta sintetiza opensamento:DOMDeus dá a todos uma estrela.Uns fazem <strong>da</strong> estrela um sol.Outros nem conseguem vê-la.A temática do poema mostra a questão <strong>da</strong> religiosi<strong>da</strong>de e também a<strong>pr</strong>oblemática que envolve o ser humano: as possibili<strong>da</strong>des e impossibili<strong>da</strong>desde realizar-se. O lexema estrela é a metáfora de "vi<strong>da</strong>". Se há os que fazem <strong>da</strong>"estrela" um "sol" de realizações, há os que nem conseguem atingir seusobjetivos, justamente por não desco<strong>br</strong>irem a "sua estrela". O ponto final, emtodos os versos, marca uma mu<strong>da</strong>nça rítmica.115
- Page 2 and 3:
ANTONIO DONIZETI DA CRUZé professo
- Page 4 and 5:
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO P
- Page 6 and 7:
© 2010, Antonio Donizeti da CruzRe
- Page 9:
AGRADECIMENTOS SEMPREAgradeço ao p
- Page 15:
A alegria maior da vida é colher o
- Page 19:
SIGLAS DOS LIVROS DE HELENA KOLODYP
- Page 23 and 24:
PALAVRAS PRIMEIRASHelena Kolody: a
- Page 25 and 26:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 27 and 28:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 29 and 30:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 31 and 32:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 33 and 34:
desenvolvimento da cultura brasilei
- Page 35 and 36:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 37 and 38:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 39 and 40:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 41 and 42:
Feita de tortura e fel.Helena Kolod
- Page 43 and 44:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 45 and 46:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 47 and 48:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 49 and 50:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 51 and 52:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 53 and 54:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 55:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 58 and 59:
Antonio Donizeti da CruzA única ju
- Page 60 and 61:
Antonio Donizeti da Cruzpois, dessa
- Page 62 and 63:
Antonio Donizeti da CruzJakobson co
- Page 64 and 65:
Antonio Donizeti da Cruz"encantamen
- Page 66 and 67: Antonio Donizeti da Cruzmais difere
- Page 68 and 69: Antonio Donizeti da Cruza imagem co
- Page 71 and 72: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 73 and 74: A comunicabilidade na poesia kolody
- Page 75 and 76: Em “Inquietação”, o sujeito l
- Page 77 and 78: “Exílio” (SR, p. 12) é um exe
- Page 79 and 80: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 81 and 82: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 83 and 84: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 85 and 86: Chego a pensar, às vezes, comovida
- Page 87 and 88: significado das palavras, além do
- Page 89 and 90: A poesia de Helena Kolody funda-se
- Page 91 and 92: O poema enquanto presente original
- Page 93 and 94: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 95 and 96: poético. Percebe-se que a linguage
- Page 97 and 98: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 99 and 100: A tanka “Sabedoria” (RE, p. 60)
- Page 101 and 102: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 103 and 104: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 105 and 106: O haicai intitulado “Depois” (R
- Page 107 and 108: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 109 and 110: Pode-se dizer que a "semente" é me
- Page 111 and 112: A longa mão feita de sombraE tira
- Page 113 and 114: Ao calor do interrogar-senuvens ocu
- Page 115: dando um tom de irregularidade às
- Page 119 and 120: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 121 and 122: Lembra, sem o querer, numa impress
- Page 123 and 124: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 125 and 126: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 127 and 128: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 129 and 130: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 131 and 132: CONSIDERAÇÕES FINAISHelena Kolody
- Page 133 and 134: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 135 and 136: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASHelena
- Page 137 and 138: ATEM, Reinoldo. Panorama da poesia
- Page 139 and 140: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 141 and 142: JAKOBSON, Roman; POMORSKA, Kristyna
- Page 143: ANEXOS
- Page 147: 145
- Page 151: 149
- Page 155: 153
- Page 159: 157
- Page 163: 161
- Page 167 and 168:
2PRAÇA RUI BARBOSAQuando a conheci
- Page 169:
3A PRAÇAQuando a conheci, chamava-
- Page 173:
HAIGO171
- Page 177:
175
- Page 181:
179
- Page 185 and 186:
MANEIRAS DE SERHelena KolodyOs que