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Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

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A longa mão feita de som<strong>br</strong>aE tira um peão do tabuleiro.Se o jogo é fun<strong>da</strong>mentalmente um símbolo de luta entre as forças <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>e <strong>da</strong> morte, nos versos kolodyano, o jogo é uma questão de vi<strong>da</strong> e morte. Na<strong>pr</strong>imeira estrofe, a “morte” observa o 'vivo jogo dos homens" para, só depois,estender sua "mão de som<strong>br</strong>a", e tirar um "peão do tabuleiro". O lexema "peão"induz à metáfora de "homem". O poema mostra uma linguagem metafórica e umjogo sonoro e semântico, em que a Poeta cria significados inusitados. Poranalogia, pode-se dizer que <strong>Helena</strong> trabalha a linguagem de forma lúdica,alicerça<strong>da</strong> no poder instaurador <strong>da</strong>s palavras. No poema, a palavra é a pedraque ela joga no "xadrez do poema": <strong>poesia</strong> feito jogo. As palavras-imagens vãosendo joga<strong>da</strong>s no "tabuleiro do poema" e, no final, tem-se o poema, composto deversos singulares. O xadrez é o “jogo de reis, rei dos jogos. O tabuleiro de xadrezsimboliza a toma<strong>da</strong> do controle, não só so<strong>br</strong>e o adversário e so<strong>br</strong>e um território,mas também so<strong>br</strong>e si mesmo, so<strong>br</strong>e o <strong>pr</strong>ó<strong>pr</strong>io eu, porquanto a divisão interior dopsiquismo humano é igualmente o cenário de um combate” (CHEVALIER;GHEERBRANT, 1991, p. 967).O poema sintético “Tempo” (VB, p. 5) é composto por dois versos, ondese nota o "jogo de palavras":TEMPOCai a areia <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>Na ampulheta <strong>da</strong> morte.<strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>: a <strong>poesia</strong> <strong>da</strong> <strong>inquietação</strong>Nos versos do poema, salientam-se o caráter lúdico <strong>da</strong> linguagempoética, ou seja, "o que a linguagem poética faz é essencialmente jogar com aspalavras" (HUIZINGA, 1990, p. 149). As imagens <strong>da</strong> "areia" e <strong>da</strong> "ampulheta"estão organiza<strong>da</strong>s na estrutura do poema de forma harmoniosa, confrontandocom as palavras "vi<strong>da</strong> x morte". A "ampulheta", símbolo do tempo, estárelaciona<strong>da</strong> ao título do poema.A <strong>br</strong>evi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, no poema, é simboliza<strong>da</strong> pela imagem <strong>da</strong>“ampulheta”. A imagem <strong>da</strong> areia caindo na ampulheta dá um sentido inexorável àexistência humana, porque não há como deter o fluxo. A areia desce de formaimplacável. Essa metáfora também remete ao período vital, o tempo cíclico dohomem na terra.109

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