10.07.2015 Views

Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>: a <strong>poesia</strong> <strong>da</strong> <strong>inquietação</strong>pequeninos", dos que "Trazem o coração sangrando/ E sangrando o pensamento"(p. 189-190). O sujeito lírico se com<strong>pr</strong>az com a dor e o abandono <strong>da</strong>s criançasdesampara<strong>da</strong>s, de "rostos tristes", de "pés cansados" e "mãos vazias"; e é capazde um gesto de afeto, ao afirmar: "Aqueci no aconchego de meu carinho/ A almatriste <strong>da</strong>s crianças descalças" (p. 190).No referido texto, o amor aparece como sublimação, desejo de aju<strong>da</strong> porparte do sujeito lírico a seus semelhantes, de "existências ignora<strong>da</strong>s:/ olhos defome, olhos de fe<strong>br</strong>e, olhos de angústia,/ olhos ermos e indiferentes". O sujeitolírico "a<strong>br</strong>aseia-se" na ânsia de aju<strong>da</strong>r, "na ternura de querer, o ardor de consolar"(p.190). Percebe-se no texto, o conflito em que se debate o sujeito lírico,dominado pela consciência <strong>da</strong> necessária soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de para com os outros sereshumanos. O amor emerge como uma força sublime em que o sujeito líricoidentifica-se com os pequenos, os desamparados e despossuídos, em virtude <strong>da</strong>magnificação <strong>da</strong> dor de existir, afligindo-os para além de seu poder deresistência. Nesse sentido, a <strong>poesia</strong> de <strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong> é consciência <strong>da</strong>transitorie<strong>da</strong>de do ser e, ao mesmo tempo, aponta para os descaminhos sociais.Em Exílio (VB – VE, p. 114), percebe-se por parte do sujeito lírico, osentimento de incapaci<strong>da</strong>de em mu<strong>da</strong>r as circunstâncias existenciais e anecessi<strong>da</strong>de de aceitação de condições, por serem etapas a percorrer no <strong>pr</strong>ocessoevolutivo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> humana.EXÍLIOSomos tão estrangeiros nesta vi<strong>da</strong>!Vivemos doloridos e insatisfeitos.Há sem<strong>pr</strong>e uma farpaCrava<strong>da</strong> num nervo sensível.Em tudo, uma ausência,Um travo de imperfeição.O poema é composto por duas estrofes irregulares. A <strong>pr</strong>imeira é ummonóstico, em que o sujeito lírico declara: "Somos tão estrangeiros nesta vi<strong>da</strong>!"(p. 114). Já de início, salienta-se a questão do exílio e <strong>da</strong> <strong>br</strong>evi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Olexema "estrangeiros" denota uma carga semântica altamente significativa: aimpermanência.Na segun<strong>da</strong> estrofe, percebe-se a insatisfação e o sofrimento, em que sedepara o eu lírico, ao afirmar: "Vivemos doloridos e insatisfeitos./ Em tudo,101

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!