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Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

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Antonio Donizeti <strong>da</strong> CruzEm “Inquietação” (PI – VE, p. 198), pode-se perceber um momento<strong>br</strong>eve de cintilação e de agitação interior do sujeito lírico:INQUIETAÇÃOO ritmo fe<strong>br</strong>il de um sangue moçoLateja em minhas fontes.As tendências recalca<strong>da</strong>sRumorejam sur<strong>da</strong>mente,Como larvas re<strong>pr</strong>esa<strong>da</strong>s,Eu não sei que perdi<strong>da</strong>s regiões do inconsciente.Não possuo mais a antiga sereni<strong>da</strong>deDe alta montanha neva<strong>da</strong>.O amor quis envolver-meE eu me esquivei.Essa tristeza que me o<strong>pr</strong>imeTornou-se mais espessaE pesou mais o meu destino de ser só.O esforço gasto em árdua lutaPartiu não sei que amarrasQue me <strong>pr</strong>endiam à vi<strong>da</strong>.Meu espírito, desarvorado,Deixa-se vagar ao sabor <strong>da</strong> corrente.Não quer aportar.Nota-se um desejo de fugaci<strong>da</strong>de, e também de efemeri<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s coisasque passam deixando um halo de incertezas. Nos dois <strong>pr</strong>imeiros versos dopoema, o sujeito lírico declara: "O ritmo fe<strong>br</strong>il de um sangue moço/ Lateja emminhas fontes", e sente não possuir mais a "antiga sereni<strong>da</strong>de/ De alta montanhaneva<strong>da</strong>" (p.198), justamente por causa <strong>da</strong>s "tendências" recalca<strong>da</strong>s de seu "eu",que sente a instabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s coisas e acontecimentos exteriores, <strong>pr</strong>ovocandouma agitação em seu interior. Na segun<strong>da</strong> estrofe, percebe-se o conflito em quese debate o sujeito lírico, dividido entre a vocação para o recolhimento e atristeza, e a consciência de partilha <strong>da</strong> soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de para com os outros homens.A temática <strong>da</strong> sau<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> dor e solidão são acresci<strong>da</strong>s <strong>da</strong> reflexão so<strong>br</strong>e acondição de ser só. O "eu" poético encontra uma forma de viver seus sentimentosatravés <strong>da</strong> <strong>poesia</strong>, como se o fazer poético permitisse exteriorizar a vi<strong>da</strong> interior,revelando os caminhos e descaminhos <strong>da</strong> interação do eu com o mundo.72

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