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Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

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Lem<strong>br</strong>a, sem o querer, numa im<strong>pr</strong>essão falaz,O soturno Dni<strong>pr</strong>ó, cantado por Tarás...Por isso é que eu sur<strong>pr</strong>eendo, em alta intensi<strong>da</strong>de,Acor<strong>da</strong><strong>da</strong> em meu sangue, a tara <strong>da</strong> sau<strong>da</strong>de.No texto, o sujeito parece estar im<strong>pr</strong>egnado de nostalgia <strong>da</strong> pátria de seuspais e antepassados. Ele declara uma "sau<strong>da</strong>de singular <strong>da</strong> estepe" que não viu,muitas vezes tomado de lem<strong>br</strong>anças e im<strong>pr</strong>essões do rio, "O soturno Dni<strong>pr</strong>ó,cantando por Tarás..." (p. 183). [O sujeito lírico refere-se à Ucrânia, aomencionar um importante rio <strong>da</strong>quele país, referindo-se também ao poetaucraniano Tarás Chevtchenko. Em Viagem no espelho, <strong>Kolody</strong> modificou onome do rio Dniepér por Dni<strong>pr</strong>ó (nome atual do rio que atravessa a Ucrânia)] Opoema mostra que o sujeito lírico "guar<strong>da</strong> latente" em seu ser "a remotalem<strong>br</strong>ança dos dias amargos", vivido pelo povo ucraniano, "sem a ansia<strong>da</strong>liber<strong>da</strong>de". Nos versos finais do poema, o sujeito lírico é sur<strong>pr</strong>eendido por umaagita<strong>da</strong> nostalgia, que "acor<strong>da</strong>" em seu "sangue, a tara <strong>da</strong> sau<strong>da</strong>de" (p. 182-183).O atavismo também se faz <strong>pr</strong>esente no poema “A voz <strong>da</strong>s raízes”(VE – SR, p. 178):A VOZ DAS RAÍZES<strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>: a <strong>poesia</strong> <strong>da</strong> <strong>inquietação</strong>Vozes de estanho som se alteiam em meu canto.Vi<strong>br</strong>am-me dentro d'alma almas que não são minhasAtrás de mim, vozeia e tumultua,Anseia e chora, e ri, arqueja e estuaA imensa multidão dos ancestrais,Que me bate e rebate, inexorável,Como o oceano em ressaca açoita o caisNote-se uma certa <strong>inquietação</strong> do eu lírico ao sentir as “vozes deestanhos sons” <strong>pr</strong>esentes em seu “canto”, em sua linguagem-memória e na suaforma de ver a vi<strong>da</strong> e sentir as correspondências entre palavra e memória lírica.Os tênues fios <strong>da</strong> memória formam a rede de palavras em que o sujeito poéticoconstrói seu poema. A memória é o elã, isto é, a “disposição anímica” na qual estáinstaura<strong>da</strong> a base <strong>da</strong>s lem<strong>br</strong>anças e esquecimentos. Memória surgindo comoforma de reavivar as im<strong>pr</strong>essões que parecem “adormeci<strong>da</strong>s”, tendo em vista que“o passado como objeto de narração pertence à memória. O passado como temalírico é um tesouro de recor<strong>da</strong>ção (STAIGER, 1975, p. 55).119

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