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Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

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Antonio Donizeti <strong>da</strong> Cruzpois, dessa forma, "o poeta lírico haure os seus sentimentos e as suasre<strong>pr</strong>esentações" (1980, p. 221).Para o pensador, a missão <strong>da</strong> “ver<strong>da</strong>deira <strong>poesia</strong> lírica”, bem como a deto<strong>da</strong> <strong>poesia</strong> é a de "ex<strong>pr</strong>imir o conteúdo autêntico <strong>da</strong> alma humana". A <strong>poesia</strong>lírica comporta, efetivamente, situações defini<strong>da</strong>s no conteúdo <strong>da</strong>s quais o poetapode obter um número elevado de elementos para os conciliar com os seussentimentos, mas é a interiori<strong>da</strong>de que determina a forma típica do lirismo,eliminando assim a a<strong>pr</strong>esentação demasia<strong>da</strong> concreta <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de exterior. Aoreferir-se à re<strong>pr</strong>esentação poética, Hegel afirma:A força <strong>da</strong> criação poética consiste portanto em que a <strong>poesia</strong>modela um conteúdo interiormente, sem recorrer a figurasexteriores ou a sucessões de melodias; transforma aobjetivi<strong>da</strong>de exterior numa objetivi<strong>da</strong>de interior que oespírito exterioriza para a re<strong>pr</strong>esentação sob a <strong>pr</strong>ó<strong>pr</strong>ia formaque esta objetivi<strong>da</strong>de deve encontrar no espírito (HEGEL,1980, p. 72).Assim, a <strong>poesia</strong> é uma totali<strong>da</strong>de orgânica. O poeta ver<strong>da</strong>deiro é aqueleque luta com as palavras. O que se ex<strong>pr</strong>ime, na ver<strong>da</strong>deira o<strong>br</strong>a lírica, é a"totali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> interior do indivíduo".Emil Staiger, em Conceitos fun<strong>da</strong>mentais <strong>da</strong> poética, caracteriza o líricocomo "recor<strong>da</strong>ção". Para o autor, o poeta lírico é solitário, e a <strong>poesia</strong> líricamanifesta-se como arte <strong>da</strong> solidão, que em estado puro é recepta<strong>da</strong> apenas porpessoas que interiorizam essa solidão. Staiger afirma que o homem lírico nãoa<strong>pr</strong>ecia a luz; ele mergulha na obscuri<strong>da</strong>de e esta desperta-lhe a alma. O lírico,porém, é <strong>da</strong>do por inspiração. O lírico ex<strong>pr</strong>essa um estado anímico (que é apenasum momento) no qual o poeta está envolvido. Há uma perfeita integração entre opoeta e os fenômenos fugidios que ele <strong>pr</strong>ocura fixar. A única coisa que o artistalírico pode fazer é esperar pela inspiração (STAIGER, 1975, p. 48-49).O poeta lírico abandona-se – literalmente (Stimmung) – à inspiração. Ostimmung é como que um retorno, um mergulho ao estado paradisíaco dos<strong>pr</strong>imórdios. Ele inspira, de maneira simultânea, clima e linguagem, esta muitasvezes, obscura e ambígua por ex<strong>pr</strong>essar vivências que chegam a ser indizíveis.Assim, seu poetar é involuntário, pois “o poeta lírico escuta sem<strong>pr</strong>e de novo emseu íntimo os acordes já uma vez entoados, recria-os, como os cria também noleitor. [...] O poeta vê-se o<strong>br</strong>igado a elaborar sua inspiração, a coordená-la,burilá-la e se necessário mesmo explicá-la” (1975, p. 28).58

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