10.07.2015 Views

Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Antonio Donizeti <strong>da</strong> Cruz"gea<strong>da</strong>" e "noturno" x "madruga<strong>da</strong>". Na segun<strong>da</strong> estrofe, verifica-se o diálogodo imigrante com o seu neto: "Vão conversando... E se entendem/ Numalinguagem difusa:/ O mesmo vago sorriso,/ A mesma fala confusa" (p. 146).Pode-se dizer que, apesar <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des em relação à língua, a comunicaçãoentre gerações é perfeita, pois mesmo a "fala" sendo "confusa", o neto e o avôcom<strong>pr</strong>eendem-se. Nos dois últimos versos, destacam-se o paralelismosemântico e sintática, e também a rima consoante "difusa" x "confusa".“Sau<strong>da</strong>des” (RE, p. 21) é um haicai que tem por musa a natureza. O textoevoca um lirismo nostálgico, com uma linguagem lúdica, metafórica eorganiza<strong>da</strong>, que se pode constatar em versos criativos:SAUDADESUm sabiá cantou.Longe, <strong>da</strong>nçou o arvoredo.Choveram sau<strong>da</strong>des.Este poema de forma miniatural tematiza a sau<strong>da</strong>de e a natureza. O cantodo sabiá, mesmo distante, é capaz de despertar o "canto" <strong>da</strong> poeta, quetransforma em palavras esse "despertar inquieto", relacionado à observaçãoatenta à natureza e encantamento lúdico com a linguagem.No poema intitulado “Cantiga de recor<strong>da</strong>r” (AO, p. 11), a sau<strong>da</strong>de estávincula<strong>da</strong> a uma fase temporária de vi<strong>da</strong>, na qual o sujeito lírico encontrou <strong>pr</strong>azerem viver:124CANTIGA DE RECORDAR1970Doce lem<strong>br</strong>ança orvalha<strong>da</strong>de madruga<strong>da</strong>s antigas.Fumaça de chaminésubindo na manhã fria.Floresci<strong>da</strong> malva-rosade<strong>br</strong>uça<strong>da</strong> no jardimUma revoa<strong>da</strong> de sonhosna vi<strong>da</strong> que amanheciaCantiga de recor<strong>da</strong>r...Ai, que sau<strong>da</strong>de de mim!

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!