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Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

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Antonio Donizeti <strong>da</strong> CruzNa última estrofe, o sujeito lírico anseia por atingir a plenitude, aeterni<strong>da</strong>de, pois a "alma inquieta", "Quer ser, de novo, um ponto imponderável/Em teu perfeito círculo de luz" (p. 12). A luz é o símbolo patrístico do mundoceleste e de eterni<strong>da</strong>de. Pode-se dizer que o signo "luz" remete à ideia de desejode conhecimento, purificação e transcendência. A <strong>poesia</strong> não pode serdestruição, mas busca de sentido. O poema é um conjunto de signos que buscamum significado, um ideograma girando so<strong>br</strong>e si mesmo e em redor de um sol queain<strong>da</strong> está nascendo (PAZ, 1982, p. 345).Inquietação e <strong>pr</strong>ocura são os signos que norteiam o poema “Sintonia”(IP, p. 39), que apontam para a <strong>inquietação</strong> que traduz o desejo de umpensamento que quer (re)inventar as relações entre o eu e o mundo:SINTONIADesejo de estar <strong>pr</strong>esentena vi<strong>br</strong>ação deste agorade <strong>inquietação</strong> e <strong>pr</strong>ocura,coragem e afirmação.Bem dentro do coraçãoque supera o sofrimento.Estar no exato momentoem que o pensar se liberade suas grades e muros.Contagiar-se de esperas.Lavrar os dias futuros.Nos versos, percebe-se a ausência de sereni<strong>da</strong>de do sujeito lírico que seinquieta, pois o tempo <strong>pr</strong>esente é o que importa ao eu lírico, ou seja, o querer"estar <strong>pr</strong>esente" situa-o no tempo e no espaço, instaurando um sentimento de<strong>inquietação</strong> e sentido de busca. O estar "no exato momento", em que o ato derefletir e pensar a sua situação, liberta-o de suas “grades e muros", para assimcontagiar-se de "esperas" e "lavrar os dias futuros". O existir <strong>da</strong> <strong>inquietação</strong>, naconcepção do sujeito lírico, é uma duração que só "bem dentro do coração" é quese supera o sofrimento (p. 39).No texto intitulado “Conselho” (MS, p. 42), o sujeito lírico manifesta odesejo de partilhar o "poder encantador <strong>da</strong>s palavras" com o seu interlocutor:76

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