Antonio Donizeti <strong>da</strong> Cruzalados são símbolos de espiritualização. Na <strong>poesia</strong>, o pássaro é tomado comosímbolo <strong>da</strong> imortali<strong>da</strong>de. Ele simboliza a alma e tem um papel de intermediárioentre a terra e o céu (CHEVALIER; GHEERBRANT, 1991, p. 687-690).Em “Captura” (TE – VE, p. 87), o fazer poético a<strong>pr</strong>esenta-se enquantoluta com as palavras:CAPTURAAo dizer PÁSSARO,sinto a palavra fremir,ala<strong>da</strong> e <strong>pr</strong>isioneira.O poder <strong>da</strong> palavra é algo que fascina o sujeito poético, pois ela é capazde agitar o eu, a consciência do poeta. O signo "pássaro", em versais, remete àspalavras "ala<strong>da</strong>" e "<strong>pr</strong>isioneira". Diz-se que o poeta é um ser inquieto, pois senteo "fremir <strong>da</strong>s palavras", impulsionando-o à criação poética.O texto “fugitivo instante” (SP, p. 19) parece aludir ao fazer poético, naseguinte afirmação do sujeito poético:FUGITIVO INSTANTECaptar os seresem seu fugitivo instante de beleza.A temática do tempo está integra<strong>da</strong> à fugaci<strong>da</strong>de dos seres, <strong>da</strong>s coisasque passam, deixando um momento de beleza, que pode significar a criaçãopoética. Para a poeta, "junto com a alegria de criar, existe a agonia de perseguir oinatingível" (1986, p. 31).“Som<strong>br</strong>a no muro” (TE – VE, p. 86) é um exemplo concreto na busca <strong>da</strong>palavra mais adequa<strong>da</strong> ao fazer poético:SOMBRA NO MUROPersigo um pássaroe alcanço, apenas,no muro,a som<strong>br</strong>a de um voo.O sentido de busca e ex<strong>pr</strong>essão mais <strong>pr</strong>ecisa <strong>da</strong> palavra pode serconstata<strong>da</strong>, no texto, como criação concreta, solidifica<strong>da</strong> pelo eu poético.86
A <strong>poesia</strong> de <strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong> fun<strong>da</strong>-se so<strong>br</strong>e um vazio essencial,<strong>pr</strong>opondo quase que um recuo até o tempo longínquo <strong>da</strong> harmonia perfeita entreo homem e a natureza que o envolve. Ca<strong>da</strong> poema é construção de um espaçoharmonioso rumo à essência <strong>pr</strong>imordial <strong>da</strong>s coisas e dos seres. Sua <strong>poesia</strong> não éuma opinião, nem uma inter<strong>pr</strong>etação <strong>da</strong> existência humana, mas "uma revelaçãode nossa condição original, qualquer que seja o sentido imediato e concreto <strong>da</strong>spalavras do poema" (PAZ, 1982, p. 180).No poema dístico “Essência” (IP, 36), o sujeito poético tece a seguintedeclaração:ESSÊNCIAOculta na roupagem metafórica,palpita a reali<strong>da</strong>de essencial.A palavra "essência" pode significar a metáfora de "<strong>poesia</strong>", em que,revesti<strong>da</strong> de múltiplas significações, mostra a condição do ser humano, pois "aocriar a linguagem, o homem é um ser que se criou. Pela palavra, o homem é umametáfora de si mesmo" (PAZ, 1982, p. 42).“Código” (PM, p. 10) é mais um texto a afirmar o poder <strong>da</strong>s palavras.Composto por quatro versos similares, em que se destacam as rimas <strong>da</strong>s palavras"particular" e "singular":CÓDIGOAs palavras têm sentidonum código particular.Ca<strong>da</strong> qual é singularem sua maneira de ler.<strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>: a <strong>poesia</strong> <strong>da</strong> <strong>inquietação</strong>Pode-se dizer que para o sujeito poético, a <strong>poesia</strong> é um meio decomunicação, isto é, o poema é um objeto verbal, em que as palavras, dentro deum "código particular", são singulares. Os versos do poema transmitem umacarga de sentidos estritamente peculiar, tendo em vista que as palavras enquantosignos revelam que a linguagem é uma condição <strong>da</strong> existência do homem e nãoum objeto, um organismo ou um sistema convencional de signos que se podeaceitar ou rejeitar: a palavra é o <strong>pr</strong>ó<strong>pr</strong>io homem, que é feito de palavras,constituindo-se a única reali<strong>da</strong>de ou, pelo menos, "o único testemunho <strong>da</strong>reali<strong>da</strong>de" (PAZ, 1982, p. 37-38).87
- Page 2 and 3:
ANTONIO DONIZETI DA CRUZé professo
- Page 4 and 5:
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO P
- Page 6 and 7:
© 2010, Antonio Donizeti da CruzRe
- Page 9:
AGRADECIMENTOS SEMPREAgradeço ao p
- Page 15:
A alegria maior da vida é colher o
- Page 19:
SIGLAS DOS LIVROS DE HELENA KOLODYP
- Page 23 and 24:
PALAVRAS PRIMEIRASHelena Kolody: a
- Page 25 and 26:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 27 and 28:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 29 and 30:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 31 and 32:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 33 and 34:
desenvolvimento da cultura brasilei
- Page 35 and 36:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 37 and 38: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 39 and 40: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 41 and 42: Feita de tortura e fel.Helena Kolod
- Page 43 and 44: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 45 and 46: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 47 and 48: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 49 and 50: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 51 and 52: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 53 and 54: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 55: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 58 and 59: Antonio Donizeti da CruzA única ju
- Page 60 and 61: Antonio Donizeti da Cruzpois, dessa
- Page 62 and 63: Antonio Donizeti da CruzJakobson co
- Page 64 and 65: Antonio Donizeti da Cruz"encantamen
- Page 66 and 67: Antonio Donizeti da Cruzmais difere
- Page 68 and 69: Antonio Donizeti da Cruza imagem co
- Page 71 and 72: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 73 and 74: A comunicabilidade na poesia kolody
- Page 75 and 76: Em “Inquietação”, o sujeito l
- Page 77 and 78: “Exílio” (SR, p. 12) é um exe
- Page 79 and 80: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 81 and 82: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 83 and 84: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 85 and 86: Chego a pensar, às vezes, comovida
- Page 87: significado das palavras, além do
- Page 91 and 92: O poema enquanto presente original
- Page 93 and 94: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 95 and 96: poético. Percebe-se que a linguage
- Page 97 and 98: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 99 and 100: A tanka “Sabedoria” (RE, p. 60)
- Page 101 and 102: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 103 and 104: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 105 and 106: O haicai intitulado “Depois” (R
- Page 107 and 108: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 109 and 110: Pode-se dizer que a "semente" é me
- Page 111 and 112: A longa mão feita de sombraE tira
- Page 113 and 114: Ao calor do interrogar-senuvens ocu
- Page 115 and 116: dando um tom de irregularidade às
- Page 117 and 118: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 119 and 120: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 121 and 122: Lembra, sem o querer, numa impress
- Page 123 and 124: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 125 and 126: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 127 and 128: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 129 and 130: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 131 and 132: CONSIDERAÇÕES FINAISHelena Kolody
- Page 133 and 134: Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 135 and 136: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASHelena
- Page 137 and 138: ATEM, Reinoldo. Panorama da poesia
- Page 139 and 140:
Helena Kolody: a poesia da inquieta
- Page 141 and 142:
JAKOBSON, Roman; POMORSKA, Kristyna
- Page 143:
ANEXOS
- Page 147:
145
- Page 151:
149
- Page 155:
153
- Page 159:
157
- Page 163:
161
- Page 167 and 168:
2PRAÇA RUI BARBOSAQuando a conheci
- Page 169:
3A PRAÇAQuando a conheci, chamava-
- Page 173:
HAIGO171
- Page 177:
175
- Page 181:
179
- Page 185 and 186:
MANEIRAS DE SERHelena KolodyOs que