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Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

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Antonio Donizeti <strong>da</strong> CruzNesses versos do poema, percebe-se o cui<strong>da</strong>do com que a poeta escolheas palavras para compor o texto, assim como o pintor que escolhe as cores parasua aquarela. Na <strong>pr</strong>imeira estrofe, o sujeito lírico refere-se à pátria de seusantepassados, com as palavras "canções eslavas", "bétula", estepe". A metáfora"memória do sangue" remete à ideia de "consangüini<strong>da</strong>de". Se há a sau<strong>da</strong>de"memorial" através do "elo" dos descendentes, na <strong>pr</strong>imeira estrofe; há também aconcretização de uma vivência, já que na segun<strong>da</strong> estrofe, o sujeito líricorefere-se ao país imigrado, em que "Crepita a alegria <strong>da</strong> pátria jovem" (p. 83), e"A alma se aquece na chama <strong>da</strong>s cores" (p. 83). Pode-se dizer que o coração doimigrante "<strong>da</strong>nça" em “ritmo sincopado", pois esse ritmo pode significar ametáfora de samba.O poema intitulado “Emigrante” (AO, p. 75) mostra a <strong>pr</strong>oblemáticavivencia<strong>da</strong> pelo emigrante que deixa sua pátria, sua terra natal, com o "coraçãodilacerado", mas com a esperança de encontrar na "nova pátria", a terra <strong>pr</strong>ometi<strong>da</strong>:EMIGRANTE1982Arfa no porto o mar.Soluça dentro <strong>da</strong>lma do emigranteo longo silvo do navio em despedi<strong>da</strong>.Treme, na lágrima de olhar,a paisagem <strong>da</strong> pátria.O apelo fascinante do maracor<strong>da</strong> seu desejo de aventura,o anseio de partirem busca duma terra <strong>pr</strong>ometi<strong>da</strong>.Quem dilacera assim,entre a sau<strong>da</strong>de e a esperança,o coração do emigrante?É a vi<strong>da</strong> ... é a vi<strong>da</strong> ... é a vi<strong>da</strong>.Na <strong>pr</strong>imeira estrofe, o emigrante, ain<strong>da</strong> em seu país, sente o soluçar do"longo silvo do escuro em despedi<strong>da</strong>./ Treme, na lágrima de olhar,/ A paisagem<strong>da</strong> pátria" (p. 75). Na segun<strong>da</strong> estrofe, o emigrante sente o "apelo fascinante domar". O mar o envolve e desperta no emigrante o desejo de aventura, de partir em"busca duma terra <strong>pr</strong>ometi<strong>da</strong>" (p. 75).O mar, na simbologia aquática, tem peculiar em<strong>pr</strong>ego por sua naturezade movimento constante. Chevalier e Gheer<strong>br</strong>ant consideram a conotação do122

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