10.07.2015 Views

Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A comunicabili<strong>da</strong>de na <strong>poesia</strong> kolodyana é essencialmente lírica, esur<strong>pr</strong>eende o leitor, quer pela intensi<strong>da</strong>de de conscientização por parte do sujeitolírico, quer pelo jogo de imagens, metáforas, palavras e versos portadores de ummundo de sentido em que o sujeito poético tenta dessacralizar as coisas, ascircunstâncias.A <strong>poesia</strong> kolodyana parece surgir como uma espécie de tradução <strong>da</strong>instabili<strong>da</strong>de interior <strong>pr</strong>ovoca<strong>da</strong> pelo desequilí<strong>br</strong>io do mundo exterior. Aopenetrar no “coração <strong>da</strong> linguagem”, <strong>Helena</strong> faz <strong>da</strong> palavra seu instrumento,a<strong>br</strong>indo, assim, múltiplas possibili<strong>da</strong>des internas <strong>da</strong> linguagem (a sonori<strong>da</strong>de, oritmo, a ambigüi<strong>da</strong>de de sentidos, as associações criativas, a organização inéditade imagens, as variações temáticas, as alegorias e símbolos), abandonandoregras e modelos, fazendo expandir seu lirismo subjetivo, inquietante. Como nosversos as seguir [<strong>da</strong> epígrafe], com fortes acentos <strong>da</strong>s palavras <strong>da</strong> <strong>inquietação</strong>:INQUIETAÇÃO DE VIVER1º versão:Inquietação de singrar,com o pulso firme no leme,os mares encapelados<strong>da</strong> vi<strong>da</strong>.2ª versão:Inquietação de singrar,com fascinado temor,os mares desconhecidosdesta vi<strong>da</strong>.<strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>: a <strong>poesia</strong> <strong>da</strong> <strong>inquietação</strong>No texto poético, observa-se uma luta incessante do eu lírico ao <strong>pr</strong>ojetarpalavras relaciona<strong>da</strong>s ao ato de singrar os “mares <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>”, para atingir um estadooriginal ao se situar frente às vicissitudes de vi<strong>da</strong> e <strong>da</strong> “<strong>inquietação</strong> de viver”.Essa luta constante do sujeito poético com as palavras é sinônimo de <strong>pr</strong>ocura ein<strong>da</strong>gação, na tentativa de refratar o ser humano como potenciali<strong>da</strong>de,transcendência e plenitude que fascina e tortura o sujeito lírico. A <strong>poesia</strong> reflete aânsia do ser e, ao mesmo tempo busca um <strong>pr</strong>eenchimento de paz,reconhecimento, poder e abandono. Se, para Octavio Paz, a <strong>poesia</strong> émetamorfose, mu<strong>da</strong>nça, operação alquímica (1982, p. 137), em <strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>,a <strong>poesia</strong> opera como exercício e método de libertação interior, de luta, resistênciae revelação <strong>da</strong> condição humana.71

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!