10.07.2015 Views

Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>: a <strong>poesia</strong> <strong>da</strong> <strong>inquietação</strong>ALQUIMIANas mãos inspira<strong>da</strong>snascem antigas palavrascom novo matiz.O poeta, inventor de formas e sentidos, é capaz de transformar empalavra "tudo o que toca". As palavras "antigas" são lapi<strong>da</strong><strong>da</strong>s pelas "mãosinspira<strong>da</strong>s" do sujeito lírico. O torneio coloquial e semântico aponta para o poderde nomeação <strong>da</strong> linguagem. A poeta é capaz de síntese perfeita, baseando-se nojogo de palavras e no seu poder de revelação, pois seu texto convi<strong>da</strong> àparticipação do leitor, com alto grau de comunicabili<strong>da</strong>de.Em “Elogio do poeta” (PI – VE, p. 30), a ideia de inspiração é associa<strong>da</strong>ao fazer poético, ou seja, ao trabalho que o escritor realiza, cuja tarefa consisteem fazer com que as palavras pesa<strong>da</strong>s e escuras tornem-se luminosas e ala<strong>da</strong>s:ELOGIO DO POETAAlvorecia a vi<strong>da</strong>E o céu <strong>da</strong> madruga<strong>da</strong> in<strong>da</strong> floria estrelas,Quando o poeta sentiu pulsar, indefini<strong>da</strong>,A <strong>pr</strong>ó<strong>pr</strong>ia inspiração.Im<strong>pr</strong>egnou seu olhar do mistério <strong>da</strong>s som<strong>br</strong>asE os olhos embebeu <strong>da</strong> clari<strong>da</strong>de astral.Penetrou o <strong>pr</strong>ofundo ignoto de si mesmoE bebeu água viva, emanação pereneDa fonte interior.Só então compôs para os homensA sua canção singular.Quando os homens viram os olhos do poeta,Acharam em sua luz a luz do <strong>pr</strong>ó<strong>pr</strong>io olharE no seu sonho o <strong>pr</strong>ó<strong>pr</strong>io sonho refletido.No ritmo do seu verso, então, reconheceramA canção que cantariam, se soubessem cantar.A "<strong>inquietação</strong>" é defini<strong>da</strong> pelo sujeito poético como uma "clari<strong>da</strong>deastral", um "pulsar" indefinido. O poeta sente-se im<strong>pr</strong>egnado ao olhar "domistério <strong>da</strong>s som<strong>br</strong>as". A figura do poeta que busca as respostas cifra<strong>da</strong>s em seumundo interior contrasta com as turbulências do mundo exterior. Ao mergulhar81

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!