10.07.2015 Views

Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

Helena Kolody: a poesia da inquietação. - Portugues.seed.pr.gov.br

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>: a <strong>poesia</strong> <strong>da</strong> <strong>inquietação</strong>CONSELHOComo o raio do sol torna um quarto risonho,Alegra o coração a eterna luz do sonho.Se as som<strong>br</strong>as do caminho esperas dissipar,Conserva dentro d'alma, eternamente ergui<strong>da</strong>,A lâmpa<strong>da</strong> de um sonho, inquieto como a vi<strong>da</strong>,Alto como o infinito, imenso como o mar.No dizer do eu lírico, “as som<strong>br</strong>as do caminho" só serão dissipa<strong>da</strong>s se forconserva<strong>da</strong> "dentro d'alma, eternamente ergui<strong>da</strong>,/ A lâmpa<strong>da</strong> de um sonho,inquieto como a vi<strong>da</strong>" (p. 42). O simbolismo <strong>da</strong> lâmpa<strong>da</strong> está ligado ao <strong>da</strong>emanação <strong>da</strong> luz. No Ocidente, a lâmpa<strong>da</strong> é como um sinal <strong>da</strong> <strong>pr</strong>esença de Deus(CHEVALIER; GHEERBRANT, 1991, p. 534-535). O sujeito lírico ressalta quesomente "a eterna luz do sonho" é que pode alegrar o coração humano.Em “a inquieta <strong>pr</strong>ocura” (SP, p. 18), na busca <strong>da</strong> escala<strong>da</strong> e na ambiçãode dominar as alturas, o eu lírico salienta:A INQUIETA PROCURAAmbicionou dominar as alturase ousou a escala<strong>da</strong>.Deixou um rastro ru<strong>br</strong>opela penedia,plantou seu estan<strong>da</strong>rtena cimeira escarpa<strong>da</strong>.E vi<strong>br</strong>ou de alegria.Deitou, depois, o olhar em torno;vislum<strong>br</strong>ou a paz dos vales.Almejou, com ânsia estranha,o repouso <strong>da</strong> esplana<strong>da</strong>.E, sem vacilar,desceu a montanha.No texto, a enunciação do eu poético assume a 3ª pessoa. ConformeSalete de Almei<strong>da</strong> Cara, o sujeito lírico sem<strong>pr</strong>e existe através <strong>da</strong>s escolhas delinguagem que o poema a<strong>pr</strong>esenta, porém, nos textos em que ocorre a ausência <strong>da</strong><strong>pr</strong>imeira pessoa, fica mais fácil notar-se que "o poeta real transforma-se emsujeito lírico" (1989, p. 48). Assim, evidencia-se tal afirmativa, visto que o textoé marcado por um lirismo contagiante e libertador, em que o eu lírico oculta-se nodiscurso poético.77

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!