483.3 Necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> transformação versus tempo disponívelUma categoria importante <strong>de</strong>tecta<strong>da</strong> nas falas dos professores é anecessi<strong>da</strong><strong>de</strong> já senti<strong>da</strong> <strong>de</strong> buscar o uso <strong>da</strong>s <strong>no</strong>vas tec<strong>no</strong>logias para transformar a maneiratradicional <strong>de</strong> ensinar <strong>Física</strong>. Esta mu<strong>da</strong>nça não aparece necessariamente como função<strong>de</strong> um recurso específico, como o uso <strong>da</strong> informática, mas como um processo necessárioe <strong>de</strong> uma dimensão maior. A informática, porém, é cita<strong>da</strong> como uma valiosa ferramentapara a implementação <strong>de</strong>sta transformação.Tanto o professor 1 quanto o professor 5 disseram que os professores emgeral não têm condições para se capacitarem, por causa <strong>da</strong> sobrecarga <strong>de</strong> trabalho a queestão submetidos. Segundo eles, falta tempo para buscar aperfeiçoamento, e osprofessores estão <strong>de</strong>smotivados para procurarem coisas <strong>no</strong>vas. Apesar disso, ambosdizem utilizar boa parte <strong>de</strong> seu tempo livre com ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa para melhorarseu trabalho.“Esses dias eu fui jantar com uns colegas e eles começaram a perguntarpara mim, por que eu, lá para a escola particular que eu trabalho, estavasempre procurando uma coisa, ou sugerindo outra, e lá para a outra escolatambém. ´Mas o que tu estás ganhando a mais com isso? Qual é o horárioque tu fazes isso?´ Eu disse: Olha, aqui em casa eu levo muita bronca,porque eu estou sempre <strong>no</strong> computador, estou sempre. Se eu tenho umahorinha disponível, já vou ali para o computador. Gasto o meu dinheiro, queeu estou pagando Internet minha, porque é <strong>de</strong> madruga<strong>da</strong>, eu vou ali. Estougastando meu dinheiro, estou per<strong>de</strong>ndo tempo <strong>de</strong> estar com a minha família.Para quê? É porque eu já senti a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça. Tenho que meatualizar nisso aí, porque eu já vi que esse aí é o caminho. Mas a maioria<strong>da</strong>s pessoas, que já estão assim mais <strong>de</strong>sgostosas, ficam pensando: Mas porquê? Eu já estou tão mal, trabalho tanto, convivo pouco com a minhafamília, qual é a vantagem que eu tenho <strong>de</strong> conviver me<strong>no</strong>s ain<strong>da</strong>? Paraquê?” (Prof. 1)Este professor <strong>de</strong>ixa claro que a questão <strong>da</strong> utilização <strong>da</strong> Internet comoferramenta auxiliar na transformação <strong>de</strong> sua prática pe<strong>da</strong>gógica é essencial, mas quefaltam condições para este uso, tendo ele gastos financeiros com o acesso à re<strong>de</strong>, eprejuízos em sua vi<strong>da</strong> familiar. Ele coloca a sua motivação pessoal para esta ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>em contraste com a <strong>de</strong>scrença <strong>da</strong> maioria dos professores, que não se sentem apoiadospara isto. O professor 5 tem uma opinião semelhante:
49“E em alguns casos a gente sabe que ain<strong>da</strong> está meio que longe <strong>da</strong> questãodo eu quero, eu vou assumir, eu vou trabalhar, eu vou enfrentar essa,porque o professor também é <strong>de</strong>smotivado. O próprio salário <strong>de</strong>le faz comque ele se <strong>de</strong>smotive. Porque se eu fizer, eu ganho tanto, se eu não fizer euganho tanto também. Então ou tu tens que ser amante realmente <strong>da</strong>quilo quetu fazes, e aí consumir as tuas <strong>no</strong>ites, o que eu faço, horas e horas e horas,ficar a madruga<strong>da</strong> to<strong>da</strong> trabalhando, até porque é o melhor horário, porquesai mais barato, porque até isso nós temos que pensar quando estamosusando o computador em casa, e aqui na escola eu não tenho tempo, [...] édifícil ter um tempo <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> escola, para ir para lá e trabalhar. Então<strong>no</strong>rmalmente eu faço em casa, <strong>no</strong> final <strong>de</strong> semana. E aí vêm aquelasquestões, tu <strong>de</strong>ixas a tua família, <strong>de</strong>ixas os teus filhos, <strong>de</strong>ixas <strong>de</strong> sair. Muitasvezes consomes todo o teu lazer, ali em cima, o teu tempo para lazer emcima do computador.” (Prof. 5)Esta fala <strong>de</strong><strong>no</strong>ta a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> que este professor sente <strong>de</strong> manter-seatualizado, e <strong>de</strong> trabalhar com o computador. Além <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s em <strong>de</strong>senvolvertrabalhos com o computador (tempo disponível, salário, custos), é aparente que asatisfação e o prazer <strong>de</strong> trabalhar com o computador entram em conflito com osentimento <strong>de</strong> culpa por abdicar <strong>de</strong> parte <strong>de</strong> seu tempo para lazer e para a família,<strong>de</strong>ixando este convívio em segundo pla<strong>no</strong>.O conflito está presente em vários pontos <strong>da</strong>s falas dos entrevistados, sejacomo uma contraposição entre a falta <strong>de</strong> tempo e a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> atualização, entre avonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> usar a informática para uma forma i<strong>no</strong>vadora e a insegurança em tentar algodiferente do que estão acostumados, ou entre a falta <strong>de</strong> esperança em uma melhora reale a sensação <strong>de</strong> que esta transformação acontecerá mais cedo ou mais tar<strong>de</strong>.O professor 6 fala <strong>de</strong> sua falta <strong>de</strong> tempo para apren<strong>de</strong>r uma <strong>no</strong>va tec<strong>no</strong>logia,a linguagem <strong>de</strong> programação Flash, volta<strong>da</strong> para a colocação <strong>de</strong> animações <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>páginas <strong>da</strong> web. Segundo ele, esta falta <strong>de</strong> tempo é causa<strong>da</strong> pela necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>complementar a ren<strong>da</strong> trabalhando em mais <strong>de</strong> um lugar, o que causa prejuízos emvárias ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s docentes fora <strong>de</strong> sala <strong>de</strong> aula. Ele diz:“Eu não tenho tempo, que eu dou aula <strong>de</strong> manhã, tar<strong>de</strong> e <strong>no</strong>ite. Teria queter um tempo exclusivo para eu apren<strong>de</strong>r o Flash. [...] Mas tem que tertempo. Tempo para apren<strong>de</strong>r o programa, tempo para exercitar o programa,e às vezes é mais fácil eu chegar e pagar para alguém, ´faz um programinhapara mim´, ´digita minha prova´, porque eu não tenho tempo. Porqueinfelizmente nós, professores, ganhando o que se ganha, temos quetrabalhar em um monte <strong>de</strong> lugares diferentes para ter mais ou me<strong>no</strong>s umaren<strong>da</strong> compatível.” (Prof. 6)
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