543.4 A <strong>de</strong>scrença nas políticas públicasUm tema recorrente nas falas dos entrevistados é a situação atual <strong>da</strong> escolapública frente à necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> integração <strong>da</strong> informática ao cotidia<strong>no</strong> <strong>de</strong> sala <strong>de</strong> aula.Todos trabalham em escola pública, e todos utilizam bastante o computador fora <strong>de</strong> sala<strong>de</strong> aula, principalmente para edição <strong>de</strong> textos; quatro <strong>de</strong>les disseram usar também aInternet para pesquisar materiais que usam em sala <strong>de</strong> aula. Apesar disso, alguns<strong>de</strong>poimentos mostram claramente <strong>de</strong>scrença com o rumo tomado pelas políticaspúblicas <strong>de</strong> implantação <strong>da</strong> <strong>Informática</strong> na Educação, como o do professor 1:“Eu acho que as políticas <strong>de</strong> <strong>Informática</strong> na Educação ain<strong>da</strong> estão muito<strong>de</strong>vagar. Tu vês <strong>de</strong> vez em quando <strong>no</strong>tícias que umas escolas receberamcomputador, mas eu acho que ain<strong>da</strong> está muito fraquinho. Até porque,muitas vezes, recebe computador e o professor ain<strong>da</strong> não se preparou. Aíentão ele vai lá e traz um professor <strong>de</strong> informática, restringe o uso e nãoaproveita todos os recursos que ele tem para oferecer. [...] Acho que isso vaimu<strong>da</strong>r só quando houver capacitação dos professores para orientar melhor.Eu acho que tem que sair por aí. Claro, que a cabeça dos dirigentes tem quemu<strong>da</strong>r.” (Prof. 1)O professor 5 também compartilha o sentimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrença na inserção <strong>da</strong>informática na Educação <strong>no</strong> contexto <strong>da</strong> escola pública, pela falta <strong>da</strong>s verbas necessáriaspara compra <strong>de</strong> equipamento, preparação <strong>de</strong> área física, qualificação <strong>de</strong> pessoal emanutenção:“Na parte pública eu não sei se vem alguma coisa. Eu estou meio <strong>de</strong>scrente,já. Porque a escola que não tem uma biblioteca atualiza<strong>da</strong> ain<strong>da</strong>, eu custo aacreditar que num passe <strong>de</strong> mágica eles vão conseguir solucionar essasoutras questões. Que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m mais <strong>de</strong> verba. [...] E mesmo que se tenha oscomputadores, e aí? E o restante? O computador em si, o que te oferece, emtermos <strong>de</strong> tu trabalhares com a Educação? Apren<strong>de</strong>r a digitar, a fazerrelatórios? Além disso, o que mais que eles po<strong>de</strong>m fazer se eu não tiver omaterial para trabalhar? [...] E além <strong>de</strong>sses todos, tem o problema <strong>de</strong>estragar o computador, tem que trocar a todo instante, porque isso é umacoisa que tem que estar sendo atualiza<strong>da</strong> sempre. E aí? Um gover<strong>no</strong>compra, aí o outro esquece, vai para outro lado. Aí vem outro, trabalha umpouco nessa área <strong>da</strong> informática <strong>de</strong> <strong>no</strong>vo, cai fora, vem outro, e as coisasvão ficando assim, e vai virando sucata. [...] E precisa <strong>de</strong> verba paramanter. E essa questão <strong>da</strong> informática eu acho, na escola pública,<strong>de</strong>sfavorável nesse sentido. Quem vai manter isso <strong>de</strong>pois?” (Prof. 5)A questão <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> manutenção foi bastante lembra<strong>da</strong> nesta fala, etrata-se realmente <strong>de</strong> um ponto importante e não raramente esquecido quando é
55montado um projeto <strong>de</strong> informatização <strong>de</strong> uma escola. O professor 2 vai mais além nacrítica e diz que não há serie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>no</strong> que diz respeito à política <strong>de</strong> melhoria naeducação, já que não há incentivo para os pontos cruciais <strong>de</strong>sta transformação, que são aqualificação dos professores e a estrutura <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>:“Não tem laboratório. Na<strong>da</strong>. Já foi pedido, já foi implorado, e não botaram,o gover<strong>no</strong> não tem verba para isso. [...] É uma coisa que revolta até. Então,eu já não acredito mais. Então, o que eu acho que <strong>de</strong>veria ser feito?Serie<strong>da</strong><strong>de</strong> na coisa. Informação para os professores, montar as escolas,instruir os professores, <strong>da</strong>r cursos para os professores, que o estado não dácursos para os professores. [...] Tem que aparelhar as escolas. Trabalharcom serie<strong>da</strong><strong>de</strong> na Educação. Dar cursos <strong>de</strong> aperfeiçoamento para osprofessores, mas não é curso com o professor trabalhando junto, que tu nãoconsegues fazer nem uma coisa nem outra. Eles <strong>de</strong>veriam liberar oprofessor. Existem cursos <strong>de</strong> especialização. Não é que não existam cursos.Existem. Mas como é que eu vou fazer um curso <strong>de</strong> especialização se eutenho que trabalhar, vinte horas corri<strong>da</strong>s <strong>no</strong> estado, e mais quarenta <strong>no</strong>utrolugar para po<strong>de</strong>r sobreviver, porque com o dinheiro do estado tu nãoconsegues sobreviver. Eu mesmo, a minha reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, eu trabalho quarentahoras aqui e vinte <strong>no</strong> estado. Eu trabalho sessenta horas por semana. Qual éo tempo que eu tenho para fazer curso <strong>de</strong> especialização? Essa é a <strong>no</strong>ssareali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Não tem tempo. E se ain<strong>da</strong>, por exemplo, dissessem assim “bom,agora esse a<strong>no</strong> o estado vai te liberar” eu pegava essas vinte horas e faziaum curso. Não, mas não po<strong>de</strong>. Não liberam. É assim.” (Prof. 2)O professor 3 foi o único a mostrar otimismo frente ao futuro <strong>da</strong> <strong>Informática</strong>Educativa <strong>no</strong> estado, baseado <strong>no</strong> trabalho dos NTE´s (Núcleos <strong>de</strong> Tec<strong>no</strong>logiaEducacional), mas também põe em dúvi<strong>da</strong> a questão <strong>da</strong> verba necessária para aimplantação dos projetos que visam colocar a <strong>Informática</strong> na escola pública:“A minha expectativa <strong>no</strong> Rio Gran<strong>de</strong> do Sul é muito boa. Se continuarassim, é muito boa. E nós somos aqui o estado pioneiro. Exatamente porisso. Criaram esses núcleos, já estamos com software livre, estamospensando em software livre, então eu acho muito boa. A expectativa é boa.Agora, vamos ver se vai ter dinheiro para isso aí. E se vai continuar o po<strong>de</strong>rpúblico a investir nisso aí, ou se vai ficar só nas boas intenções.” (Prof. 3)Um outro ponto <strong>de</strong> vista em relação ao futuro <strong>da</strong> <strong>Informática</strong> <strong>da</strong> Educação éexplicitado pelo professor 6, que sublinha o problema <strong>da</strong> <strong>de</strong>mora para aquisição <strong>de</strong>equipamentos, compara<strong>da</strong> com a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças na informática:“As políticas para a educação eu acho que vão continuar nessa investi<strong>da</strong>.Mas tem um outro porém, a política <strong>de</strong>mora muito, porque às vezes <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>do interesse <strong>de</strong> um ou <strong>de</strong> outro. Aí tanto <strong>de</strong>mora que aquele material queestá na escola vai ficar obsoleto, vai per<strong>de</strong>r a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> mercado e aívão ter que comprar tudo <strong>de</strong> <strong>no</strong>vo, aí vai mais, e <strong>da</strong>í que se aprove, tor<strong>no</strong>u-
- Page 3 and 4: RAFAEL OTTO COELHOO Uso da Informá
- Page 5 and 6: AGRADECIMENTOSAo Bernardo, pela ded
- Page 7 and 8: RESUMOA Informática Educativa cada
- Page 9 and 10: INTRODUÇÃOA Educação passa por
- Page 11 and 12: 11Pelo teor de algumas afirmações
- Page 13 and 14: 131.1 Um pouco de minha históriaNe
- Page 15 and 16: 151.2 ObjetivosExistem projetos, go
- Page 17 and 18: 17Assim, ao realizar esta pesquisa
- Page 19 and 20: 19Por estes textos, o projeto EDUCO
- Page 21 and 22: computador, se a concepção de ens
- Page 23 and 24: 23Valente explica que o problema da
- Page 25 and 26: 25Outro aspecto importante em rela
- Page 27 and 28: 272.2 Informática na EducaçãoCys
- Page 29 and 30: 29um equilíbrio entre estes aspect
- Page 31 and 32: 31“...o simples uso do computador
- Page 33 and 34: 332.3 Os possíveis usos do computa
- Page 35 and 36: 35Tratando especificamente da aplic
- Page 37 and 38: 37Dimensão 1 - Objetivos do softwa
- Page 39 and 40: 39equações. Neste caso, o computa
- Page 41 and 42: CAPÍTULO 3A INVESTIGAÇÃOA crise
- Page 43 and 44: 43formação de professores, polít
- Page 45 and 46: 453.2 A centralização do poderUma
- Page 47 and 48: 47monitores de informática (quando
- Page 49 and 50: 49“E em alguns casos a gente sabe
- Page 51 and 52: 51especialização, o Estado não l
- Page 53: perenes para o seu fazer didático.
- Page 57 and 58: CAPÍTULO 4CONCLUSÕES E COMENTÁRI
- Page 59 and 60: 59professores qualifiquem-se na ár
- Page 61 and 62: 61radical, onde um sistema é deixa
- Page 63 and 64: 63MONTARROYOS, Erivaldo e MAGNO, Wi
- Page 65 and 66: ANEXO 1 - ENTREVISTA COM O PROFESSO
- Page 67 and 68: 67Tu darias uma gama de oportunidad
- Page 69 and 70: 69Então tem que oferecer alguma co
- Page 71 and 72: estava fazendo, o que o outro estav
- Page 73 and 74: 73fazer pesquisa, que eles pudessem
- Page 75 and 76: trabalhar com o aluno mas tem dentr
- Page 77 and 78: criassem essas coisas, porque o com
- Page 79 and 80: 79como, então uma mesa para impres
- Page 81 and 82: 81ANEXO 4 - ENTREVISTA COM O PROFES
- Page 83 and 84: 83rede, um trabalho a princípio pa
- Page 85 and 86: 85interessante, tanto para os aluno
- Page 87 and 88: 87professores da UCPel, montamos o
- Page 89 and 90: Além do uso da Internet, eu tenho
- Page 91 and 92: 91aqui para nós se complicaram, po
- Page 93 and 94: daquilo. Mas eles nem entram num si
- Page 95 and 96: usar um código, uma senha para ent
- Page 97 and 98: 97O próprio aluno que fez o progra
- Page 99 and 100: 99Ao ser questionado sobre a forma
- Page 101: 101se eles podem fazer remanejo, qu