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Ro<strong>da</strong>s de ConversaIntroduçãoUm <strong>dos</strong> aspectos mais interessantes do Programa de Saúde <strong>da</strong> Família(PSF) é a mu<strong>da</strong>nça no processo de trabalho, que nos chama de voltapara o lugar de profissionais <strong>da</strong> Saúde em um tempo em que já estávamosacostuma<strong>dos</strong> a ser profissionais <strong>da</strong> doença.No modelo proposto pelo PSF, as pessoas – pacientes e profissionais– estão mergulha<strong>da</strong>s na reali<strong>da</strong>de local e nela resgatam espaços de subjetivi<strong>da</strong>deque há muito se perderam nas práticas assistenciais ancora<strong>da</strong>s nomodelo queixa-resposta médica. Nessa condição, ficam reforça<strong>dos</strong> o encontroe o vínculo, e as pessoas podem se ver <strong>com</strong>o gente que tem nome,origem, história, família, personali<strong>da</strong>de, defeitos e quali<strong>da</strong>des humanas.A quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> relação é outra, em particular no que se refere aotrabalho do agente <strong>com</strong>unitário de saúde (ACS), personagem que desponta<strong>com</strong>o elemento indispensável na lógica de atenção do PSF.No meio rural e em ci<strong>da</strong>des de pequeno e médio porte, onde o PSFacumula experiência, o agente <strong>com</strong>unitário é um membro <strong>da</strong> <strong>com</strong>uni<strong>da</strong>de,integrado à cultura local, capacitado para desenvolver ações educativase preventivas, atuando na interface <strong>dos</strong> espaços público e privado. Entretanto,nos grandes centros urbanos não é bem assim. Os aglomera<strong>dos</strong>populacionais podem não se constituir em <strong>com</strong>uni<strong>da</strong>des politicamente organiza<strong>da</strong>se, muitas vezes, são áreas de exclusão social, carentes <strong>da</strong> açãodo poder público, submeti<strong>da</strong>s ao domínio de “autori<strong>da</strong>des marginais”.Muitas vezes, o campo de trabalho do ACS é também um campo debatalha, em to<strong>dos</strong> os senti<strong>dos</strong>. Batalha contra a miséria, a doença, a ignorância,a violência, o desprezo pela vi<strong>da</strong> humana e a morte. Nesse cenário, ocotidiano do ACS – às vezes o único elo <strong>da</strong> população <strong>com</strong> o poder público– se torna carregado de tensões sociais e psíquicas que fazem parte do exercíciode sua tarefa e interferem no seu próprio bem-estar e vi<strong>da</strong> pessoal.O contato muito próximo e recorrente <strong>com</strong> situações graves de sofrimentoe degra<strong>da</strong>ção – além do fato de que temas de Saúde Mental, apesarde sua presença constante, são sempre <strong>com</strong>plexos e pouco conheci<strong>dos</strong> paraa maioria <strong>dos</strong> profissionais <strong>da</strong> Saúde que não são <strong>da</strong> área psi – tornam otrabalho ain<strong>da</strong> mais penoso.Vários estu<strong>dos</strong> <strong>com</strong> profissionais <strong>da</strong> área <strong>da</strong> Saúde têm demonstrado138cUma versão modifica<strong>da</strong> foi publica<strong>da</strong> na Physis – Revista de Saúde Coletiva, v.17, n.2, 2007

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