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VIOLÊNCIA E HUMANIZAÇÃOOs avanços médicos do século XX desenvolveram outras referências paraa patologia mental, menos apoia<strong>da</strong>s no juízo moral do <strong>com</strong>portamentodesviante e mais “científica” dentro <strong>dos</strong> princípios <strong>da</strong> Medicina moderna.Entretanto, indo de um extremo para o outro nos encontramos diante <strong>da</strong>absur<strong>da</strong> situação que nos coloca os códigos de classificação de doenças 2 ,no seu furor nosográfico que patologiza as expressões humanas em to<strong>da</strong>ssuas nuances, prestando-se muito mais aos interesses pecuniários <strong>dos</strong> segurossaúde e ao progresso <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s de psicofármacos pelas indústriasfarmacêuticas, que aos propósitos terapêuticos a que se destinariam porprincípio.Nesse sentido, a humanização na Saúde (contra a violência institucional)chama à reflexão sobre em que se apoiam nossos saberes e práticase quanto somos carrega<strong>dos</strong> por determinações sociais que imprimem interessesna nossa ativi<strong>da</strong>de.Longe <strong>da</strong> cegueira, perto <strong>da</strong> humanização“Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara”Retomo a epígrafe porque acredito que esse é o nosso movimentode escolha.Pensar a humanização, sob o ponto de vista que adotei neste trabalho,diz respeito a pensar em que contexto sociocultural se engendram aspatologias e as práticas de saúde <strong>da</strong>s quais somos agentes.Vivemos numa socie<strong>da</strong>de <strong>com</strong>plexa 10 , que, entre outros aspectos, secaracteriza pela veloci<strong>da</strong>de e profusão de informações, superficiali<strong>da</strong>de<strong>da</strong>s relações afetivas e desarticulação <strong>dos</strong> universos simbólicos que tecema malha de apoio social do indivíduo no coletivo. Preconiza-se o livreacesso aos bens de consumo sem que se forneçam democraticamente osmeios práticos para o seu alcance. Exaltam-se o individualismo, a <strong>com</strong>petitivi<strong>da</strong>dee o sucesso pessoal à custa <strong>da</strong> neutralização <strong>da</strong>s diferenças e oa<strong>com</strong>o<strong>da</strong>mento a modelos idealiza<strong>dos</strong> de bem-estar e prazer que limitamexpressões diversas <strong>da</strong>s subjetivi<strong>da</strong>des e não são possíveis a to<strong>dos</strong>.Nesse meio, as patologias e principalmente as mentais reproduzemno cenário <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> priva<strong>da</strong> o modo de funcionamento social sustentado nacontradição, alienação, isolamento e angústia.34

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