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HUMANIZAÇÃO: A ESSÊNCIA DA AÇÃO TÉCNICA E ÉTICA NAS PRÁTICAS DE SAÚDENa área <strong>da</strong> Saúde, a violência institucional decorre de relações sociaismarca<strong>da</strong>s pela sujeição <strong>dos</strong> indivíduos. Historicamente, a organizaçãohierárquica do hospital do século XIX foi uma importante estratégia<strong>da</strong> Medicina <strong>da</strong> época moderna 14 para o desenvolvimento <strong>da</strong> clínica e <strong>da</strong>tecnologia médica. Aumentou o acesso <strong>da</strong> população ao atendimento epropiciou grandes avanços técnicos. Entretanto, junto a esses progressos,também se engendraram situações que tornaram o hospital lugar de sofrimento15 . O não reconhecimento <strong>da</strong>s subjetivi<strong>da</strong>des envolvi<strong>da</strong>s nas práticasassistenciais no interior de uma estrutura caracteriza<strong>da</strong> pela rigidez hierárquica,controle, ausência de direito ou recurso <strong>da</strong>s decisões superiores,forma de circulação <strong>da</strong> <strong>com</strong>unicação apenas descendente, descaso pelosaspectos humanísticos, e disciplina autoritária, fizeram do hospital umlugar onde as pessoas são trata<strong>da</strong>s <strong>com</strong>o coisas e prevalece o desrespeito àsua autonomia e a falta de soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de 15 .A própria organização científica do trabalho (fortemente presentena área <strong>da</strong> Saúde) fragmenta o processo que vai do início ao fim <strong>da</strong> produção,seja de bens, seja de serviços, deixando ca<strong>da</strong> etapa do processo acargo de um grupo de trabalhadores que acaba tendo apenas a visão <strong>da</strong>parte que lhe cabe e não do todo. Essa estratégia agiliza e multiplica o resultado,entretanto cria um estado de alienação em relação à importânciade ca<strong>da</strong> um para a realização <strong>com</strong>pleta <strong>da</strong> tarefa que, na área <strong>da</strong> Saúde,tem <strong>com</strong>o consequência a naturalização do sofrimento e a diminuição do<strong>com</strong>promisso e <strong>da</strong> responsabili<strong>da</strong>de na produção <strong>da</strong> saúde.Desenha-se, assim, um cenário social e institucional, em que a faltade sensibili<strong>da</strong>de e de valores humanísticos abre espaço para que o <strong>com</strong>portamentoviolento (expresso em atos de brutali<strong>da</strong>de explícita ou sofistica<strong>dos</strong>disfarces <strong>da</strong> intolerância e do desprezo) passe a ser a norma e nãoa exceção.Outro fator que contribui para esse estado de coisas é a medicalizaçãodo viver humano. Inicialmente, a medicalização se referia à transformaçãode problemas sociais em problemas de saúde. Por exemplo: antes deencarnar no corpo, a fome é um problema <strong>da</strong> pobreza ou <strong>da</strong> educação, depoisde um tempo vira desnutrição. Combater a fome é diferente de tratara desnutrição do ponto de vista social (uma coisa é <strong>da</strong>r atenção à Saúde,13

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