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Na(rra)ção satírica e humorística: Uma leitura da obra narrativa de ...

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Marta <strong>de</strong> Oliveira124Este <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ser on<strong>da</strong> metaforiza a viagem para o sonho. Tal comoa on<strong>da</strong> que se <strong>de</strong>sfaz, para renascer momentos <strong>de</strong>pois, também o renascimento<strong>de</strong> Angola <strong>de</strong>verá constituir a <strong>de</strong>man<strong>da</strong> dos futuros agentes activos<strong>da</strong> te<strong>rra</strong> (os miúdos, na sua natureza pura e inocente), que “semcor<strong>da</strong> que ama<strong>rra</strong>”, numa dimensão on<strong>de</strong> a pe<strong>da</strong>gogia <strong>de</strong> luta será livre,pacífica e harmoniosa, construirão uma Angola <strong>de</strong>sprovi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s práticascritica<strong>da</strong>s na <strong>obra</strong>.Da mesma forma que os miúdos <strong>de</strong> Quem me <strong>de</strong>ra ser on<strong>da</strong> ence<strong>rra</strong>mem si a esperança <strong>de</strong> um futuro, em Crónica <strong>de</strong> um mujimbo, os sobrinhos<strong>de</strong> Feijó seguem esta mesma linha, apesar <strong>de</strong> não serem tão importantespara a intriga, como os primeiros, o autor serve-se <strong>da</strong> crítica <strong>de</strong>stes, típica<strong>da</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>, para os transformar, à semelhança <strong>de</strong> Beto, Ruca e Zeca, emapologistas <strong>de</strong> uma causa, cujos efeitos não são imediatamente visíveis.Outros exemplos <strong>de</strong> crianças, que cativam na sua singeleza, quelutam pela sobrevivência, que mostram a humil<strong>da</strong><strong>de</strong> e autentici<strong>da</strong><strong>de</strong> doseu carácter, e que, regra geral, se opõem aos adultos insensíveis, estãopresentes nas inúmeras páginas, que constituem a <strong>obra</strong> do autor.Kalakata, “o rei dos papagaios”, acredita na utopia e fraterni<strong>da</strong><strong>de</strong>para ver, no final do conto, o seu sentido <strong>de</strong> justiça abalado pelo pai dosmiúdos, a quem construíra dois bonitos papagaios, este em vez <strong>de</strong> o aju<strong>da</strong>r,socorrendo-o dos “matulões” que o atacavam, ignorou-o e virou-lheas costas (“O rei dos papagaios”, 1 Morto & Os Vivos).A “doce” Nélinha, com os seus olhos “gran<strong>da</strong>lhões <strong>de</strong> euforia”, <strong>de</strong>spertando“carinho”, ven<strong>de</strong> jinguba, junto a um esgoto a céu aberto, emcartuchos “do seu ca<strong>de</strong>rno analfabeto” (Da palma <strong>da</strong> mão).O miúdo do “conto <strong>de</strong> natal” aju<strong>da</strong> as tias nas compras e transforma-seno “padrinho <strong>de</strong> <strong>Na</strong>tal” <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>las, presenteando-a com “doissabonetes” e uma “pasta <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes” (“O padrinho <strong>de</strong> <strong>Na</strong>tal”, Da palma<strong>da</strong> mão).A neta <strong>da</strong> ven<strong>de</strong>dora, que honesta e integramente, entrega o troco<strong>da</strong> avó ao advogado, visto que a avó se enganara no mesmo em <strong>de</strong>trimentodo advogado. Consequentemente aquela vai restituir o dinheiro,conforme a avô lhe solicitara. Em contraparti<strong>da</strong>, o advogado quer presenteá-lacom uma nota, mas a menina recusa (“O troco”, Da palma <strong>da</strong>E-book CEAUP 2007

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