19.08.2015 Views

Na(rra)ção satírica e humorística: Uma leitura da obra narrativa de ...

Na(rra)ção satírica e humorística: Uma leitura da obra narrativa de ...

Na(rra)ção satírica e humorística: Uma leitura da obra narrativa de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Marta <strong>de</strong> Oliveirase<strong>da</strong> sedosa nas bolinhas pequenas brancas sobre o preto acetinado e meiotransparente...”.(p. 57)Manuel Rui <strong>de</strong>staca que nesta <strong>obra</strong> estamos perante uma “burguesiajá instala<strong>da</strong> no po<strong>de</strong>r, com uma segun<strong>da</strong> mulher, um segundo carro...”.A <strong>leitura</strong> que acabamos por fazer <strong>de</strong>sta personagem, dos seus contactose hábitos, é uma <strong>leitura</strong> que sanciona ou reprova as condutas <strong>de</strong>nuncia<strong>da</strong>s.De facto, Dona Vaca assumirá a “legali<strong>da</strong><strong>de</strong>” do comba, implementando-oem sua casa. Será a partir <strong>de</strong>ssa cerimónia que o leitor conhecefiguras caricatas <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.O ritual segue a tradição: comi<strong>da</strong>, bebi<strong>da</strong> e “mulheres mais velhas”vesti<strong>da</strong>s <strong>de</strong> preto que “<strong>de</strong>satavam numa chora<strong>de</strong>ira canta<strong>da</strong>, em ro<strong>da</strong>,com uma <strong>de</strong>las no meio a xinguilar” (p. 59).Repare-se que a função do choro é atribuí<strong>da</strong> à mulher. Manuel Ruiretoma a temática em Rioseco, nomea<strong>da</strong>mente através <strong>de</strong> Noíto, quandoesta reivindica, não só para si, mas para a mulher, o choro, como algo <strong>de</strong>intrínseco e tradicional (229) .O autor versa ain<strong>da</strong> os problemas sociais, que dão conta do <strong>de</strong>sajustesocial. Dona Vaca consegue material ilicitamente, através <strong>de</strong> um “amigodo ministério”; obtendo assim o seu nível <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> elevado:“On<strong>de</strong> é que conseguiu logo quatro [ventoinhas]?No mercado é que nem pensar. Um amigo do ministério do comércio”.(p. 66)96“Tenho bomba, filha, não ouviu a bomba a assobiar. Bomba e quatro<strong>de</strong>pósitos. Nunca me faltou água nem luz. O gerador dá para tudo, até osares condicionados”.(p. 67)O “comba” transformar-se-ia num sucesso na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> e mesmo no estrangeiro,o luxo, a bebi<strong>da</strong>, a comi<strong>da</strong>, a música, as pessoas anima<strong>da</strong>s e aorganização nas tarefas transformavam esta cerimónia no acontecimentosocial <strong>da</strong> altura:229Noíto afirma: “Casa on<strong>de</strong> há mulher é ela que chora”.E-book CEAUP 2007

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!