19.08.2015 Views

Na(rra)ção satírica e humorística: Uma leitura da obra narrativa de ...

Na(rra)ção satírica e humorística: Uma leitura da obra narrativa de ...

Na(rra)ção satírica e humorística: Uma leitura da obra narrativa de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Na</strong>(<strong>rra</strong>)ção satírica e humorística: uma <strong>leitura</strong> <strong>da</strong> <strong>obra</strong> na<strong>rra</strong>tiva <strong>de</strong> Manuel RuiMais tar<strong>de</strong> confessaria o seu afastamento dos amigos influentes, istoporque:“Alguns podiam pensar que um gajo an<strong>da</strong> a rastejar, outros estão semprereunidos, outros man<strong>da</strong>m dizer que não estão e a gente a vê-los, outrosman<strong>da</strong>m esperar três horas. Eu não estou pra isso e é melhor, assim nãoestrago a amiza<strong>de</strong>”.(pp. 30-31)Somos ain<strong>da</strong> confrontados com o marasmo no trabalho <strong>de</strong> escritório:“Lun<strong>da</strong>mo sentado à secretária. Ca<strong>de</strong>ira giratória. Marcadores azul,ver<strong>de</strong>, roxo, amarelo e castanho. Sempre a <strong>de</strong>senhar i<strong>de</strong>ias no papel e a afastar,<strong>de</strong> vez em quando, as bafora<strong>da</strong>s dos cigarros <strong>de</strong> Adérito. Fecha o roxo.Abre o amarelo. Adérito a esmagar beata no cinzeiro”.(p. 35)“Adérito a ensaiar bolinhas <strong>de</strong> fumo e a <strong>de</strong>sconseguir no treme treme einsegurança nos lábios”.(p. 40)Manuel Rui consi<strong>de</strong>ra Feijó: “um alienado a tudo, não só ao mundoeuropeu, mas também aquilo que implica as viagens, o ser burguês, odinheiro (...)” (207) .Desta forma, vamos <strong>de</strong>senhando um quadro <strong>de</strong> personagens que levantamquestões liga<strong>da</strong>s à idiossincrasia <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> angolana, pauta<strong>da</strong>por um regime <strong>de</strong> partido único, on<strong>de</strong> a corrupção e o novo riquismoganham forma/expressão. Os vários ambientes e episódios ilustram omodo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> angolana.A <strong>obra</strong> parece-nos indicar que a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil angolana mantémain<strong>da</strong> uma capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> autonomia e abertura, que é a que <strong>de</strong>corre <strong>da</strong>orali<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>da</strong> memória, enfim, dos seus estratos tradicionais.Com efeito, não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> referir a importância <strong>da</strong> palavrano contexto africano. Neste caso, o “mujimbo” reitera este aspecto.85207Op. cit. Entrevista em anexo, p. 167.2007 E-BOOK CEAUP

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!