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Na(rra)ção satírica e humorística: Uma leitura da obra narrativa de ...

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<strong>Na</strong>(<strong>rra</strong>)ção satírica e humorística: uma <strong>leitura</strong> <strong>da</strong> <strong>obra</strong> na<strong>rra</strong>tiva <strong>de</strong> Manuel RuiEpstein (Op. cit. Cunha: 2004) (311) <strong>de</strong>staca uma série <strong>de</strong> exemplos literários,a que <strong>de</strong>nomina “estética <strong>de</strong> sucessão, rapi<strong>de</strong>z mental, sugestãoe proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>” e que permitem uma analogia pertinente entre a literaturae o cinema. Ora, o excerto que transcrevemos <strong>de</strong>staca precisamenteestes aspectos <strong>de</strong>stacados por Epstein (i<strong>de</strong>m), nomea<strong>da</strong>mente, no efeito<strong>de</strong> simultanei<strong>da</strong><strong>de</strong> produzido, assim como na sucessão <strong>de</strong>scritiva dosfactos na<strong>rra</strong>dos.A visão <strong>de</strong> cineasta é possibilita<strong>da</strong> ao longo <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a <strong>obra</strong>, em alusãoa esta afirmação, tome-se outro exemplo – a <strong>de</strong>scrição do cortejo:“Os batedores <strong>da</strong> polícia iam à frente. Motos <strong>de</strong>vagar, só um pouco acimado ralanti. Luzes intermitentes mais uma sirene que controlava, à distância,qualquer hipótese <strong>de</strong> cruzamento <strong>de</strong> trânsito. Nessa or<strong>de</strong>m e disciplina doscarros an<strong>da</strong>rem, lentamente, seguindo a varredura dos batedores, o cortejoa chegar às portas do cemitério. <strong>Na</strong> imediação já a encontravam muitosautomóveis e uma caterva <strong>de</strong> gente, amontoa<strong>da</strong> em antecipação, na oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> entrarem primeiro no cemitério, antes <strong>da</strong>queles que vinham nocortejo. <strong>Na</strong>s roupas predominavam cores escuras, principalmente entre asmulheres, algumas sustentando ramos ou pequenas coroas <strong>de</strong> flores.Ouvia-se o abrir e fechar <strong>da</strong>s portas dos automóveis chegados nas primeirasposições <strong>da</strong> fila. Os ruídos dos sapatos sob a calça<strong>da</strong> <strong>de</strong> pedra. Ca<strong>da</strong>um procurando an<strong>da</strong>r mais <strong>de</strong>pressa, mas sem correr, na tentativa <strong>de</strong> alcançar,entre os primeiros, os portões, já <strong>de</strong>sce<strong>rra</strong>dos, do cemitério”.(p. 42)Neste excerto, à semelhança do anterior, como que provido <strong>de</strong> umalente minuciosa, o na<strong>rra</strong>dor <strong>de</strong>screve o cortejo fúnebre. O “ângulo <strong>da</strong>sfilmagens” revela uma panorâmica do funeral.Destaque-se novamente o predomínio <strong>da</strong> coor<strong>de</strong>nação sindética,numa fluência <strong>de</strong> ritmo rápido. Para além do ritmo, existe a cor (nívelvisual) “luzes intermitentes”, “escuras”, “flores”; o som (nível auditivo)“sirenes”, “motos”, “carros”, “gente”, “abrir e fechar <strong>da</strong>s portas”, “ruídodos sapatos”; o movimento (níveis visual e auditivo) “motos <strong>de</strong>vagar”,“carros [a an<strong>da</strong>r]lentamente”; “ca<strong>da</strong> um procurando an<strong>da</strong>r mais <strong>de</strong>-147311Cunha, João Manuel Santos, “Literatura e cinema”, 2004, in http//www.oolho<strong>da</strong>historia.ufba.br.Acesso em Agosto <strong>de</strong> 2006.2007 E-BOOK CEAUP

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